segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sugestões para a homilia - 5º Domingo do Tempo Comum - Ano B - 5/2/12

1. O sofrimento não é criação divina.
2. A gravidade do pecado.
3. A nossa atitude perante o sofrimento.

1. O sofrimento não é criação divina.

Deus, que é Amor, fonte e origem de toda a bondade, beleza e perfeição, criou-nos à Sua imageme semelhança. Fomos criados por amor e para a felicidade. Como pois compreender a origem do sofrimento, a que Job se refere tão dramaticamente, e que a todos atinge? Deus, na Sua bondade, quis criar-nos livres e como tais, conscientes.
Os nossos primeiros pais envaidecidos com os dotes maravilhosos que possuíam, não souberam usar a liberdade que Deus, tão generosamente lhes tinha concedido. Obcecados pelo orgulho, duvidaram da Bondade e do Amor do Criador. Por momentos acreditaram mais no demónio, pai da mentira. Esta opção voluntária,afastou-os de Deus e, consequentemente, da verdadeira felicidade. Longe dessa fonte bendita, quantas lágrimas se derramaram, quanto sangue fratricida se verteu, quantas guerras, quanto sofrimento, quanto atraso social veio, ao longo dos séculos, causar!Não há dúvida. O sofrimento foi e continua a ser causado, pelos passos errados, percorridos voluntária, orgulhosa e cegamente pelos homens. Só o homem é verdadeiramente causador de tanta desgraça.

2. A gravidade do pecado.
O pecado é uma ofensa a Deus, revelando pouca ou nenhuma confiança no Senhor. E como a gravidade de qualquer ofensa se mede pela pessoa ofendida e aqui o atingido é o próprio Deus, o omnipotente, o infinito, logo a sua gravidade se reveste de algo com dimensões infinitas também.
O mais dramático ainda é que a reparação de tanta maldade, não estava dentro das possibilidades humanas, pois, por maiores que tais pudessem ser, porque humanas, eram sempre limitadas, ficavam muito aquém do que a justiça divina, como tal, exige. Só um Deus pode reparar o mesmo Deus. Por isso, Deus-Pai, envia à Terra, o Seu Filho, o Verbo eterno, permitindo a Sua incarnação no Ventre Puríssimo de Nossa Senhora, para se fazer Homem também. Jesus, filho da Virgem Maria é assim Deus e Homem verdadeiro, e como tal, em nosso nome, satisfez com a Sua paixão e morte na cruz, pelos pecados de toda a humanidade.
Vemos assim que a gravidade do pecado, não se mede só pelo sofrimento causado nos homens, ao longo dos séculos, mas mais ainda pela impensável humilhação da incarnação, paixão e morte do próprio Filho de Deus.

3. A nossa atitude perante o sofrimento.

Conhecedores de tão trágicas consequências do pecado, resta-nos estar vigilantes, como Jesus insistentemente nos pediu, para fugir dos caminhos errados da vida. Tais caminhos nefastos, são todos aqueles que estão contra a vontade do Senhor, expressa nos Seus mandamentos e impressa na consciência rectamente formada, de cada um.
Como S. Paulo, não podemos ficar indiferentes, diante de tais dramas, vividos e provocados pelos pecados dos homens. «Ai de mim se não anunciar o Evangelho!» «Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, é uma obrigação que me foi imposta». «Livre como sou em relação a todos, de todos me fiz escravo, para ganhar o maior número possível». Assim se expressa o Apóstolo.
As injustiças sociais, os caminhos errados que levam tantos jovens e adultos, percorrendo vidas dissolutas, as uniões de facto, as infidelidades conjugais, a não aceitação dos filhos, o recurso a meios anticonceptivos artificiais, o crime hediondo do aborto, os filmes, revistas e jornais indecorosos, são outros tantos caminhos errados causadores de lágrimas, sofrimento e retrocesso social.
Quando os homens se afastam dos caminhos do Evangelho e do Magistério autêntico da Igreja fundada por Jesus, perdem facilmente a luz da fé, e, sem essa luz bendita, enveredam pela noite do egoísmo, da autodestruição. Pobre Europa e pobre mundo, se não acorda para Deus, que o pode e quer salvar!
No Evangelho, vemos Jesus a curar e a apontar caminhos que importa saibamos também percorrer para sermos instrumentos válidos de curas também. Jesus aproxima-se da sogra de Pedro e cura-a. Como Ele, também nos devemos saber aproximar de quem sofre e de quem anda longe dos caminhos da verdadeira felicidade. Muitas conversões passam por uma conversa pessoal, amiga, compreensiva, fraterna, com quem de tal atenção, carinho e ajuda, está a precisar.
Depois de tantas curas operadas, Jesus, naquela tarde, afasta-se para orar. É à oração que todos podemos e devemos constantemente recorrer. Na oração, que nos leva a um contacto mais íntimo com o Senhor, compreenderemos melhor o porquê do sofrimento, o seu valor corredentor, e os caminhos que devemos seguir para a conversão dos pecadores, nossos irmãos. «Vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas», nos garantiu em Fátima, Nossa Senhora.
Perante tanto sofrimento e tanto pecado, não podemos ficar indiferentes. Que o Senhor nos dê a graça de sermos instrumentos válidos de conversão, para que todos, sem excepção, definitivamente possam «louvar o Senhor que salva os corações atribulados.»

Fala o Santo Padre
«O Senhor dá-nos a sua mão, levanta-nos e cura-nos. E faz isto em todos os séculos.»
O Evangelho que agora ouvimos começa com um episódio muito simpático, muito bonito mas também cheio de significado. O Senhor vai à casa de Simão Pedro e André e encontra a sogra de Pedro doente com febre; toma-a pela mão, ajuda-a a levantar-se e a mulher está curada e começa a servir. Neste episódio sobressai simbolicamente toda a missão de Jesus. Jesus vindo do Pai vai à casa da humanidade, na nossa terra, e encontra uma humanidade doente, doente com febre, com aquela febre que são as ideologias, as idolatrias, o esquecimento de Deus. O Senhor dá-nos a sua mão, levanta-nos e cura-nos. E faz isto em todos os séculos; pega-nos pela mão com a sua palavra, e assim dissipa a obscuridade das ideologias, das idolatrias. Toma a nossa mão nos sacramentos, cura-nos da febre das nossas paixões e dos nossos pecados mediante a absolvição no sacramento da reconciliação. Dá-nos a capacidade de nos erguermos, de estarmos de pé diante de Deus e diante dos homens. E precisamente com este conteúdo da liturgia dominical o Senhor encontra-se connosco, guia-nos pela mão, eleva-nos e cura-nos sempre de novo com o dom da sua palavra, com o dom de si mesmo. […]

Bento XVI, Vaticano, 5 de Fevereiro de 2006

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