quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

* Nossa mensagem do Fim do Ano de 2014

Estimado professor, querida professora, prezados cibernautas:
A circulação global e instantânea da informação leva-nos hoje a ser mais conscientes do sofrimento que há no mundo e dos problemas da humanidade.
Alguns exemplos:
- a pobreza de milhões de pessoas que não conhecem outra realidade a não ser o sofrimento e a exploração.
- a enorme pobreza de não conhecer Cristo, um fato que, segundo Madre Teresa de Calcutá, é "a primeira pobreza dos povos", e da qual não se livra nenhum canto da terra.
- as guerras, as injustiças e as "estruturas de pecado" que podem parecer inevitáveis e impossíveis de erradicar do mundo complexo em que vivemos.
- a agressão à vida da concepção até seu fim natural.
- a crise da família, insubstituível célula básica de uma sociedade sadia e próspera.
- o relativismo cultural e moral que faz perder o sentido da busca e da existência da verdade.
- a desequilibrada e míope relação com a natureza, às vezes explorada de forma selvagem, às vezes "idolatrada" e paradoxalmente objeto de uma atenção maior do que a reservada ao ser humano.
- os que sofrem enfermidades.
- um desenvolvimento científico e tecnológico que tenta avançar a qualquer custo.
- os que ainda morrem mártires em muitos lugares do mundo por testemunhar e levar Cristo.
- a agressividade, a hostilidade e a censura em relação ao Papa e à Igreja no anúncio da mensagem de verdade e amor do Evangelho.
- a crise econômica que ainda atinge países inteiros e parecer esconder os horizontes de esperança a tantas pessoas.
Frente a tudo isso, nós, como cristãos, como nos situamos?
Como ensina a ‘Gaudium et Spes’, o mundo nos apresenta motivos de tristeza, mas também de alegria e esperança. Há sementes de vida, verdade e amor, muitas vezes silenciosas, que as pessoas de boa vontade cultivam em todos os cantos, construindo o Reino de Deus.
Que haja perseguições, problemas, sofrimentos e injustiças é muito triste, e isso toca a sensibilidade humana. Mas são fatos, e cada época deve enfrentar e superar seus graves problemas. A nós corresponde enfrentar os de hoje!
Estamos convencidos de que hoje faz falta fortalecer uma grande mensagem de esperança! Uma mensagem na qual todos os homens possam sentir-se unidos numa grande missão de desenvolvimento, amor e solidariedade.
É a mensagem que uma multidão de homens e mulheres de boa vontade não cansa de anunciar pelo mundo, assim como a Igreja, o Santo Padre e os cristãos que tentam pôr em prática o Evangelho.
A grande mensagem de esperança é o próprio Cristo!
A mensagem e a experiência de Cristo são o maior dom que existe. A partir dessa experiência fundadora tudo pode advir: a paz, a justiça, o amor, o crescimento humano e espiritual das pessoas e de sociedades inteiras.
Como se poderá difundir esta mensagem se não houver quem anuncie?
Esta é a missão dos Professores Católicos. É a nossa missão!
É verdade que vivemos muitas dificuldades, mas também é verdade que, justamente onde há degradação e vazio de valores, os homens têm grande sede de Cristo e de seu ensinamento. E, ao mesmo tempo, o mundo de hoje oferece muitas oportunidades!
Queremos utilizar do modo mais eficaz possível os instrumentos que a tecnologia oferece para difundir a mensagem do Papa, da Igreja, dos cristãos e dos homens de boa vontade.
Frente aos desafios que temos diante de nós, queremos ser protagonistas.
Seguramente você já é um protagonista com seu trabalho e sacrifício cotidiano. No ano que vem nós  lhe propomos ser protagonista acrescentando algo ao que já faz:
Seja feliz em 2015, fazendo os outros felizes... 
Votos da Associação dos Professores católicos de Cabo Verde (APC-CV)
* (Adaptado da mensagem da ZENIT.ORG)

Santo do dia 31 de dezembro: São Silvestre

     Embora seu nome se confunda com a própria história da corrida de rua mais famosa do País, poucas pessoas sabem quem foi o santo, cuja festa acontece no último dia do ano. Natural de Roma, São Silvestre foi papa e governou a Igreja de 314 a 355 d.C, ano em que morreu, exatamente no dia 31 de dezembro. A Igreja Católica escolheu esta data para canonizá-lo.
     Em seu pontificado, São Silvestre estabeleceu novas bases doutrinais e disciplinares colocando a Igreja em um novo contexto social e político. Ocorreu o entrosamento entre o clero e o Estado. Com o Edito de Milão, o cristianismo passou a ser a religião oficial do Império Romano, na época governado por Constantino Magno. Com essa aliança, os cristãos puderam professar abertamente sua crença e a Igreja saiu de um período de perseguição que já se arrastava por 300 anos.
     Uma das grandes realizações do papa Silvestre foi o concílio ecumênico de Nicéia, em 325, que definiu a divindade de Cristo. O curioso é que a assembleia foi convocado pelo próprio Constantino, o que mostra sua influência nos assuntos eclesiásticos. Foram elaborados ainda os de Arles e Ancira. São Silvestre foi um dos primeiros santos não-mártires cultuados pela Igreja. Ele é lembrado por promover a renovação do espírito e como protetor dos seguidores mais fiéis de Cristo.
     Os feitos do santo do último dia do ano em defesa da fé não param por aí. Com a ajuda do imperador, São Silvestre construiu as basílicas de São Pedro sobre o túmulo do apóstolo, a Lateranense - que se tornou a residência dos papas - e a de São Paulo.
     Existem apenas três paróquias dedicadas a São Silvestre no Brasil. A maior delas está localizada no distrito de São Silvestre, que faz parte de Jacareí, no Vale do Paraíba (SP); as outras ficam em Viçosa (MG) e Maringá (PR).
Em Cabo Verde, infelizmente o santo é conhecido apenas pelo nome que é atribuído às várias Corridas de S. Silvestre.

Prece da esperança pela vida nova

Deus, nosso Pai, hoje é o último dia do ano. Nós vos agradecemos todas as graças que nos concedestes através dos vossos santos. E hoje pedimos a São Silvestre que interceda a vós por nós! Perdoai as nossas faltas, o nosso pecado e dai-nos a graça da contínua conversão.
Renovai as nossas esperanças, fortalecei a nossa fé, abri a nossa mente e os nossos corações, não nos deixeis acomodar em nossas posições conquistadas, mas, como povo peregrino, caminhemos sem cessar rumo aos Novos Céus e à Nova Terra a nós prometidos. Senhor, Deus nosso Pai, que o Vosso Espírito Santo, o Dom de Jesus Ressuscitado, nos mova e nos faça clamar hoje e sempre “Abba! Pai!”
Venha a nós o vosso Reino de paz e de justiça. Renovai a face da Terra, criai no homem um coração novo!

Liturgia do último dia do ano: 31 de dezembro de 2014



Quarta-feira, 31 de Dezembro de 2014.
Santo do dia: São Silvestre I, Papa; Beato Alano de Solminihac, Bispo
Cor litúrgica: branco

Primeira leitura: São João 2, 18-21
Leitura da primeira carta de São João:
18Filhinhos, esta é a última hora. Ouvistes dizer que o Anticristo virá. Com efeito, muitos anticristos já apareceram. Por isso, sabemos que chegou a última hora. 19Eles saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos, pois se fossem realmente dos nossos, teriam permanecido conosco. Mas era necessário ficar claro que nem todos são dos nossos. 20Vós já recebestes a unção do Santo, e todos tendes conhecimento. 21Se eu vos escrevi, não é porque ignorais a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira provém da verdade.

- Palavra do Senhor
- Graças a Deus
Salmo 95 (96)
— Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei seu santo nome! Dia após dia anunciai sua salvação.
R: O céu se rejubile e exulte a terra!

— O céu se rejubile e exulte a terra, aplauda o mar com o que vive em suas águas; os campos com seus frutos rejubilem e exultem as florestas e as matas.
R: O céu se rejubile e exulte a terra!

— Na presença do Senhor, pois ele vem, porque vem para julgar a terra inteira. Governará o mundo todo com justiça, e os povos julgará com lealdade.
R: O céu se rejubile e exulte a terra!
Evangelho de Jesus Cristo segundo São João 1, 1-18
- Aleluia, Aleluia, Aleluia!
- A Palavra se fez carne, entre nós ela habitou; e todos os que a acolheram, de Deus filhos se tornaram (Jo 1, 14.12)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João:
1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2No princípio, estava ela com Deus.3Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. 4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens.5E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. 6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano. 10A Palavra estava no mundo – e o mundo foi feito por meio dela – mas o mundo não quis conhecê-la. 11Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. 12Mas, a todos os que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornar filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, 13pois estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo. 14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade. 15Dele, João dá testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”. 16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. 17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. 18A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.
— Palavra da Salvação
— Glória a vós, Senhor
Comentário do dia por Beato John Henry Newman (1801-1890)
Presbítero, Fundador do Oratório em Inglaterra
Sermão «A Encarnação», PPS, t. 2, n°3

«E o Verbo fez-Se carne»
O Verbo era, desde a origem, o Filho Unigénito de Deus. Antes de os mundos terem sido criados, antes mesmo de o tempo existir, já Ele existia no seio do Pai eterno, Deus de Deus e Luz de Luz, sumamente bendito no conhecimento que tinha do Pai e no conhecimento que o Pai tinha dele, recebendo dele todas as perfeições divinas, mas sempre uno com Aquele que O tinha engendrado. Como está escrito no início do Evangelho: «No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus.» […]
Na verdade, quando o homem caiu, Ele poderia ter permanecido na glória que tinha com o Pai antes da criação do mundo. Mas o amor insondável que se revelara na origem da nossa criação, insatisfeito ao ver a sua obra arruinada, fê-Lo descer do seio do Pai para cumprir a sua vontade e reparar o mal de que o pecado era a causa. Com indulgência admirável, já não veio revestido de poder mas de fraqueza, sob a forma de um servo, sob a aparência do homem caído que vinha levantar. Assim humilhou-Se, sofrendo todas as enfermidades da nossa natureza, com uma carne semelhante à nossa carne pecadora, semelhante ao pecador com excepção do pecado, puro de todo o erro mas submetido a toda a tentação e no fim «obediente até à morte e morte de cruz» (Fil 2,8). […]
Deste modo, o Filho de Deus tornou-Se Filho do homem — mortal, mas não pecador; herdeiro das nossas enfermidades, mas não dos nossos erros; descendente da antiga raça, mas «princípio da nova criação de Deus» (cf Ap 3,14). Maria, sua Mãe […], foi escolhida para dar uma natureza criada Àquele que era o seu Criador. Assim, Ele não veio a este mundo sobre as nuvens do céu, mas nascido aqui em baixo, nascido de uma mulher: Ele, o Filho de Maria, e Ela, a Mãe de Deus. […] Era verdadeiramente Deus e homem, mas era uma só pessoa […], um só Cristo.
 Fonte: www.arautos.org

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Liturgia diária: 30 de dezembro de 2014

Terça-feira, 30 de Dezembro de 2014.
Santo do dia: São Félix, Papa
Cor litúrgica: branco
Primeira leitura: São João 2, 12-17
Leitura da primeira carta de São João:
12Eu vos escrevo, filhinhos: os vossos pecados foram perdoados por meio do seu nome. 13Eu vos escrevo, pais: vós conheceis aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevo, jovens: vós vencestes o maligno. 14Já vos escrevi, filhinhos: vós conheceis o Pai. Já vos escrevi, jovens: vós sois fortes, a Palavra de Deus permanece em vós e vencestes o Maligno. 15Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. 16Porque tudo o que há no mundo – as paixões da natureza, a concupiscência dos olhos e a ostentação da riqueza – não vem do Pai, mas do mundo. 17Ora, o mundo passa, e também a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

- Palavra do Senhor
- Graças a Deus
Salmo 95 (96)
— Ó família das nações, dai ao Senhor, ó nações, dai ao Senhor poder e glória, dai-lhe a glória que é devida ao seu nome!
R: O céu se rejubile e exulte a terra!

— Oferecei um sacrifício nos seus átrios, adorai-o no esplendor da santidade, terra inteira, estremecei diante dele!
R: O céu se rejubile e exulte a terra!
— Publicai entre as nações: Reina o Senhor! Ele firmou o universo inabalável, e os povos ele julga com justiça.
R: O céu se rejubile e exulte a terra!
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 2, 36-40
- Aleluia, Aleluia, Aleluia!
- Um dia sagrado brilhou para nós: nações, vinde todas adorar o Senhor, pois hoje desceu grande Luz sobre a terra!
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas:
Naquele tempo, 36havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor
 Fonte: www.arautos.org

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Jacó e Esaú

As perseguições que os maus fazem contra os bons, em todas as épocas históricas, estão simbolizadas na inimizade entre Esaú e Jacó, irmãos gêmeos que se digladiavam antes mesmo de virem à luz.
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Govert Flinck - Isaac abençoando Jacob
Segurando o calcanhar
Isaac casou-se com Rebeca; entretanto, ela era estéril. "Deus quis provar a fé de Isaac e de Rebeca, como havia provado a de Abraão e de Sara." Isaac pediu a Deus que lhe desse um filho e, passados 20 anos, o Senhor ouviu sua súplica: Rebeca concebeu.
Mas, sentindo que havia no interior de seu seio uma verdadeira luta, Rebeca recorreu ao Altíssimo, que lhe disse: "Duas nações trazes no ventre, em tuas entranhas dois povos se dividirão. Um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais novo" (Gn 25, 23).
Transcorrido o tempo normal, Rebeca deu à luz dois gêmeos: o primeiro era todo coberto de pelos e foi chamado Esaú; e o segundo, que nasceu segurando com a mão o calcanhar de seu irmão, recebeu o nome de Jacó.
Quando cresceram, Esaú tornou-se um caçador bastante rude, ao passo que Jacó morava em tendas, junto com seus pais (cf. Gn 25, 27).

Um prato de lentilhas
Certo dia, Jacó preparou uma sopa de lentilhas; de repente, chegou Esaú, que vinha do campo, e com sua costumeira rudeza disse a seu irmão: "Dá-me de comer desse negócio vermelho, pois estou exausto" (Gn 25, 30).
Jacó respondeu-lhe que lhe concederia o alimento, desde que Esaú lhe transmitisse, sob juramento, o direito de primogenitura. Esaú renunciou a seu direito, fez o juramento e comeu as lentilhas.
Esse fato é muito simbólico. Há pessoas, hoje, que vendem o tesouro da fé pelas "'lentilhas' da sensualidade, da corrupção, do prazer ilícito, da ambição, etc."
Isaac dedicou-se à agricultura, e "o Senhor o abençoou, Foi enriquecendo sempre mais, até tornar-se um homem muito rico" (Gn 26, 12-13). Esaú casou-se com duas mulheres pagãs, razão pela qual São Paulo o chama de "profanador" (Hb 12, 16). Essas mulheres "causaram muitos aborrecimentos a Isaac e Rebeca" (Gn 26, 35).

Jacó recebe a bênção solene
Quando Isaac ficou velho, perdeu a visão. Certo dia, chamou Esaú e pediu-lhe que fosse ao campo para caçar, e preparasse um assado para seu pai, que lhe daria "a bênção antes de morrer" (Gn 27, 4).
Esaú saiu para procurar caça. Rebeca, que ouvira as palavras de Isaac, transmitiu-as a seu filho preferido Jacó, mandou-lhe que fosse ao rebanho e trouxesse dois cabritos gordos, pois ela mesma os prepararia conforme o gosto de Isaac.
Jacó trouxe os cabritos e Rebeca preparou um saboroso assado. Cobriu Jacó com algumas vestes usadas por Esaú, com as peles dos cabritos revestiu suas mãos e pescoço, e pediu-lhe que levasse o alimento ao pai.
Obedecendo fielmente a sua mãe, Jacó serviu o assado a Isaac, que no final deu-lhe a bênção solene, na qual, entre outras coisas, declarou: "Diante de ti, inclinem-se os filhos de tua mãe. Maldito seja quem te amaldiçoar e bendito, quem te abençoar" (Gn 27, 29).
Assim que Jacó se retirou, chegou Esaú trazendo seu guisado da caça, mas Isaac disse-lhe que a bênção já fora dada a Jacó. Esaú "pôs-se a gritar e chorar amargamente" (Gn 27, 34) e perguntou se o pai não tinha outra bênção... "Neste ponto, notam os Santos Padres, ele era a imagem dos que facilmente conciliam Deus com o mundo." Comovido pelos gritos, Isaac deu-lhe uma bênção, mas sujeitando-o ao irmão.
Concebeu Esaú tal ódio a Jacó, que fez planos para matá-lo. Sabendo disso, Rebeca chamou Jacó e recomendou-lhe que fugisse para a Mesopotâmia, e ficasse na casa de Labão, irmão dela.

Réprobos e eleitos de Deus
São Luís Maria Grignion de Montfort mostra o significado simbólico dos fatos acima narrados. "Conforme todos os Santos Padres e intérpretes da Sagrada Escritura, Jacó é figura de Jesus Cristo e dos predestinados, enquanto Esaú é figura dos réprobos." E Rebeca simboliza Nossa Senhora.
Esaú não dava importância à Rebeca e estava cheio de inveja e de ódio contra seu irmão Jacó, como Caim contra Abel.
E os réprobos não se preocupam com a devoção à Santíssima Virgem, simbolizada por Rebeca, trocam seu direito de primogenitura, ou seja, o Céu, pelos prazeres da Terra. Por um instante de prazer, vendem "a graça batismal, sua veste de inocência, sua celestial herança". Invejam, odeiam e perseguem os predestinados.
Jacó levava vida temperante, amava e honrava sua mãe, obedecendo-lhe prontamente em tudo; não era invejoso. Os predestinados não se deixam arrastar pelas paixões desordenadas, veneram Nossa Senhora, procurando amorosamente cumprir a vontade d'Ela. Embora perseguidos pelos réprobos, são felizes neste mundo, em sua morte e na eternidade.
Roguemos a Maria Santíssima a graça de aumentarmos nossa devoção para com Ela, obedecendo com grande amor aos desejos da Mãe de Deus, como fez Jacóem relação a Rebeca.
Por Paulo Francisco Martos
(In Noções de História Sagrada - 13)
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1 ) FILLION, Louis-Claude. La Sainte Bible commentée. 6. ed. Paris: Letouzey et ané. 1923, v. 1, p. 101.
2 ) CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. O inédito sobre os Evangelhos.Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, v.II , p.238.
3 ) SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. 8. ed. Petrópolis: Vozes. 1974, p.179.
4 ) Idem. Ibidem. p. 180
5 ) Idem, Ibidem. p. 182.

Fonte: www.arautos.org

Liturgia diária: 29.12.2014

Segunda-feira, 29 de Dezembro de 2014.
Santo do dia: São Tomás Becket, Bispo e mártir; São Marcelo, abade
Cor litúrgica: branco

Primeira leitura: São João 2, 3-11
Leitura da primeira carta de São João:
Caríssimos, 3para saber que conhecemos Jesus, vejamos se guardamos os seus mandamentos. 4Quem diz: “Eu conheço a Deus”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. 5Naquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado. O critério para sabermos se estamos com Jesus é este: 6quem diz que permanece nele, deve também proceder como ele procedeu. 7Caríssimos, não vos comunico um mandamento novo, mas um mandamento antigo, que recebestes desde o início; este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. 8No entanto, o que vos escrevo é um mandamento novo – que é verdadeiro nele e em vós – pois que as trevas passam e já brilha a luz verdadeira. 9Aquele que diz estar na luz, mas odeia o seu irmão, ainda está nas trevas. 10O que ama o seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar.11Mas o que odeia o seu irmão está nas trevas, caminha nas trevas, e não sabe aonde vai, porque as trevas ofuscaram os seus olhos.
- Palavra do Senhor
- Graças a Deus
Salmo 95 (96)

— Cantai ao Senhor Deus um canto novo, cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei seu santo nome!
R: O céu se rejubile e exulte a terra!
—Dia após dia anunciai sua salvação, manifestai a sua glória entre as nações, e entre os povos do universo seus prodígios!
R: O céu se rejubile e exulte a terra!
—Foi o Senhor e nosso Deus quem fez os céus: diante dele vão a glória e a majestade, e o seu templo, que beleza e esplendor!
R: O céu se rejubile e exulte a terra!
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 2, 22-35
- Aleluia, Aleluia, Aleluia!
- Sois a luz que brilhará para osa gentios e para a glória de Israel, o vosso povo (Lc 2, 32)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas:
22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, 26e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. 27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29“Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. 33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti uma espada te traspassará a alma”.
— Palavra da Salvação
— Glória a vós, Senhor
Comentário do dia por Santa Teresa de Ávila (1515-1582)
Carmelita descalça, Doutora da Igreja
Caminho de Perfeição, cap. 31, 1-2 (Ed. Carmelo, 2000, rev)

Simeão tomou-O nos braços
Nesta oração de quietude, o Senhor começa a dar a entender que ouve a nossa petição e começa, já aqui neste mundo, a dar-nos o seu reino, para que deveras O louvemos, santifiquemos o seu nome e procuremos que todos o façam.
Esta oração é já coisa sobrenatural e que não podemos procurar por nós mesmos, por mais diligências que façamos, porque é um pôr-se a alma em paz, ou pô-la o Senhor em paz, para melhor falar com a sua presença, como fez ao justo Simeão, porque todas as potências se sossegam. Entende a alma, de um modo muito diverso do entender com os sentidos exteriores, que já está ali mesmo ao pé de Deus, que com mais um poucochinho chegará a estar feita uma mesma coisa com Ele por união. E isto, não porque O veja com os olhos do corpo, nem com os da alma. O justo Simeão também não via, do glorioso Menino pobrezinho, mais do que as faixas em que O levavam envolto e a pouca gente que ia com ele na procissão, que mais pudera julgá-lo filho de gente pobre que Filho do Pai celestial; mas o mesmo Menino deu-Se-lhe a conhecer. E é assim que a alma aqui entende, embora não com essa clareza; porque nem mesmo ela percebe como o entende, senão que se vê no reino, ou ao menos junto do Rei que lho há-de dar, e parece que a própria alma está com tal respeito, que nem sequer ousa pedir.

Fonte: www.arautos.org

Sagrada Família

SAGRADA FAMÍLIA - Arautos do Evangelho
Jesus, Maria, José: três perfeições que chegaram todas ao pináculo a que 
cada uma devia chegar; três auges que se amavam e se inter compreendiam intensamente; três
perfeições altíssimas, admiráveis, desiguais, realizando uma harmonia
de desigualdades como jamais houve na face da Terra.
A santidade, a nobreza e a hierarquia na Sagrada Família
 Uma família que, realmente, não poderia deixar de ser chamada de Sagrada: Jesus é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Sagrada Familia_3.jpgMaria a Virgem Mãe de Deus que trouxe em seu seio Nosso Senhor Jesus Cristo e São José, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus.
Não estaria fora de propósito que, por ocasião destas comemorações recomendadas pela Igreja, pensássemos um pouco nessa Família modelo. Por exemplo, poderíamos cogitar um pouco sobre a pergunta seguinte: Como seria a santidade, a nobreza e a hierarquia na Sagrada Família?
Nessa Família nós temos a presença do Filho de Deus feito Homem. No Evangelho de São Lucas (Lc. 2, 52) está dito que o Menino Jesus "crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens".
São palavras inspiradas pelo Espírito Santo e, portanto, verdadeiras. Elas nos ensinam que no Homem Deus ainda havia o que crescer. De qualquer natureza que fosse esse crescimento, era um crescimento da perfeição perfeitíssima para algo que era uma perfeição ainda mais perfeitíssima. Por outro lado, nessa Família temos também Nossa Senhora.
Se considerarmos tudo quanto Ela é, nós veremos n'Ela um tal acúmulo de perfeições criadas, que um Papa chegou a declarar: d'Ela se pode dizer tudo em matéria de elogio, desde que não se Lhe atribua a divindade. Maria foi concebida sem pecado original e confirmada em graça logo a partir do primeiro instante do seu ser. Ela não podia pecar, não podia cair na mais leve falta, porque estava garantida por Deus contra isso.
Não tendo defeitos - isso é um aspecto importante desta consideração - também Nossa Senhora crescia constantemente em virtude. Ao lado do Menino Jesus e de Nossa Senhora estava São José convivendo com eles. É difícil elogiar qualquer homem, qualquer grandeza terrena, depois de considerar a grandeza de São José. O homem casto, virginal por excelência, descendente de Davi.
São Pedro Julião Eymard (cfr. "Extrait des écrits du P. Eymard", Desclée de Brouwer, Paris, 7ª ed., pp. 59-62) nos ensina que São José era o chefe da Casa de Davi. Ele era o pretendente legítimo ao trono de Israel. Ele tinha direito sobre o mesmo trono que fora ocupado e derrubado por falsos reis, enquanto Israel era dividido e, por fim, dominado pelos romanos.

Três ascensões constantes, três auges atingidos.
São José era um varão perfeito, modelado pelo Espírito Santo para ter proporção com Nossa Senhora. Pode-se imaginar a que píncaro, a que altura São José deve ter chegado para estar em proporção com Nossa Senhora! É algo imenso, inimaginável. É sumamente provável que São José também tenha sido confirmado em graça.
Então, assim sendo, na humilde casa de Nazaré, pode-se dizer que a cada momento que se passava, as três pessoas dessa Família Sagrada cresciam em graça e santidade diante de Deus e dos homens. São José deve ter falecido antes do início da vida pública de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele é o padroeiro da boa morte, porque tudo leva a crer que tenha sido assistido em sua agonia por Nossa Senhora e pelo Divino Redentor. Nos instantes finais de sua vida, Jesus e Maria o ajudaram a elevar sua alma à perfeição para a qual ele fora criado.
Não era a perfeição de Nossa Senhora, era uma perfeição menor. Mas era a perfeição enorme para a qual ele tinha sido chamado. Quando seu olhar embaçado já se ia apagando para a vida, São José contemplou Aquela que era sua esposa e Aquele que juridicamente era seu filho.
E, certamente, Ele extasiou-se com a ascensão contínua em santidade de Nossa Senhora e de Seu Divino Filho. E ao vê-Los subir assim nas vias da santificação, ele admirou e amou essa ascensão. E foi por admirar e amar o aumento da santidade de Maria e Jesus que Ele também, por sua vez, subia sem cessar na sua própria santidade. Esta tríplice ascensão contínua na casa de Nazaré, constituiu o encanto do Criador e dos homens.
Jesus, Maria, José: três perfeições que chegaram todas ao pináculo a que cada uma devia chegar; três auges que se amavam e se inter compreendiam intensamente; três perfeições altíssimas, admiráveis, desiguais, realizando uma harmonia de desigualdades como jamais houve na face da Terra.
Entretanto, a hierarquia posta por Deus entre estas três sublimes desigualdades era de uma ordem admiravelmente inversa: Aquele que era o chefe da Casa no plano humano era o menor na ordem sobrenatural; o Menino, que deveria prestar obediência aos pais, era Deus.
Uma inversão que nos faz amar ainda mais as riquezas e as complexidades de qualquer ordem verdadeiramente hierárquica; uma inversão que leva a alma fiel, a alma desejosa de meditar sobre tão elevado tema, a entoar um hino de louvor, de admiração e de fidelidade a todas as hierarquias, a todas as desigualdades estabelecidas por Deus.

Quem é mais, manda menos
À primeira vista, a constituição da Sagrada Família é um mistério. Pois nela quem tem mais autoridade é São José, como patriarca e pai, com direito sobre a esposa e sobre o fruto de suas puríssimas entranhas.
A esposa é Mãe de Deus, Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Sendo Mãe, tem Ela poder sobre um Deus que Se encarnou em Seu seio virginal e Se fez seu filho. Nosso Senhor Jesus Cristo, como filho, deve obediência a esse pai adotivo, aceitando em tudo aSagrada_Familia.jpgorientação e a formação dada por José; e também à sua Mãe, a criatura Sua. Que imenso, insondável e sublime paradoxo!
Assim, na ordem natural, José é o chefe; Maria, a esposa e mãe; e Jesus, a criança. Porém, na ordem sobrenatural, o Menino é o Criador e Redentor; Ela, a Medianeira de todas as graças, Rainha do Céu e da Terra; e José, o que de si tem menos poder, exerce a autoridade sobre Nossa Senhora, a qual tem a ciência infusa e a plenitude da graça, e sobre o Menino, que é o Autor da graça.

Deus ama a hierarquia
Por que dispôs Deus essa inversão de papéis?
Assim fez para nos dar uma grande lição: Ele ama a hierarquia e deseja que a sociedade humana seja governada por este princípio, do qual o próprio Verbo Encarnado quis dar exemplo.
Bem podemos imaginar, na pequena Nazaré, a prestatividade, a sacralidade e a calma de Jesus, auxiliando José na carpintaria: serrando madeira, pregando as pelas de uma cadeira, quando bastaria um simples ato de vontade Seu, para serem imediatamente produzidos, sem necessidade sequer de matéria-prima, os mais esplêndidos móveis, jamais vistos na História.
Entretanto, afirma São Basílio, "obedecendo desde sua infância a seus pais, Se submeteu Jesus humilde e respeitosamente a todo trabalho braçal. Assim, logo que São José mandasse - e com que veneração! - o Filho fazer um trabalho, Este Se punha a executá-lo!
Pois agindo dessa maneira - honrando o pai que estava na terra e aceitando, por exemplo, fazer um móvel de acordo com as regras da natureza - dava Jesus mais glória a Deus Pai, que O havia enviado. Afirma São Luís Grignion, a propósito de sua obediência a Nossa Senhora: "Jesus Cristo deu mais glória a Deus submetendo-Se a Maria durante trinta anos, do que se tivesse convertido toda a terra pela realização dos mais estupendos milagres."
Assim, temos dentro da própria Sagrada Família um impressionante princípio de amor à hierarquia, porque, uma vez que Jesus havia desejado nascer e viver numa família, Ele honrava pai e mãe, mesmo sendo onipotente e o Criador de ambos.

Príncipe e operário
Outro paradoxo foi colocado pelo Criador nas complexidades desta nobilíssima ordem hierárquica. São José era o representante da Casa Real mais augusta que houve em todos os tempos: enquanto de outras Casas nasceram reis, da Casa de Davi, nasceu um Deus. Os únicos cortesões à altura dessa Casa Real seriam os Anjos do Céu.
Porém, ainda por desígnio divino, o chefe da Casa de Davi, São José, era, ao mesmo tempo, um trabalhador manual: era carpinteiro. E Nosso Senhor Jesus Cristo também exerceu essa atividade antes de iniciar sua vida pública.
Deus quis que, assim, as duas pontas da hierarquia temporal se ligassem naquele que é o Homem Deus. Em Jesus Cristo está a condição de príncipe real da Casa de Davi, de pretendente ao trono de Israel. E esta condição coexiste com a de mero carpinteiro, de operário, colocado no extremo oposto da escala social.
Esta coexistência de perfeições, em ambos os aspectos - tanto no de Criador - criatura como no outro, incomparavelmente menor, de rei-operário - reúne os extremos para reforçar a coesão dos elementos intermediários da hierarquia: os elementos se unem pela união dos extremos.
Assim, a sacrossanta hierarquia no interior da Sagrada Família não nos aparece apenas como um conjunto de cimos tão altos que a nossa vista física e mental custa a alcançar. Ela representa também um abraço hierárquico, desigual mas afetuoso, entre todos os degraus da ordem social. De tal maneira que, aquele que ocupa lugar mais alto abraça afetuosamente o que está mais baixo e diz: "Enquanto natureza humana somos todos iguais".

Amor desinteressado à Hierarquia
Na Sagrada Família, o exemplo de São José, de Nossa Senhora e de Nosso Senhor Jesus Cristo nos leva a compreender melhor a hierarquia no que ela tem de mais puro, de mais límpido, de mais perfeito, na qual não há egoísmo nem pretensão.
Nessa Família existe o puro amor de Deus que gera amor às várias hierarquias sem preocupação de ser muito, de fazer muito ou Sagrada Familia_.jpgpoder muito. A hierarquia aqui é amada. E é amada por amor de Deus. As almas que têm o verdadeiro senso da hierarquia amam deste modo os que lhes são superiores.
A palavra "majestade" tem para elas um sentido, um mistério, um "lumen", um brilho especial que torna respeitáveis e veneráveis reis, imperadores e superiores em geral, mesmo quando estes, por seus defeitos pessoais, não merecerem as homenagens que lhes são prestadas por serem eles quem são.
Mas se, para aquilo a que foram chamados, em algo correspondem, esse algo, por pequeno que seja, é como o aroma de uma flor incomparável da qual se tira uma gota, cujo perfume produz sobre o homem reto um efeito semelhante ao que a santidade maior produz sobre a santidade menor.
E isto tem alguma analogia com o que se passava na Sagrada Família, entre as três pessoas indizivelmente excelsas - uma delas divina - que a compunham.
Eis aí algumas considerações sobre o enlevo e o entusiasmo que as verdadeiras hierarquias - como aquela que existiu, em grau arquetípico, na Sagrada Família - podem e devem suscitar nas almas retas e autenticamente católicas.

Uma vida de aparência normal
Não devemos supor que na Sagrada Família tudo era absolutamente místico, sobrenatural e pleno de consolações. Do Menino Jesus não se pode dizer que vivia de fé porque sua alma estava na visão beatífica. Entretanto, quis que seu corpo tivesse o desenvolvimento normal de um ser humano. Assim, por exemplo, não nasceu falando, embora pudesse falar todas as línguas do mundo.
Nossa Senhora e São José levavam também uma vida inteiramente comum na aparência e, como todos os homens, sofreram perplexidades e angústias. Disto nos dá exemplo o Evangelho (Lc 2, 41-52): "Teu pai e Eu estávamos, angustiados, à tua procura".

Notas:

- Desenvolvimento de anotações de conferência feita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em 2-11-92, para um grupo de jovens.
- Trechos do Comentário ao Evangelho, Monsenhor João Clá Dias, EP, Revista Arautos do Evangelho, Dez/2009, n. 96)

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