segunda-feira, 22 de junho de 2020

Homilética 12º Domingo tempo comum - 21.06.2020


O Medo

No domingo passado, vimos que Deus chama e envia
inúmeras pessoas para realizar seu Plano de Salvação. 

As leituras bíblicas deste domingo falam das dificuldades
que os discípulos encontrarão para serem fiéis a esse chamado,
mas garantem também que o amor de Deus não os abandona.

A 1a Leitura apresenta o drama vivido pelo profeta do JEREMIAS.
Para ser fiel à sua missão, experimenta perseguição, solidão e abandono.
No entanto não deixa de confiar em Deus. (Jr 20,10-13)

No começo, teve medo e resistiu:
     "Vê, Senhor, que eu não sei falar, sou ainda menino".
- E o Senhor não desiste:
      "Para onde eu te enviar, irás; e o que eu te mandar, falarás:
       não tenhas MEDO, pois eu estarei contigo para te livrar".
- Acolhendo a ordem do Senhor, Jeremias vai a Jerusalém e
diante do templo pronuncia um discurso violento:
acusa as autoridades, desmascara suas trapaças e
prediz a destruição do templo de Jerusalém.
- A reação foi imediata: foi preso incomunicável numa cruel prisão...
Considerado um "Profeta da desgraça",
sentiu-se repudiado pelo povo e abandonado pela própria família...

- Aí surgem as "Lamentações de Jeremias",
que são verdadeiros desabafos do profeta na sua amargura.
No entanto não deixou de confiar em Deus,
e exclama: "Tu, Senhor, estás comigo"...
Ele sabe que Deus nunca abandona aqueles que procuram
testemunhar no mundo as suas propostas, com coragem e verdade.

Na 2ª Leitura, Paulo afirma que para a salvação o essencial
não é cumprir a Lei de Moisés, mas acolher a oferta de Salvação
que Deus faz a todos por Jesus. (Rm 5,12-15)

O Evangelho continua o "Sermão apostólico". (Mt 10,26-33)

São recomendações de Jesus ao enviar os apóstolos em Missão.
Jesus repete três vezes: "não tenhais medo".
Pois quem tem medo não é mais livre. E aponta três tipos de medo:

1. Medo do fracasso (fiasco).
   JC. garante: Apesar das provocações e dificuldades,
         a sua mensagem se difundirá e transformará o mundo...
2. Medo da morte: (maus tratos... ou a própria morte...)
   JC. afirma que decisivo não é a morte física, mas perder a vida definitiva.
3. Medo pela sobrevivência (por causa da perseguição...):
    JC. convida os discípulos a terem confiança na Providência de Deus.

E ilustra a solicitude de Deus com duas imagens:
Os pássaros de que Deus cuida e
os cabelos, cujo número só Deus conhece...
Se Deus cuida dos pássaros... tanto mais dos discípulos do seu Filho...
Não tenhais medo dos homens... tende confiança em Deus!

+ O Medo ainda nos acompanha:
- Por Medo, a pessoa se tranca dentro de seu pequeno mundo,
  cada vez mais se isola da sociedade.
- Por Medo, levanta muros protetores cada vez mais altos,
  criam-se condomínios mais fechados e seguros,
  como se isso resolvesse o problema do medo.
- Medo da doença... do desemprego... (Qual o nosso maior medo?)

O MEDO é também um grande impedimento
ao anúncio do Evangelho e à sincera profissão de fé.
- Por Medo de serem criticados ou desprezados,
muitos deixam de anunciar as maravilhas do Reino.
- Por Medo ou vergonha, muitos se omitem diante dos critérios em voga
sobre amor e família, sexo e casamento, matrimônio e divórcio, vida e aborto, educação e liberdade, dinheiro e direitos humanos.
E quando os princípios da moral cristã são taxados de antiquados,
ficam assustados, confusos, desorientados... 
Será que vale a pena continuar remando contra a maré?
- E por medo ou vergonha, se calam... e cedem ao velho respeito humano...

E o Evangelho encerra com:

+ uma promessa :
   “Quem se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me
     declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus.”

+ E uma advertência: “Quem me negar diante dos homens, também eu o
    negarei diante do meu Pai, que está nos céus”.  (vergonha...)


   Na Semana  do migrante:
          + “Quem se declarar a favor do migrante...”
          + “Quem não se declarar a favor do migrante...”

     * Qual a nossa atitude para os migrantes?
         acolhida... dando espaço e oportunidade ?

A Palavra de Deus de hoje convida-nos a não ter medo.
Convida-nos a ter a coragem das nossas ideias, a força da fé,
a coragem do anúncio cristão, do testemunho... a intrepidez da verdade.

Ele nos garante: "Não tenhais medo, eu venci o mundo".
E com ele também nós venceremos...

                                           Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 21.06.2020

domingo, 14 de junho de 2020

Homilética 11º Domingo tempo comum - 14.06.2020


 A Missão

Deus tem um Plano de Salvação para todos os homens.
Mas esse plano ele não o realiza sozinho.
Ele conta com a participação de inúmeras pessoas
que sempre chama e envia para essa MISSÃO...

As Leituras bíblicas nos falam dessa verdade...

Na 1a Leitura, temos a Missão de Israel. (Ex 19,2-6a)

Deus escolhe o povo de Israel para si e lhe propõe uma ALIANÇA
para ser portador das promessas messiânicas a todos os povos.
- No Monte Sinai, Deus fala a Moisés:
   "Se escutardes a minha voz e fordes fiéis à minha aliança,
    sereis meu povo escolhido, um reino de sacerdotes, uma nação santa".

* O Povo aceita esse compromisso e "embarca" na aventura da "Aliança".
   Esse Povo será sinal de Deus no meio dos povos e
   figura do novo Povo de Deus, que será a Igreja...

Na 2a Leitura, vemos a Missão de Jesus Cristo enviado pelo Pai,
como Salvador e cabeça do novo povo eleito, que é a Igreja,
que  terá a missão de testemunhar o amor de Deus pelos homens. (Rm 5,6-11)

No Evangelho, temos a Missão dos Doze Apóstolos. (Mt 9,36-10,8)

No texto, Mateus inicia o 2º Discurso: o "Sermão Apostólico".
Após ter apresentado Jesus a anunciar o Reino em palavras e obras,
Mateus descreve o chamado e o envio dos 12 em missão.
Deverão levar o projeto de Salvação e Libertação,
que Deus fez aos homens em Jesus, a toda a terra.
É um "Manual do missionário cristão", em que define
os conteúdos do anúncio e as atitudes fundamentais do Missionário.
Compreende 3 passos:

1) Uma Introdução: Jesus vê a triste Realidade das multidões:

          - "Estavam cansadas e abatidas, como ovelhas sem pastor..."
          - "A Messe é grande... e os operários são poucos..."
          - Um apelo: "Rogai ao dono da Messe..."
             Reflete a preocupação diante das necessidades pastorais,
             embora a iniciativa da Missão é do Pai.

2) O Chamamento e o Envio dos 12 Apóstolos:

- "Chamou-os": Os critérios da escolha é sempre um mistério,
   difícil de compreender e explicar.
- O número "12" recorda as 12 tribos de Israel e é símbolo da totalidade.  
  Todos somos chamados a libertar-se e enviados a libertar.. 
- Na "Missão", confere o poder de expulsar os demônios e curar os doentes:
   isto é, tudo o que destrói a VIDA e a felicidade do homem...
- Chama cada um pelo "Nome": Missão individual e comunitária.

3) Recomendações de Jesus para a Missão:

    - Destinatários da Missão:
      Os judeus, herdeiros da Aliança, deveriam ser os primeiros:
     "Ide às ovelhas perdidas da casa de Israel"

     - Mensagem:
           - O ANÚNCIO missionário: "O Reino de Deus está próximo".
           - Os SINAIS da presença de Deus: "Curar os enfermos,
              ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios".
             (Gestos concretos de Libertação)
                             
     - Exigência de Gratuidade: "De graça recebestes, de graça deveis dar".
        O Evangelho não se cobra, nem se vende...

+ Que diria Jesus ao contemplar a Realidade de hoje?

Ainda hoje há multidões cansadas e abatidas como ovelhas sem pastor.
Deus continua precisando de gente para continuar a sua obra
de Libertação e Salvação.

* Os "doze" (Número simbólico) representam a totalidade do Povo de Deus.
   - Temos consciência de que também nós somos enviados em missão?

+ Qual é a missão dos discípulos de Jesus?

   É lutar contra tudo o que escraviza o homem e o impede de ser feliz.
- Hoje há estruturas que geram guerra, violência, terror, morte:
  a missão dos discípulos de Jesus é contestá-las e desmontá-las;
- hoje há "valores" que geram escravidão, opressão, sofrimento:
  a missão dos discípulos de Jesus é recusá-los e denunciá-los;
- hoje há esquemas de exploração que geram miséria, marginalização, exclusão:
  a missão dos discípulos de Jesus é combatê-los.

* A proposta libertadora de Jesus deve estar presente através dos discípulos
   em qualquer lugar onde houver um irmão vítima da escravidão e da injustiça. - 
- Procuramos nós transmitir alegria, coragem e esperança
   àqueles que vivem imersos no abatimento, na frustração, no desespero?
- Procuramos ser um sinal do amor e da ternura de Deus
   para aqueles que vivem sozinhos e marginalizados?

O nosso serviço ao "Reino" é totalmente GRATUITO?

Ou serve para promover os nossos interesses, a nossa pessoa,
os nossos esquemas de realização pessoal?

Ainda hoje há muitas ovelhas cansadas e abatidas sem pastor...
- Será que Cristo pode contar conosco?

Acolhamos o apelo do Mestre e roguemos ao dono da Messe
para que mande muitos operários à sua vinha...
                                                 Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa -14.06.2020
https://www.buscandonovasaguas.com/