sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Homilia – XXXI Domingo do Tempo Comum – Ano A

Homilia do D. Henrique Soares da Costa – XXXI Domingo do Tempo Comum – Ano A
Ml 1,14b – 2,1-2.8-10
Sl 130
1Ts 2,7b-9.13
Mt 23,1-12

Hoje a Palavra de Deus dirige-se, de modo particular, aos pastores da Igreja, aos sacerdotes do Povo de Deus. O antigo Israel, aquele segundo a carne, era todo ele um povo sacerdotal, mas em seu seio existiam os ministros sagrados, que eram encarregados do culto do povo santo. No Novo Testamento, o único e verdadeiro sacerdote é o Cristo nosso Deus. Ele, dando-nos o seu Espírito Santo no Batismo e demais sacramentos, fez de nós um povo sacerdotal. Em Cristo, a Igreja, novo Israel, é, toda ela, um povo sacerdotal para o louvor e glória de Deus Pai, através de Cristo, na unidade do único Espírito. Mas, também do meio desse povo o Senhor Jesus chama pastores que, configurados a Ele, o Bom Pastor e Sacerdote eterno, por meio da imposição das mãos que confere o dom do Espírito, exerçam a função sacerdotal de Cristo em favor do povo sacerdotal, que é a Igreja una, santa, católica e apostólica.

Pois bem, as palavras das leituras sagradas deste Domingo são dirigidas a nós, pastores e sacerdotes do rebanho sacerdotal de Cristo. Nós, bispos, padres e diáconos, encarregados pelo Senhor da guarda, santificação e ensino do povo de Deus…

Ser padre, ser pastor do rebanho é uma graça imensa, um dom do qual não temos merecimento algum. E, no entanto, o Senhor nos chama. Mas, não para que preguemos a nós mesmos e vivamos pensando em nós e nos nossos interesses. Santo Agostinho, no século V, já criticava duramente os maus pastores, acusando-os:“Buscais os vossos interesses e não os de Jesus Cristo!” A queixa é velha, o pecado é antigo! Na primeira leitura de hoje, o Senhor tem palavras duríssimas para os sacerdotes de ontem e de hoje: “Se não quiserdes ouvir e tomar a peito glorificar o meu nome, lançarei sobre vós a maldição. Vós vos afastastes do reto caminho e fostes para muitos pedra de tropeço!” Caríssimos, como não reconhecer que essas palavras são atuais? É triste afirmá-lo, mas temos de fazê-lo! Ninguém está acima da Palavra de Deus, ninguém pode pregar para os outros sentindo-se dispensado de cumprir o preceito do Senhor… Esta é, muitas vezes, a tentação do pregador, do padre; este o seu pecado! Mas, se fizermos assim, teremos de nos envergonhar tanto, escutando o que o Senhor diz ao rebanho: “Deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam!” Que dor, que vergonha para nós, sacerdotes, pastores do povo santo, escutar tão graves acusações! Na Sexta-feira Santa passada, o Santo Padre Bento XVI, quando ainda era Cardeal Ratzinger, fez uma exortação seríssima e comovente dessa situação, durante a Via-Sacra no Coliseu, em Roma. Escutemo-lo! Era a estação da terceira queda de Jesus: “Não deveríamos pensar também em tudo quanto Cristo tem sofrido na sua própria Igreja? Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento da sua presença; frequentemente como está vazio e ruim o coração onde ele entra! Tantas vezes celebramos apenas nós próprios, sem nos darmos conta sequer dele! Quantas vezes se distorce e abusa da sua Palavra! Quão pouca fé existe em tantas teorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta auto-suficiência! Respeitamos tão pouco o sacramento da reconciliação, onde Ele está à nossa espera para nos levantar das nossas quedas! Tudo isto está presente na sua paixão. A traição dos discípulos, a recepção indigna do seu Corpo e do seu Sangue é certamente o maior sofrimento do Redentor, o que Lhe traspassa o coração. Nada mais podemos fazer que dirigir-Lhe, do mais fundo da alma, este grito: Kyrie, eleison – Senhor, salvai-nos (cf. Mt 8, 25)”.

Mas, graças a Deus, há os bons pastores; há, na Igreja, tantos que são verdadeiramente presença do Cristo Bom Pastor, que se dá totalmente pelo rebanho; aqueles que celebram os santos mistérios com tanta devoção e decoro, aqueles que são fiéis no ensinamento, não ensinando suas próprias idéias e seus conceitozinhos de sua moralzinha particular, mas ensinam ao rebanho o Evangelho verdadeiro tal qual é crido e ensinado pela Santa Igreja católica! Sacerdotes que se dão totalmente: no tempo, no afeto, na oração, na paciência, na perseverança, na fidelidade ao celibato… por amor a Cristo e à Igreja, povo santo de Deus! A segunda leitura de hoje nos apresenta um sacerdote assim: o Apóstolo São Paulo. Como é comovente ouvi-lo: “Foi com muita ternura que nos apresentamos a vós, como uma mãe que acalenta os seus filhinhos. Tanto bem vos queríamos, que desejávamos dar-vos não somente o Evangelho de Deus, mas até a própria vida, a tal ponto chegou a nossa afeição por vós!”

Caríssimos, ser padre é bom, ser padre é uma missão santa, ser padre dignifica e realiza a vida de um homem! Rezai pelos vossos sacerdotes, para que sejam dignos do ministério que receberam! Que eles não se coloquem acima da Palavra do Senhor, pregando aos outros sem cumpri-la; que não celebrem os santos sacramentos com desleixo e desobediência às normas litúrgicas da Igreja. Ninguém, nem o Bispo, o padre, nem a comunidade pode desobedecer as normas litúrgicas; ninguém pode inventar sua missinha, distorcer os santos mistérios, que vêm de Cristo e dos Apóstolos e nos dão a vida de Deus! Suplicai ao Senhor para que vossos padres sejam atentos às necessidades do rebanho, ao cuidado com os pobres e desvalidos, sejam zelosos no anúncio do Evangelho a toda a humanidade!
Quanto ao mais, cuidai também vós, como diz a segunda leitura, de acolher “a pregação da Palavra de Deus, não como palavra humana, mas como aquilo que de fato é: Palavra de Deus, que está produzindo fruto em vós que abraçastes a fé”. E que o Senhor nos conduza a todos, pastores e rebanho, à sua glória. Amém.

D. Henrique Soares
Fonte: http://www.presbiteros.com.br/

REFLEXÃO sobre as leituras do XXXI Domingo do Tempo Comum - ano A

"Dizem e não fazem"
Uma das qualidades mais apreciadas pelo homem de hoje, sobretudo pelos jovens, é a sinceridade e a autenticidade.
E um dos males mais detestados e às vezes até combatidos violentamente é a mentira, a hipocrisia.
Aqui entendemos muitas lutas juvenis... contra pessoas, estruturas, situações, que encarnam sob o rótulo do progresso a mentira dos interesses particulares.
As Leituras bíblicas pedem FIDELIDADE à Palavra de Deus celebrada no culto e na vida.
Na 1ª Leitura, o Profeta censura os sacerdotes de Israel pela decadência moral e religiosa do povo. (Mal 1,14b-2,2b.8-10)
Foram convocados por Deus para serem os "Mensageiros do Senhor" para ensinar a Lei e conduzir o Povo para Deus; mas não praticam o que ensinam, preocupavam-se apenas com os próprios interesses.
Por isso, se tornarão "desprezíveis diante de todo o povo", sem a confiança de Deus, nem o crédito do povo.
* Não acontece, às vezes, algo parecido também em nossas comunidades, quando quem recebeu a missão de conscientizar o povo de seus compromissos e testemunhar a todos o amor de Deus é infiel à sua missão?
Na 2ª Leitura, Paulo recorda o exemplo dos Missionários, que evangelizaram a Tessalônica (Paulo, Silvano, Timóteo).
Do esforço missionário feito com "ternura de Mãe" e com autenticidade ao anúncio, nasceu uma comunidade viva e fervorosa, que acolheu e viveu o Evangelho com generosidade e alegria. (1Ts 2,77b-9.13)
* Todos os que exercem algum ministério poderiam afirmar, como Paulo, que levam uma vida irrepreensível e coerente com o que pregam?
No Evangelho, Cristo censura os Fariseus porque não fazem o que dizem. (Mt 23,1-12)
Mais do que transmitir a opinião de Jesus sobre os fariseus, apresenta a imagem que os cristãos do tempo de Mateus tinham do judaísmo e dos seus líderes.
Os fariseus eram crentes entusiastas, que valorizavam muito a Lei de Moisés.
Mas esqueciam o essencial, o amor e a misericórdia.
O texto se divide em duas partes:
- Na primeira, Jesus traça um retrato dos fariseus;
- na segunda, Jesus deixa alguns conselhos aos discípulos para que não se transformem também em "fariseus".
+ COMO SÃO OS FARISEUS?
1) "Sentam-se na cadeira de Moisés". Essa cadeira não lhes pertence...
Os encarregados de transmitir a palavra de Deus ao povo são os profetas, mas eles ocupam um lugar que não lhes pertence e interpretam a Lei de Moisés, substituindo a mensagem profética com normas humanas.
2) São incoerentes: "Não fazem o que dizem".
* Externamente se apresentam como pessoas religiosas, bons praticantes... mas depois na vida concreta são bem diferentes...
Pessoas que não faltam na igreja, dão excelentes conselhos aos outros, mas em seguida em casa ofendem e agridem a esposa, são egoístas, ignoram os filhos, falam mal dos outros, não ajudam ninguém...
3) Carregam os homens com fardos pesados e insuportáveis.
Criam uma religião cheia de leis e obrigações, formando uma consciência de impureza e pecado, que oprime as consciências e tira a liberdade e a alegria.
São escravos de um legalismo religioso.
4) Fazem da fé e da piedade um espetáculo de exibição.
Tudo fazem para serem vistos e honrados por todos e em todos os lugares.
* Será que existem ainda hoje em nossas comunidades pessoas assim?
+ E OS CRISTÃOS, COMO DEVEM VIVER...  para que não se transformem também em "fariseus"?
1) Não ocupar um lugar que não nos pertence.
Muitas vezes, queremos tomar decisões que não nos competem e ocupar o lugar daqueles que receberam de Deus esse papel
2) Ter coerência.
Fazemos questão de proferir palavras bonitas sobre o amor e em casa ninguém nos agüenta...
3) Valorizar a liberdade.
Caso contrário, substituímos o evangelho por normas puramente humanas, que sobrecarregam as pessoas e abafam a alegria e o entusiasmo do cristão...
* Muitas Diretrizes e "Decretos" nas Comunidades expressam a vontade de Deus ou a vontade dos homens?
4) Não ser exibicionista.
Evitar a falsidade e a hipocrisia dos que se satisfazem apenas com as aparências ou a admiração dos outros.
5) Ser Justo:
Somos todos iguais em Cristo. Não faz sentido algum, comparar, discriminar e nos sentir superiores aos nossos irmãos.
* Quem seriam os "fariseus" de hoje? Será que fazemos... tudo o que dizemos para os outros?
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 30.10.2011

domingo, 23 de outubro de 2011

REFLEXÃO - XXX Domingo do tempo comum - Ano A

 O Maior Mandamento

Nesse Dia Mundial das Missõesa Igreja nos lembra que todo cristão deve ser missionário...

A Liturgia focaliza a mensagem principal  que devemos anunciar e testemunhar: o maior Mandamento da LEI: o AMOR.

A 1a Leitura afirma que o maior Mandamento é o Amor concretizado  através da defesa dos mais necessitados e desprotegidos: Estrangeiros (migrantes), viúvas, órfãos, endividados, pobres. (Ex 22,20-26)

* Já no Antigo Testamento, o Amor ao próximo era visto em relação a Deus, como respeito à sua lei e como reflexo do seu amor para com os homens...
Mas é, sobretudo, no Novo Testamento que é iluminado e aperfeiçoado pela doutrina de Jesus, como se pode ver no Evangelho de hoje.

Na 2ª leitura, São Paulo destaca o exemplo de Amor vivido pelos cristãos de Tessalônica. Tornou-se semente de fé e amor, que deu frutos em outras comunidades. (1Ts, 5c-10)

No Evangelho, Jesus resume toda a LEI no Amor: Amor a Deus e aos irmãos. (Mt 22,34-40)

Segue o confronto de Jesus com as lideranças judaicas. Os fariseus apresentam armadilhas bem montadas, destinadas a provocar afirmações polêmicas de Jesus, para poder acusá-lo e condená-lo.

- Os fariseus perguntam: "Qual é o maior dos mandamentos?"
Era uma questão muito polêmica entre os líderes religiosos daquele tempo. Alguns afirmavam que o maior de todos os mandamentos era guardar o sábado. Outros diziam que todos os mandamentos tinham o mesmo valor.
Ademais os judeus tinham 613 mandamentos (a maioria proibições). Era um grande emaranhado de preceitos e prescrições. Muita gente hoje tem dificuldade em recordar de cor os 10 mandamentos.
Imaginem a dificuldade para lembrar e cumprir todas essas normas.  

Jesus responde, buscando fundamentação em duas passagens da Bíblia:
- Deuteronômio: "Amarás o Senhor teu Deus com todas..." (Dt 6,5)
- Levítico: "Amarás teu próximo como a ti mesmo..." (Lv 19,18)

Esses dois mandamentos já eram conhecidos, mas a originalidade deste ensinamento está em dois pontos:
- Define o Amor a Deus e ao irmão como o centro essencial da Lei;
- Unifica e equipara os dois mandamentos: "O segundo é semelhante a esse".
Portanto, não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda.

* Esses dois mandamentos são a expressão maior da vontade de Deus. São o resumo de toda a Bíblia...
O que esse Evangelho tem a nos dizer, hoje?
Ao longo dos dois mil anos de cristianismo fomos criando muitos mandamentos, preceitos, proibições, exigências, opiniões, pecados e virtudes, que arrastamos pesadamente pela história. E acabamos perdendo a noção do que é verdadeiramente importante.
Hoje, ficamos discutindo certas questões secundárias, sem discernir muitas vezes o essencial da proposta de Jesus.

O Evangelho deste domingo é claro: o essencial é o amor a Deus e o amor aos irmãos.
Para o cristão, o Amor é fundamental, porque Deus é amor e ama o homem, e o homem é um ser criado para amar.
Talvez tenhamos de remover muito lixo acumulado com o tempo, que nos impede de compreender, de viver, de anunciar e de testemunhar o cerne da proposta de Jesus.

O AMOR A DEUS nós manifestamos quando nos mantemos na Escuta de sua Palavra e na disposição de cumprir a sua vontade.

* Esforço-me, de fato, em escutar as propostas de Deus,  mantendo um diálogo pessoal com Ele,
   procurando refletir e interiorizar a sua Palavra, tentando interpretar os sinais com que Ele me interpela na vida de cada dia?
    - Tenho o coração aberto ou fechado às suas propostas?
    - Procuro ser uma testemunha profética de Deus e do seu Reino?

O AMOR AOS IRMÃOS nós manifestamos ao dar atenção às pessoas que encontramos pelos caminhos da vida, ao sentir-nos solidários com as alegrias e sofrimentos de cada pessoa, ao partilhar as desilusões e esperanças do próximo, ao fazer da nossa vida um dom total a todos.
O mundo, em que vivemos, precisa redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço, a partilha, o dom da vida…

Nossa Assembléia, convocada pelo amor do Pai, realiza ao mesmo tempo o duplo mandamento (os dois amores). Unidos na caridade fraterna nos dirigimos ao Pai como filhos...

Estamos no último domingo do mês missionário... Vivendo intensamente esses dois amores (a Deus e ao Próximo), crescerá também em nós um novo "Ardor Missionário".

"O Dia Mundial das Missões reavive em cada um o desejo e a alegria
 de “ir” ao encontro da humanidade levando Cristo a todos".  (Bento XVI - 2011)   

"Amor não tem fronteiras, a vida é uma missão.
         Amor é para todos, Deus quer um mundo irmão". (Igreja em Missão)

                  
                                     Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 23.10.2011
Fonte: www.buscandonovasaguas.com

LEITURAS do XXX Domingo do tempo comum - Ano A

LITURGIA DA PALAVRA
Monição: Os estrangeiros, órfãos, viúvas, pobres em geral e todos os marginalizados da vida, são particularmente protegidos pelo Senhor. Ele está atento à maneira como são tratados por nós.

Primeira Leitura Êxodo 22, 21-27 (20-26)

Eis o que diz o Senhor: 21«Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás, porque vós próprios fostes estrangeiros na terra do Egipto. 22Não maltratarás a viúva nem o órfão. 23Se lhes fizeres algum mal e eles clamarem por Mim, escutarei o seu clamor; 24inflamar-se-á a minha indignação e matar-vos-ei ao fio da espada. As vossas mulheres ficarão viúvas, e órfãos, os vossos filhos. 25Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, ao pobre que vive junto de ti, não procederás com ele como um usurário, sobrecarregando-o com juros. 26Se receberes como penhor a capa do teu próximo, terás de lha devolver até ao pôr do sol, 27pois é tudo o que ele tem para se cobrir, é o vestuário com que cobre o seu corpo. Com que dormiria ele? Se ele.

Monição: No seu conjunto, este Salmo, é uma acção de graças pelas vitórias que o Senhor deu a David e à sua descendência. As antífonas orientam-nos para Jesus Cristo, o verdadeiro Ungido do Senhor.

Salmo Responsorial Sl 17 (18), 2-3.7.47.51ab (R. 2)

Refrão: EU VOS AMO, SENHOR: SOIS A MINHA FORÇA.
Eu Vos amo, Senhor, minha força,
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador.
Meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança,
meu protector, minha defesa e meu salvador.
Na minha aflição invoquei o Senhor
e clamei pelo meu Deus.
Do seu templo Ele ouviu a minha voz
e o meu clamor chegou aos seus ouvidos.
Viva o Senhor, bendito seja o meu protector;
exaltado seja Deus, meu salvador.
O Senhor dá ao Rei grandes vitórias
e usa de bondade para com o seu Ungido.

Monição: S. Paulo elogia os Tessalonicenses pela vivência alegre e convicta de sua fé. Tal comportamento era modelo para outras comunidades.

Segunda Leitura 1 Tessalonicenses 1, 5c-10

Irmãos: 5cVós sabeis como procedemos no meio de vós, para vosso bem. 6Tornastes-vos imitadores nossos e do Senhor, recebendo a palavra no meio de muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo; 7e assim vos tornastes exemplo para todos os crentes da Macedónia e da Acaia. 8Porque, partindo de vós, a palavra de Deus ressoou não só na Macedónia e na Acaia, mas em toda a parte se divulgou a vossa fé em Deus, de modo que não precisamos de falar sobre ela. 9De facto, são eles próprios que relatam o acolhimento que tivemos junto de vós e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro 10e esperar dos Céus o seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos: Jesus, que nos livrará da ira divina que há-de vir.

Monição: Jesus diz-nos que o essencial da Lei de Deus é o Amor e aponta caminhos que devemos seguir para assim fazermos o máximo aproveitamento da vida.

Evangelho São Mateus 22, 34-40
Naquele tempo, 34os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo, 35e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar: 36«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?»37Jesus respondeu: «‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. 38Este é o maior e o primeiro mandamento. 39O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. 40Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».

Fonte: www.presbiteros.com.br

Roteiro Homilético – XXX Domingo do Tempo Comum – Ano A


A questão posta a Jesus tinha como base a multiplicidade de leis mosaicas, ao todo 613.
37 «Jesus respondeu», citando uma passagem do A.T. (o texto é mais exacto em Mc 12, 29-30), que todo o judeu piedoso recitava duas vezes por dia – a chamada Xemá – e que muitos escreviam e metiam dentro das filactérias ou caixinhas que atavam à testa, ao braço esquerdo ou às costas da mão (cf. Dt 6, 4-9).
38-39 «O primeiro mandamento… O segundo…». Sendo inseparáveis estes dois preceitos, há neles uma jerarquia: devemos amar a Deus mais do que a ninguém e dum modo incondicional; ao próximo, como consequência e efeito do amor a Deus. Se amasse ao próximo por ele mesmo, e não por amor a Deus, esse amor impediria o cumprimento do primeiro mandamento e deixaria de ser autêntico amor ao próximo, pois entrar-se-ia pelo caminho de pouco se interessar pela sua salvação eterna e de vir a reduzir o próximo a uma determinada classe de pessoas, as que agradam ou oferecem vantagens, ou de o equiparar ao amor a um cachorrinho ou a um gato de estimação.

Sugestões para a homilia
O mais importante da vida.
A nossa correspondência ao amor de Deus.
A importância do amor ao próximo.
Como a vida será bem aproveitada.

1. O mais importante da vida.
Deus, que é Amor, criou-nos por amor e criou-nos para amar, pelo que, o amor, surge como o «habitat» natural e sobrenatural do nosso viver. Feliz quem ama e sabe amar. Por isso, à pergunta do doutor da Lei, Jesus afirma que no amor a Deus e ao próximo se resume toda a Lei e os Profetas.
Os rabinos de então descobriram na Bíblia 613 mandamentos: 365 proibições e 248 acções o que gerava em todos uma grande confusão. Era assim demasiado pesado o fardo que colocavam sobre as pessoas. Além disso, discutiam qual deles seria o maior. Havia quem afirmasse, que o mais importante, deveria ser o descanso de Sábado. No meio de tantas dúvidas, como vimos no Evangelho de hoje, um doutor da Lei, para experimentar Jesus, perguntou-Lhe: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?» E Jesus imediatamente respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito». Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo». «Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».
2. A nossa correspondência ao Amor de Deus.
Não podemos ter dúvidas, o Senhor, que é a Verdade, foi bem claro. Estaremos a aproveitar tanto melhor o tempo que Deus nos dá, quanto mais O amarmos de todo o coração. Ele não aceita corações divididos. Esta doação total concretiza-se com o cumprimento generoso e alegre da vontade do mesmo Deus. Para que seja possível esta maneira tão proveitosa de viver, é necessário que se dê prioridade à oração e à recepção assídua dos Sacramentos, onde se encontra a verdadeira fonte do Amor e a força para amar e para cumprir, com fidelidade, o plano amoroso que Deus a cada um quis conceder. Tudo isto pressupõe um plano de vida levado muito a sério. Com tais pressupostos essenciais, a vida será bem vivida e como que transformada em oração, com a possibilidade do tão necessário amor, não só existir, mas também crescer em nós. Assim, tudo poderá ser grande diante de Deus, pois que a grandeza das coisas depende apenas do amor com que são executadas.
3. A importância do nosso amor ao próximo.
Como vimos, Jesus chamou a atenção para a importância do amor ao próximo, equiparando-o ao próprio amor a Deus. Ele quer a salvação de todos os homens. Por todos morreu na cruz. Não podemos dizer que amamos a Deus, se não amamos o que Ele ama também. E o próximo, que Ele ama, são todos os outros. Todos, sem excepção: os nossos amigos e inimigos, santos e pecadores. Este amor aos outros, além de universal, deverá ser sincero e constante. Amar é estar ao serviço, atento às necessidades dos outros. Podemos mesmo afirmar que «o egoísmo é o suicídio do amor». Assim o amor aos outros surge como indicador do verdadeiro amor a Deus. A primeira Leitura chama particularmente a atenção para o socorro a prestar aos órfãos e às viúvas, isto é, aos mais carenciados e marginalizados da sociedade.
Esta preocupação pelos outros, não pode limitar-se às carências de bens materiais. Importa que todos encontrem também o verdadeiro caminho da salvação. Caminhos que temos também obrigação de apontar com o nosso viver. Na hora que passa, existem por aí, tantos desvios doutrinais no campo da justiça e da moral, concretamente na vivência da sexualidade, nas infidelidades conjugais, na mesquinhez verificada na aceitação dos filhos e sua educação integral, em tanta rejeição ao magistério da Igreja, na vida de namoro, no cumprimento de todos os mandamentos de Deus. Sinais desses caminhos errados estão certos comentários feitos recentemente a propósito dos 40 anos da maravilhosa e corajosa Encíclica de Paulo VI «Humanae Vitae».
Como Jesus lembra «que vale ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?»
Importa que todos, todos se salvem. É urgente lançar-lhes uma mão salvadora.
Como é importante preocuparmo-nos com a sorte eterna de todos. Rezar pela conversão dos pecadores foi um dos grandes pedidos de Nossa Senhora, em Fátima, afirmando mesmo que «vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas». Ensinou mesmo aos pastorinhos uma jaculatória para interceder por eles: «Ó meu Jesus perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno…socorrei sobretudo as almas mais precisadas». E «as almas mais precisadas» são os pecadores que estão em maior perigo de se perderem.
Na segunda Leitura, S. Paulo, manifesta a sua alegria por saber que os Tessalonicenses se amam e assim se tornam exemplo vivo para todos os crentes.
4. Como a vida será bem aproveitada.
Um dia seremos julgados pelo amor. Assim, a nossa vida na terra, será bem vivida, bem aproveitada, se amarmos a Deus sobre todas as coisas, com todo o coração e a todo o próximo pelo Seu amor. Cada dia da vida que passa, deverá ser vivido com mais amor. Só com uma vida assim, estaremos, com a misericórdia do Senhor, no caminho do reino dos céus, que é o Reino do Amor.
Fala o Santo Padre: «No amor se resume toda a lei divina.»
[…] A liturgia de hoje convida-nos a contemplar a Eucaristia como fonte de santidade e alimento espiritual para a nossa missão no mundo: este sumo «dom e mistério» manifesta e comunica a plenitude do amor de Deus.
A Palavra do Senhor, que há pouco ressoou no Evangelho, recorda-nos que no amor se resume toda a lei divina. O dúplice mandamento do amor de Deus e do próximo contém os dois aspectos de um único dinamismo do coração e da vida. Assim, Jesus leva a cumprimento a revelação antiga, sem acrescentar um mandamento inédito, mas realizando em si mesmo e na própria acção salvífica a síntese viva das duas grandes palavras da antiga Aliança: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração…» e «Amarás o próximo como a ti mesmo» (cf. Dt 6, 5; Lv 19, 18). Na Eucaristia nós contemplamos o Sacramento desta síntese viva da lei: Cristo entrega-nos em si mesmo a plena realização do amor a Deus e do amor aos irmãos. Ele comunica-nos este seu amor quando nos alimentamos do seu Corpo e do seu Sangue. Pode então realizar-se em nós quanto escreve São Paulo aos Tessalonicenses na segunda Leitura de hoje: «convertestes-vos dos ídolos de Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro» (1 Ts 1, 9). Esta conversão é o princípio do caminho de santidade que o cristão está chamado a realizar na sua existência. O santo é aquele que, sentindo-se de tal forma atraído pela beleza de Deus e pela sua perfeita verdade, progressivamente por ele é transformado. Por esta beleza e verdade está pronto a renunciar a tudo, também a si mesmo. Para ele é suficiente o amor de Deus, que experimenta no serviço humilde e abnegado do próximo, sobretudo de quantos não são capazes de retribuir. […]
Bento XVI, Vaticano, 23 de Outubro de 2005

terça-feira, 18 de outubro de 2011

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O DIA MISSIONÁRIO MUNDIAL DE 2008


«Servos e apóstolos de Jesus Cristo»

Queridos irmãos e irmãs

Por ocasião do Dia Missionário Mundial, gostaria de vos convidar a reflectir acerca da urgência que subsiste em anunciar o Evangelho inclusivamente nesta nossa época. O mandato missionário continua a constituir uma prioridade absoluta para todos os baptizados, chamados a ser «servos e apóstolos de Jesus Cristo» neste início de milénio. O meu venerado Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, já afirmava na Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, que «evangelizar constitui, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade» (n. 14). Como modelo deste compromisso apostólico, apraz-me indicar particularmente São Paulo, o Apóstolo das nações, uma vez que no corrente ano celebramos um Jubileu especial a ele dedicado. Trata-se do Ano Paulino, que nos oferece a oportunidade de familiarizar com este insigne Apóstolo, que recebeu a vocação de proclamar o Evangelho aos gentios, em conformidade com quanto o Senhor lhe tinha prenunciado: «Vai! É para longe, é para junto dos pagãos que Eu te hei-de enviar» (Act 22, 21). Como deixar de aproveitar a oportunidade oferecida por este Jubileu especial às Igrejas locais, às comunidades cristãs e a cada um dos fiéis separadamente, para propagar até aos extremos confins do mundo «o anúncio do Evangelho, força de Deus para a salvação de todo aquele que acredita» (cf. Rm 1, 16)?

1. A humanidade tem necessidade de libertação

A humanidade tem necessidade de ser libertada e redimida. A própria criação afirma São Paulo sofre e nutre a esperança de entrar na liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8, 19-22). Estas palavras são verdadeiras também no mundo de hoje. A criação sofre. A humanidade sofre e espera a verdadeira liberdade, aguarda um mundo diferente, melhor; espera a «redenção». E, em última análise, sabe que este novo mundo esperado supõe um homem novo, supõe «filhos de Deus». Vejamos mais de perto a situação do mundo de hoje. Se, por um lado, o panorama internacional apresenta perspectivas de um desenvolvimento económico e social promissor, por outro, chama a nossa atenção para algumas graves preocupações no que diz respeito ao próprio porvir do homem. Em não poucos casos, a violência caracteriza os relacionamentos entre os indivíduos e os povos; a pobreza oprime milhões de habitantes; as discriminações e às vezes até as perseguições por motivos raciais, culturais e religiosos impelem numerosas pessoas a escapar dos seus países para procurar refúgio e salvaguarda alhures; quando não tem como finalidade a dignidade e o bem do homem, quando não tem em vista um desenvolvimento solidário, o progresso tecnológico perde a sua potencialidade de factor de esperança e, ao contrário, corre o risco de agravar os desequilíbrios e as injustiças já existentes. Além disso, há uma ameaça constante no que se refere à relação homem-meio ambiente, devido ao uso indiscriminado dos recursos, com repercussões sobre a própria saúde física e mental do ser humano. Depois, o futuro do homem é posto em risco pelos atentados contra a sua vida, atentados estes que adquirem várias formas e modalidades.

Diante deste cenário, «sentimos o peso da inquietação, agitados entre a esperança e a angústia» (Constituição Gaudium et spes, 4) e, preocupados, interrogamo-nos: o que será da humanidade e da criação? Existe esperança para o futuro, ou melhor, há um futuro para a humanidade? E como será este futuro? A resposta a estas interrogações provêm-nos do Evangelho. Cristo é o nosso futuro e, como escrevi na Carta Encíclica Spe salvi, o seu Evangelho é a comunicação que «transforma a vida», incute a esperança, abre de par em par as portas obscuras do tempo e ilumina o porvir da humanidade e do universo (cf. n. 2). São Paulo compreendeu bem que somente em Cristo a humanidade pode encontrar a redenção e a esperança. Por isso, sentia impelente e urgente a missão de «anunciar a promessa da vida em Jesus Cristo» (2 Tm 1, 1), «nossa esperança» (1 Tm 1, 1), a fim de que todos os povos possam participar na mesma herança e tornar-se partícipes da promessa por meio do Evangelho (cf. Ef 3, 6). Ele estava consciente de que, desprovida de Cristo, a humanidade permanece «sem esperança e sem Deus no mundo (Ef 2, 12) sem esperança porque sem Deus» (Spe salvi, 3). Com efeito, «quem não conhece Deus, mesmo podendo ter muitas esperanças, no fundo está sem esperança, sem a grande esperança que sustenta toda a vida (cf. Ef 2, 12)» (Ibid., n. 27).

2. A Missão é uma questão de amor

Por conseguinte, anunciar Cristo e a sua mensagem salvífica constitui um dever premente para todos. «Ai de mim afirmava São Paulo se eu não anunciar o Evangelho!» (1 Cor 9, 16). No caminho de Damasco, ele tinha experimentado e compreendido que a redenção e a missão são obra de Deus e do seu amor. O amor de Cristo levou-o a percorrer os caminhos do Império Romano como arauto, apóstolo, anunciador e mestre do Evangelho, do qual se proclamava «embaixador aprisionado» (Ef 6, 20). A caridade divina tornou-o «tudo para todos, a fim de salvar alguns a qualquer custo» (1 Cor 9, 22). Considerando a experiência de São Paulo, compreendemos que a actividade missionária é a resposta ao amor com que Deus nos ama. O seu amor redime-nos e impele-nos rumo à missio ad gentes; é a energia espiritual capaz de fazer crescer na família humana a harmonia, a justiça, a comunhão entre as pessoas, as raças e os povos, à qual todos aspiram (cf. Carta Encíclica Deus caritas est, 12). Portanto é Deus, que é amor, quem conduz a Igreja rumo às fronteiras da humanidade e quem chama os evangelizadores a beberem «da fonte primeira e originária que é Jesus Cristo, de cujo Coração trespassado brota o amor de Deus» (Deus caritas est, 7). Somente deste manancial se podem haurir a atenção, a ternura, a compaixão, o acolhimento, a disponibilidade e o interesse pelos problemas das pessoas, assim como aquelas outras virtudes necessárias para que os mensageiros do Evangelho deixem tudo e se dediquem completa e incondicionalmente a difundir no mundo o perfume da caridade de Cristo.

3. Evangelizar sempre

Enquanto a primeira evangelização em não poucas regiões do mundo permanece necessária e urgente, a escassez de clero e a falta de vocações afligem hoje várias Dioceses e Institutos de vida consagrada. É importante reiterar que, mesmo na presença de dificuldades crescentes, o mandato de Cristo de evangelizar todos os povos permanece uma prioridade. Nenhuma razão pode justificar uma sua diminuição ou uma sua interrupção, dado que «a tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja» (Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, 14). Esta missão «ainda está no começo e devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço» (João Paulo II, Carta Encíclica Redemptoris missio, 1). Como deixar de pensar aqui no Macedónio que, tendo aparecido em sonho a Paulo, clamava: «Vem à Macedónia e ajuda-nos»? Hoje são inúmeros aqueles que esperam o anúncio do Evangelho, aqueles que se sentem sequiosos de esperança e de amor. Quantos se deixam interpelar profundamente por este pedido de ajuda que se eleva da humanidade, abandonam tudo por Cristo e transmitem aos homens a fé e o amor por Ele! (cf. Spe salvi, 8).

4. «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!» (1 Cor 9, 16)

Caros irmãos e irmãs, «duc in altum»! Façamo-nos ao largo no vasto mar do mundo e, aceitando o convite de Jesus, lancemos as redes sem temor, confiantes na sua ajuda constante. São Paulo recorda-nos que anunciar o Evangelho não é um título de glória (cf. 1 Cor 9, 16), mas uma tarefa e uma alegria. Estimados irmãos Bispos, seguindo o exemplo de Paulo, cada um se sinta «prisioneiro de Cristo em favor dos pagãos» (Ef 3, 1), consciente de que nas dificuldades e nas provações pode contar com a força que dele nos provém. O Bispo é consagrado não apenas para a sua diocese, mas para a salvação do mundo inteiro (cf. Carta Encíclica Redemptoris missio, 63). Como o Apóstolo Paulo, ele é chamado a ir ao encontro daqueles que estão distantes, dos que ainda não conhecem Cristo, ou que ainda não experimentaram o seu amor libertador; o seu compromisso consiste em tornar missionária toda a comunidade diocesana, contribuindo de bom grado, em conformidade com as possibilidades, para destinar presbíteros e leigos a outras Igrejas, para o serviço da evangelização. Assim, a missio ad gentes torna-se o princípio unificador e convergente de toda a sua actividade pastoral e caritativa.

Vós, queridos presbíteros, primeiros colaboradores dos Bispos, sede pastores generosos e evangelizadores entusiastas! Não poucos de vós, ao longo destas décadas, partiram para os territórios de missão, a seguir à Carta Encíclica Fidei donum, cujo 50º aniversário há pouco comemorámos, e com a qual o meu venerado Predecessor o Servo de Deus Pio XII deu impulso à cooperação entre as Igrejas. Formulo votos a fim de que não definhe esta tensão missionária nas Igrejas locais, apesar da escassez de clero que aflige não poucas delas.

E vós, amados religiosos e religiosas, caracterizados por vocação por uma forte conotação missionária, levai o anúncio do Evangelho a todos, especialmente aos que estão distantes, mediante um testemunho coerente de Cristo e um seguimento radical do seu Evangelho.

Todos vós, prezados fiéis leigos que trabalhais nos diversos âmbitos da sociedade, sois chamados a participar na difusão do Evangelho de maneira cada vez mais relevante. Assim, abre-se diante de vós um areópago complexo e multifacetado a ser evangelizado: o mundo. Dai testemunho com a vossa própria vida, do facto de que os cristãos «pertencem a uma sociedade nova, rumo à qual caminham e que, na sua peregrinação, é antecipada» (Spe salvi, 4).

5. Conclusão

Caros irmãos e irmãs, a celebração do Dia Missionário Mundial encoraje todos vós a tomar uma renovada consciência da urgente necessidade de anunciar o Evangelho. Não posso deixar de relevar com profundo apreço a contribuição das Pontifícias Obras Missionárias para a acção evangelizadora da Igreja. Agradeço-lhes o apoio que oferecem a todas as Comunidades, de maneira especial às mais jovens. Elas constituem um válido instrumento para animar e formar missionariamente o Povo de Deus e alimentam a comunhão de pessoas e de bens entre os vários membros do Corpo místico de Cristo. A colecta, que no Dia Missionário Mundial se realiza em todas as paróquias, seja um sinal de comunhão e de solicitude recíproca entre as Igrejas. Enfim, que no povo cristão se intensifique cada vez mais a oração, meio espiritual indispensável para difundir no meio de todos os povos a luz de Cristo, «a luz por antonomásia» que resplandece sobre «as trevas da história» (Spe salvi, 49). Enquanto confio ao Senhor a obra apostólica dos missionários, das Igrejas espalhadas pelo mundo e dos fiéis comprometidos em várias actividades missionárias, invocando a intercessão do Apóstolo Paulo e de Maria Santíssima, «Arca da Aliança viva», Estrela da evangelização e da esperança, concedo a todos a Bênção apostólica.

Bento XVI, Vaticano, 11 de Maio de 2008

REFLEXÃO sobre as leituras do XXIX Domingo do Tempo Comum - ano A

Deus e César
O Cristão é um cidadão como todos os outros: desfruta dos mesmos direitos e tem os mesmos deveres.
E os impostos, ele é obrigado a pagar?
As Leituras nos dão uma resposta...
Na 1aLeitura, um rei pagão foi "instrumentos de Deus" para libertar o seu povo da escravidão da Babilônia. (Is 45,1.4-6)
Ciro, Rei da Pérsia, foi um excelente comandante e político iluminado. Conquistou todos os impérios do oriente, inclusive a Babilônia.

No ano 538, depois de conquistar a Babilônia, permitiu os judeus voltarem à própria terra e começarem a reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém.
O profeta chama o rei pagão de "ungido do Senhor".
Ciro torna-se instrumento de Deus, mesmo sem o conhecer, sem mesmo ser membro do povo da Aliança.
* O texto sugere que Deus é o verdadeiro "Senhor da História" e que é ele quem conduz a caminhada do seu Povo.
Deus pode se servir de qualquer pessoa para realizar seus projetos.
Pode se servir de dirigentes até sem religião, desde que sejam  competentes, honestos e saibam promover o bem-estar e a paz.
- O contrário também pode acontecer:  Nem toda pessoa "religiosa" e bem intencionada tem a necessária competência para uma função pública.

Na 2ª Leitura, Paulo louva o Senhor, porque a Comunidade de Tessalônica abraçou com entusiasmo o Evangelho, e pela ação do Espírito Santo, deu frutos de fé, de amor e de esperança. (1Tes 1,1-5b)
É a carta mais antiga de São Paulo.

No Evangelho, Jesus responde a uma pergunta política. (Mt 22,34-40)
Discípulos dos fariseus e herodianos, favoráveis ao poder romano, fazem uma pergunta capciosa: "É permitido ou não pagar o TRIBUTO a César?"
- Se dissesse SIM: apareceria como colaborador da dominação romana.
Se dissesse NÃO: seria denunciado às autoridades romanas como subversivo.
- Jesus percebe a armadilha. Pede uma moeda e pergunta:
"De quem é essa imagem?
"Dai pois a César o que é de César..."  e acrescenta: "...e a Deus o que é de Deus"
+ "Dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus":
"Dar" significa aqui "devolver" a cada um o que lhe pertence.
Não deve dar a César o que não lhe pertence: a ADORAÇÃO, devida unicamente a Deus (não aos imperadores...).
* Jesus não nega o pagamento do tributo imperial.
O amor a Deus não tira as obrigações para com a nação.
Mas questiona a pretensão de César de se nivelar a Deus e exigir dos súbditos culto só devido a Deus.
A resposta reduzia César às suas devidas dimensões.
+ Um Perigo: Tirar o lugar de Deus.
- Uns reconhecem a autoridade do império, por isso servem aos interesses dele, pagando o imposto;
- Outros querem reconhecer a autoridade de Deus,
mas deixam de lado o que é de Deus.
O dinheiro, o poder, o êxito, a realização profissional, a ascensão social, o clube de futebol… podem tomar o lugar de Deus e passam a dirigir e a condicionar a vida de muitas pessoas.
* Deus é, de fato, nosso único "Senhor", a quem servimos?
+ Conclusões da resposta de Jesus:
- "Dar a César..." (a imagem de César)
O Cristão tem obrigações com a Sociedade em que vive.
Nenhum país funciona se a população não der a César o que é de César...
O cristão deve ser um bom cidadão.
É uma obrigação moral, além de civil, contribuir para o bem comum
com o pagamento de impostos justos.
- "Dar a Deus" (o homem foi criado à "imagem" de Deus)
Por isso, seus direitos e sua dignidade devem ser respeitados por todos.
Nós somos o "seu Povo", que não pode ser vendido a nenhum César.
Se tiramos de Deus o que lhe pertence, devemos "devolver".
Só Deus é o "Senhor" de nossa vida...
- Dar à Comunidade cristã (devemos ser membro vivo e atuante...)
- Participar na Vida e Ação Evangelizadora e Missionária da Igreja...
A Igreja no Brasil nos pede que todos devemos:
"EVANGELIZAR, a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo". (DGAE)
- Colaborar pela sua manutenção, com o Dízimo...
A Bíblia fala e condena os que "sonegam" o tributo do templo...
+ Estamos, de fato, dando a César o que é de César e a Deus o que é de Deus?
Não podemos "sonegar" o nosso tributo nem a Deus, nem à Nação, nem à Comunidade...
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 16.10.2011

Roteiro Homilético – XXIX Domingo do Tempo Comum – Ano A

Roteiro Homilético – XXIX Domingo do Tempo Comum – Ano A

Evangelho: São Mateus 22, 15-21

Naquele tempo, 15os fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse. 16Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos, juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus, sem te preocupares com ninguém, pois não fazes acepção de pessoas. 17Diz-nos o teu parecer: É lícito ou não pagar tributo a César?» 18Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu: «Porque Me tentais, hipócritas? 19Mostrai-me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um denário e Jesus perguntou: 20«De quem é esta imagem e esta inscrição?» 21Eles responderam: «De César». Disse-Lhes Jesus: «Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus».
A questão proposta era uma hábil cilada em que Jesus deveria cair: se dissesse que se devia pagar o tributo a Tibério César, ali estavam os «fariseus» para O desacreditarem perante o povo, pois apoiava o domínio romano, ao qual os fariseus se opunham tenazmente; se Jesus dissesse que não, ali tinha os «herodianos», que O iriam denunciar a Pilatos como rebelde e agitador do povo contra os Romanos, pois os partidários de Herodes apoiavam o domínio romano.

19 «A moeda do tributo». Era o denário, que tinha a efígie do imperador com a inscrição: «Tibério César, filho do divino Augusto».
21 Jesus evita cair na armadilha, dando uma resposta que transcende a pergunta: a pergunta era política; a resposta é de ordem moral e religiosa e muito mais ampla. Se é certo que Jesus declara: «dai a César o que é de César», também é verdade que restringe imediatamente esta declaração, ao afirmar um princípio superior: «dai a Deus o que é de Deus». É como se dissesse: dai a César o que lhe pertence, mas não mais do que aquilo que lhe pertence, pois há direitos superiores e prioritários, os de Deus, Yahwéh, a quem César tem de servir.

Sugestões para a homilia

Vamos principiar com algumas advertências tiradas da mensagem do Santo padre, Bento XVI, para este Dia Mundial das Missões.

A dado passo da Sua Mensagem, diz Bento XVI: «O meu venerado Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, já afirmava na Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, que «evangelizar constitui, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade» (n.14). Como modelo deste compromisso apostólico, apraz-me indicar particularmente São Paulo, o Apóstolo das nações, uma vez que no corrente ano celebramos um Jubileu especial a ele dedicado. Trata-se do Ano Paulino, que nos oferece a oportunidade de familiarizar com este insigne Apóstolo, que recebeu a vocação de proclamar o Evangelho aos gentios…
Como deixar de aproveitar a oportunidade oferecida por este jubileu especial às Igrejas locais, às comunidades cristãs e a cada um dos fiéis separadamente, para propagar até aos extremos confins do mundo «o anúncio do Evangelho, força de Deus para a salvação de todo aquele que acredita» (cf. Rm 1,16»
Perante os graves problemas com que se debate a humanidade hodierna o Santo Padre pergunta: «O que será da humanidade e da criação? Existe esperança para o futuro, ou melhor, há um futuro para a humanidade? Como será esse futuro? A resposta a estas interrogações provêm-nos do Evangelho. Cristo é o nosso futuro e, como escrevi na Carta Encíclica Spe salvi, o seu Evangelho é a comunicação que «transforma a vida», incute esperança, abre de par em par as portas obscuras do tempo e ilumina o porvir da humanidade e do universo (cf. n.2). São Paulo compreendeu bem que somente em Cristo a humanidade pode encontrar a redenção e a esperança. Com efeito, «quem não conhece Deus, mesmo podendo ter muitas esperanças, no fundo está sem esperança».

Últimas palavras da Mensagem:
«Enquanto confio ao Senhor a obra apostólica dos missionários, das Igrejas espalhadas pelo mundo e dos fiéis comprometidos em várias actividades missionárias, invocando a intercessão do Apóstolo Paulo e de Maria Santíssima, Estrela de Evangelização e da Esperança, concedo a todos a Bênção Apostólica».

Apelo
Tudo a mais que pode dizer-se já é suficientemente conhecido. Rezemos, ofereçamos algo das nossas economias e lembremos o atraso e a miséria em que vivem muitas Nações.
Recordo só este caso: Esteve entre nós um Padre da Guiné-Bissau. Falou dos imensos problemas que lá existiam e uma das grandes aspirações era levar um tractor para melhorar a agricultura naquele País. Sem máquinas, como se pode viver? A miséria é tal que nós, dificilmente acreditámos. Não se pode pregar a estômagos vazios.

FONTE: http://www.presbiteros.com.br/


Leituras do XXIX Domingo do Tempo Comum - Ano A

16 de Outubro de 2011
Primeira Leitura

Monição: Ciro, rei da Pérsia, foi chamado para um trabalho de grande responsabilidade. O trabalho missionário é mais importante que a missão de Ciro.

Isaías 45, 1.4-6

1Assim fala o Senhor a Ciro, seu ungido, a quem tomou pela mão direita, para subjugar diante dele as nações e fazer cair as armas da cintura dos reis, para abrir as portas à sua frente, sem que nenhuma lhe seja fechada: 4«Por causa de Jacob, meu servo, e de Israel, meu eleito, Eu te chamei pelo teu nome e te dei um título glorioso, quando ainda não Me conhecias. 5Eu sou o Senhor e não há outro; fora de Mim não há Deus. Eu te cingi, quando ainda não Me conhecias, 6para que se saiba, do Oriente ao Ocidente, que fora de Mim não há outro. Eu sou o Senhor e mais ninguém».

A leitura é tirada do Segundo Isaías; apresenta o rei Ciro da Pérsia, que em 539 acabou com o reino de Babilónia. Este é chamado, à maneira dos reis do povo escolhido, como o «Ungido» de Yahwéh. Ele permitiu que os exilados hebreus regressassem à pátria, e reconstruíssem o templo de Jerusalém. Nesta passagem, o profeta dá-lhe os grandiosos títulos de «Pastor» e «Ungido» do Senhor. É saudado como instrumento de Deus para libertar Israel e difundir a fé em Yahwéh, o único Deus. Também no Evangelho se fala doutro imperador pagão, Tibério César, mas sem que seja elogiado, ou condenado.

Salmo Responsorial

Sl 95 (96), l.3.4-5.7-8.9-10a.c (R. 7b)

Monição: Que todos os nossos actos aclamem a glória e o poder do Senhor.

Refrão: ACLAMAI A GLÓRIA E O PODER DO SENHOR.

Cantai ao Senhor um cântico novo,

cantai ao Senhor, terra inteira.

Publicai entre as nações a sua glória,

em todos os povos as suas maravilhas.

O Senhor é grande e digno de louvor,

mais temível que todos os deuses.

Os deuses dos gentios não passam de ídolos,

foi o Senhor quem fez os céus.

Dai ao Senhor, ó família dos povos,

dai ao Senhor glória e poder.

Dai ao Senhor a glória do seu nome,

levai-Lhe oferendas e entrai nos seus átrios.

Adorai o Senhor com ornamentos sagrados,

trema diante d’Ele a terra inteira.

Dizei entre as nações: «O Senhor é Rei»,

governa os povos com equidade.

Segunda Leitura

Monição: É necessário que todos os que evangelizam o façam «não somente com palavras, mas também com obras poderosas e com a acção do Espírito (1.ªTessalonicenses, 1, 5b)

1 Tessalonicenses 1, 1-5b

1Paulo, Silvano e Timóteo à Igreja dos Tessalonicenses, que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: A graça e a paz estejam convosco. 2Damos continuamente graças a Deus por todos vós, ao fazermos menção de vós nas nossas orações. 3Recordamos a actividade da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo, na presença de Deus, nosso Pai. 4Nós sabemos, irmãos amados por Deus, como fostes escolhidos. 5bO nosso Evangelho não vos foi pregado somente com palavras, mas também com obras poderosas, com a acção do Espírito Santo.

É este o início daquele que é muitíssimo provavelmente primeiro de todos os escritos do Novo Testamento, e dos que são mais fáceis de datar: pelo ano 51. S. Paulo. em Corinto, recebe, através de Timóteo, boas noticias da comunidade fundada há pouco, no decurso desta 2.ª viagem apostólica, e escreve esta carta cheia de carinho, para os confirmar na fé. Temos a breve saudação inicial (v. 1), à boa maneira clássica; junto a Paulo estavam dois dos seus companheiros da 2ª viagem, Silvano(Silas) e Timóteo. Chamamos a atenção para o facto de que nas palavras de acção de graças a Deus pela fidelidade dos Tessalonicenses (vv. 3-10), o Apóstolo, uns 20 anos após a Morte e Ressurreição de Cristo, alude ao mistério central da nossa fé, ao referir o «Pai», ao Filho, «o Senhor Jesus» (v. 3) e ao «Espírito Santo» (v. 5).

Evangelho

São Mateus 22, 15-21

Naquele tempo, 15os fariseus reuniram-se para deliberar sobre a maneira de surpreender Jesus no que dissesse. 16Enviaram-Lhe alguns dos seus discípulos, juntamente com os herodianos, e disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas, segundo a verdade, o caminho de Deus, sem te preocupares com ninguém, pois não fazes acepção de pessoas. 17Diz-nos o teu parecer: É lícito ou não pagar tributo a César?» 18Jesus, conhecendo a sua malícia, respondeu: «Porque Me tentais, hipócritas? 19Mostrai-me a moeda do tributo». Eles apresentaram-Lhe um denário e Jesus perguntou: 20«De quem é esta imagem e esta inscrição?» 21Eles responderam: «De César». Disse-Lhes Jesus: «Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus».

domingo, 9 de outubro de 2011

Roteiro Homilético – XXVIII Domingo do Tempo Comum – Ano A

A parábola dos convidados para as bodas (com grande paralelo com a de Lc 14, 15-24) está na sequência das dos dois últimos domingos, a dos dois filhos e a dos vinhateiros homicidas, pois se insere nas controvérsias de Jesus com as autoridades judaicas de Jerusalém e visam apresentar a Igreja como o novo povo de Deus, que corresponde à chamada divina. Esta parábola completa as anteriores, ao apresentar claramente o chamamento para o «banquete» – imagem bíblica do Reino de Deus – dirigido a todos aqueles que os mensageiros encontrarem «nas encruzilhadas dos caminhos» (v. 9).

1-7 A primeira parte da parábola fala do convite feito, em primeiro lugar, aos mais dignos – os judeus – para entrarem no Reino de Deus inaugurado por Cristo (o filho).É um convite, por isso pode não ser aceite; mas, dado que é Deus quem convida, não há nenhuma escusa legítima: não podem prevalecer impunemente os mesquinhos interesses humanos ao maravilhoso plano divino.

8-13 A segunda parte refere-se à chamada dos gentios – os menos dignos – à fé. Mas também não é suficiente a fé; são necessárias as boas obras (»o traje nupcial»: v. 12). A parábola também mostra como no Reino de Deus há bons e maus, mas, quando o Rei vier – para o juízo final (é claro o matiz escatológico da parábola) –, excluirá definitivamente todos os que não quiseram vestir o traje nupcial da graça.

Sugestões para a homilia

O banquete do Reino

Convite dirigido a todos os homens

Na orientação do nosso coração para Jesus

O banquete do Reino

A Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, inúmeras vezes nos apresenta a vida como uma festa que devemos saber aproveitar. Ora, na primeira leitura deste domingo, o profeta Isaías ao falar de Deus que nos prepara um banquete de manjares suculentos, leva-nos a imaginar a felicidade que o Senhor prepara para os seus filhos. O sonho, que desde sempre tem acompanhado o homem, torna-se realidade na casa de Deus, nosso Pai. Assim, tudo aquilo que é morte e derrota como a falta de rumo para a existência, a ausência de ideais, o fracasso, a dor, a fome, a doença, o desprezo, serão completamente eliminados.

Com a vinda de Jesus Cristo, todas as situações de morte são transformadas em alegria e felicidade, pela festa do banquete do Reino.

A esta felicidade e alegria são convidados todos os povos.

Convite dirigido a todos os homens

Tal nos demonstra Jesus, no Evangelho, ao concretizar o banquete do Reino na festa nupcial que o Pai prepara em honra de Seu Filho, o Esposo da nova humanidade.

Na alegria desta festa há porém elementos que nos obrigam a reflectir.

Os primeiros convidados, que representam os guias espirituais de Israel, já se encontram satisfeitos com a organização religiosa que montaram e que lhes comunica segurança e, por isso, rejeitam ir ao banquete.

Ora, todos os que não são pobres, os que se recusam a abandonar as próprias garantias materiais e espirituais, que não têm fome e sede de um mundo novo, jamais entrarão no Reino de Deus, pois ficarão satisfeitos com as insignificâncias em que estão envolvidos.

O banquete é então aberto a convidados recolhidos ao longo do caminho, «bons e maus», que caracterizam a Igreja, comunidade tão múltipla, que se abre a toda a gente, sem rejeições. É o Novo Povo de Deus em que se dá a todo o homem a possibilidade de encontrar o Salvador.

Esta parábola é uma chamada a abrir o coração e as portas das nossas comunidades a qualquer género de pessoas, aos pobres, aos abandonados, a quem é recusado por todos.

Todavia, é fundamental que cada convidado corresponda ao convite e se prepare condignamente para tomar parte nele.

Na orientação do nosso coração para Jesus
No detalhe da veste nupcial está compreendido um apelo à nossa responsabilidade. Não basta sermos convidados: é preciso saber corresponder e ser merecedor do convite, através da nossa conduta activa e testemunhal.
S. Paulo, como lemos na segunda leitura, homem habituado a uma vida dura, às perseguições, à fome, sente-se comovido com as ofertas enviadas pela comunidade dos filipenses para o acalentarem na prisão, onde ele se encontrava detido. É então que ele afirma que a felicidade não reside na fartura ou na carência dos bens materiais, mas sim na direcção do nosso coração em face da vida. E esta bússola define a orientação do nosso coração para Jesus Cristo.
Cabe aqui recordar a necessidade de termos uma palavra de gratidão, através de gestos e acções concretas, para com todos aqueles que deixaram a formação de uma família própria, que tudo abandonaram, para se dedicarem completamente à pregação do Evangelho e que, tantas vezes incompreendidos, não recebem qualquer sinal de apreço e amizade das comunidades a que se dedicam.
Perante este convite urgente à conversão do nosso coração, saibamos aceitar a lógica e a «roupa nova» dos filhos do Reino de Deus, construindo deste modo a nossa verdadeira felicidade em alegria, comunhão, amizade e confiança.

FONTE:http://www.presbiteros.com.br




LEITURAS do XXVIII domingo do tempo comum - Ano A

LEITURA I – Is 25,6-10a 

Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos.Sobre este monte, há-de tirar o véu que cobria todos os povos, o pano que envolvia todas as nações;destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou. Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou. A mão do Senhor pousará sobre este monte».

LEITURA II – Filip 4,12-14.19-20

Irmãos: Sei viver na pobreza e sei viver na abundância. Em todo o tempo e em todas as circunstâncias, tenho aprendido a ter fartura e a passar fome, a viver desafogadamente e a padecer necessidade. Tudo posso n’Aquele que me conforta. No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição. O meu Deus proverá com abundância a todas as vossas necessidades, Segundo a sua riqueza e magnificência, em Cristo Jesus. Glória a Deus, nosso Pai, pelos séculos dos séculos. Amen.

EVANGELHO – Mt 22,1-14

Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: «O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, os bois e os cevados foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas’. Mas eles, sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; os outros apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade. Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes’. Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se de convidados. O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial. E disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’. Mas ele ficou calado. O rei disse então aos servos:‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes’. Na verdade, muitos são os chamados.»
Fonte:www.presbiteros.com.br