quarta-feira, 31 de março de 2021

É sempre bom recordar...

Visita da euro deputada luxemburguesa de origem cabo-verdiana, Mónica Semedo.

 

Webinário sob o tema: Família e Educação: A Pedagogia do Amor


 Este webinário decorreu no passado sábado, 27 de março, às 15:30, no Centro Paroquial da Praia e foi ministrado pela professora Hildegarda Brito, membro da APC -  Núcleo da Praia.

Quaresma: 40 práticas de Amor


 

Evangelho e reflexão do dia 31 de março de 2021

 Santa e abençoada quarta-feira da semana santa!!! “O Senhor Deus vem em meu auxílio…” 

 ORAÇÃO INICIAL

 Senhor, que hoje desperte com sede da Tua Palavra! Abre, Jesus, os meus ouvidos para Te escutar sem resistências; que a Tua voz ecoe dentro de mim mais forte do que todas as outras vozes! 

PALAVRA DE DEUS 

 Hoje a Palavra de Deus chega-nos em Isaías 50, 4-9. O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, por isso não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido. O meu Defensor está perto de mim. Pretende alguém instaurar-me um processo? Compareçamos juntos. Quem é o meu adversário? Que se apresente! O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me? 

PISTAS DE ORAÇÃO

 Estamos em plena Semana Santa. Acompanhamos Jesus no Seu caminho Pascal. Este cântico de Isaías, do Servo de Jahvé, mostra o sofrimento, mas também a confiança no Deus verdadeiro. Jesus, na Sua Paixão, assumiu todo o sofrimento do mundo. Este ano senti muito essa união de Jesus a todas as pessoas que estão a sofrer. Acompanhei algumas e vi que, no grande sofrimento que tiveram, souberam pôr a sua confiança em Deus e n’Ele se apoiaram. Puderam dizer como o servo: “O meu Defensor está junto de mim”. E o fardo tornou-se mais leve, possível de ser carregado até ao fim. Todas as circunstâncias da minha vida, fáceis ou difíceis, posso vivê-las bem, se perceber que Deus está por mim e não contra mim! “Se Deus está por nós, quem poderá estar contra nós? Ele, que nem sequer poupou o Seu próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como não havia de nos oferecer tudo juntamente com Ele?” Cada dia somos convidados a parar, dando tempo a Deus para O escutar. Somos desafiados a penetrar na Palavra de Deus para tomarmos consciência deste amor imenso, para podermos reconhecer como se manifesta na nossa vida, como de todas as circunstâncias podemos sair vencedores, porque nada nem ninguém nos pode separar do Seu Amor. Toda esta riqueza que, como discípulos, recebemos, não é para ficar guardada em nós! Cheios dessa força, poderemos levá-la aos desanimados. Só Deus pelo Seu Espírito Santo nos pode dar as palavras certas para levar alento aos que mais dele precisam. 

ORAÇÃO FINAL

 Jesus, que o nosso coração se encha de amor no contacto Contigo! Que sejamos esses canais “desentupidos”, por onde o amor passa, por onde o alento e a esperança chegam a todos. Amém!!!

segunda-feira, 29 de março de 2021

Boa Semana santa a todos!

Evangelho e reflexão_ 90_03_2021_Segunda-feira Santa

Evangelho (Jo 12,1-11)

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.

— Glória a vós, Senhor.

1Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo.

4Então, falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: 5“Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para dá-las aos pobres?” 6Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela.

7Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia de minha sepultura. 8Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”.

9Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus ressuscitara dos mortos. 10Então, os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11porque, por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

 

HOMILIA

Coloquemo-nos aos pés do Mestre Jesus

“Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos” (João 12,3).

Jesus voltou para a casa de Marta, Maria e Lázaro, porque a pouco Ele havia ressuscitado Lázaro dos mortos. Que graça Ele estar na casa daquela família!

Maria, mais uma vez, se coloca aos pés de Jesus e se coloca aos pés do Seu Mestre com o melhor que ela tem: meio litro de perfume de nardo puro, um dos perfumes mais caros que se têm para ungir os pés de Jesus.

Sabe por que ela está ungindo os pés de Jesus? Porque ela reconhece Jesus como Seu Senhor e Salvador, ela reconhece Jesus como Aquele que trouxe vida para a sua vida. Ela parava para ouvir Jesus. Aquela que para para ouvir a Jesus, para para adorá-Lo; aquela que deixou antes seus afazeres para escutar o Mestre, é aquela que deixa seus afazeres para adorar o Mestre. Maria antecipa aquilo que será a unção de Jesus, o corpo de Jesus morto. Ela está ali para adorar o Senhor, Aquele que ela reconhece como Seu Salvador.

Coloquemo-nos aos pés do Mestre, para ouvi-Lo, adorá-Lo e amá-Lo

Ela se joga inteira aos pés dos Mestre, ela enxuga, inclusive, os pés do Mestre com seus próprios cabelos. A unção do bálsamo se espalhou por toda a casa, porque o bálsamo da unção de Jesus para aqueles que O acolhem, se espalha. E essa unção chega até nós como o novo odor, o novo sabor, o novo gosto que a vida de Jesus traz até nós.

Um dos discípulos de Jesus, o ambicioso, ganancioso e avarento Judas, se contrapõe porque ele está parado no dinheiro que custa aquele perfume e não na pessoa de Jesus. Vivendo tanto tempo com Jesus, Judas não adorou Jesus, mas adorava o dinheiro. Vivendo tanto tempo com Jesus, Maria não adorava o dinheiro e não olhava para o que ele significava, porque o grande valor da sua vida era Jesus. Quem dava valor e significado a sua vida era o Mestre Jesus, por isso, ela não temeu gastar e se desgastar para estar aos pés de Jesus.

Quem tem um coração desprendido e verdadeiramente ama se joga, gasta seu tempo e seus valores para encontrar um único e verdadeiro valor que preenche a nossa vida, e esse bem jamais nos será tirado, esse bem é Jesus.

Coloquemo-nos aos pés do Mestre, para ouvi-Lo, adorá-Lo e amá-Lo, porque esse tesouro precioso nem a morte poderá nos tirar.

Deus abençoe você!

Fonte: https://liturgia.cancaonova.com/pb/

 

sexta-feira, 12 de março de 2021

Evangelho e reflexão do dia 12 de março de 2021

 Santa e abençoada Sexta-feira para todos!!! ‘Qual é o primeiro de todos os mandamentos?’ 

ORAÇÃO INICIAL 

Bom dia, Jesus. Obrigada por este tempo Quaresmal que nos ofereces para aprender Contigo a discernir o que realmente é essencial na vida. Ajuda-nos, ilumina-nos e guia-nos nas pequenas e grandes decisões da vida. 

 PALAVRA DE DEUS 

O evangelho de hoje é Marcos 12, 28-34. Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» Jesus respondeu-lhe: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-Lo com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-Lo. 

 PISTAS DE ORAÇÃO

 A Quaresma é um tempo em que Deus nos convida a ir mais além do nosso conforto e dos nossos gostos para crescer no amor a nós próprios, aos outros e a Deus. Há quem faça, neste tempo, o sacrifício de não comer chocolate, carne, de não entrar no Facebook ou não bisbilhotar. Já estamos a metade da Quaresma, e eu sinto que a pergunta “Que fazer em especial neste tempo?” ainda me segue interiormente. O evangelho de hoje apresenta-nos um critério essencial de vida em qualquer discernimento, seja quanto ao que fazer de especial na Quaresma ou diante de uma opção de trabalho, de relação humana ou de caminho vocacional. Um escriba, ao contrário de outras vezes, faz uma pergunta a Jesus, não para O criticar, mas apreciando-O e considerando-O: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» Jesus respondeu-lhe: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu ser e ao teu próximo como a ti mesmo.» O critério de buscar sempre o que nos ajude a crescer no amor foi o que marcou a vida de Jesus e é como Ele nos guia. A palavra amor, no evangelho, traduz-se originalmente como “ágape”, que significa a atitude ou gesto daquele que se dá gratuitamente, sacrificialmente, livremente, mais além do prazer ou da recompensa que possa receber. Como reconhecemos que este é o amor com que Deus nos trata e ama? A que nos chama este amor de “ágape”? 

 ORAÇÃO FINAL 

Senhor, ajuda-me a experimentar o Teu abraço protetor, respeitoso e cheio de esperança. Ilumina-me para que o Teu amor possa crescer em mim nesta Quaresma e possa guiar-me nas opções e discernimentos. Amém!!!

Já houve 3 vezes mais abortos em 2021 do que mortes por covid na pandemia toda

7,99 milhões de abortos (em menos de 2 meses e meio) versus 2,6 milhões de mortes por covid (em mais de 14 meses)

Já houve 3 vezes mais abortos em 2021 do que mortes por covid-19 na pandemia toda.

Na manhã desta quarta-feira, 10 de março, a soma das mortes provocadas pela covid-19 em todo o planeta desde o começo da pandemia está em torno de 2,625 milhões.

Nesta mesma manhã, o total de abortos perpetrados no mundo somente em 2021, em menos de 2 meses e meio, já superou o triplo desta marca dramática: foram mais de 7,985 milhões de abortos desde o dia 1º de janeiro.

Isso mesmo: em menos de 2 meses e meio do ano de 2021, os abortos propositais já equivalem a 3 pandemias de covid-19, com base no total de mortes provocadas por essa peste histórica ao longo de mais de 14 meses.

A fonte dos dados é o site Worldometers.info, um painel de estatísticas mundiais que apresenta números a partir de fontes oficiais. Ele mostra, por exemplo, que, do dia 1º de janeiro de 2021 até a manhã deste dia 10 de março, já nasceram 26,2 milhões de pessoas, enquanto faleceram 11 milhões de seres humanos – sem contar os casos de aborto.

Os números do Worldometers, por mais chocantes e inacreditáveis que pareçam, guardam coerência com os dados históricos da própria Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo estatísticas da OMS confirmadas pelo Instituto Guttmacher, entre 2015 e 2019 foram realizados em média 73,3 milhões de abortos não espontâneos POR ANO, ou seja, uma média de 6,10 milhões de abortos POR MÊS.

Além disso, dados de 2018 do Center for Disease Control (Centro de Controle de Doenças), dos Estados Unidos, mostram que, só nos EUA, as mulheres negras são levadas a abortar 3 vezes mais do que as mulheres brancas: 33,6% dos bebês que foram mortos em abortos eram negros, embora a população negra no país represente apenas 12,3% da população.


 Fonte e link da notícia:https://pt.aleteia.org/2021/03/10/ja-houve-3-vezes-mais-abortos-em-2021-do-que-mortes-por-covid-na-pandemia-toda/?utm_campaign=NL_pt&utm_source=daily_newsletter&utm_medium=mail&utm_content=NL_pt

segunda-feira, 1 de março de 2021

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2021

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2021

«Vamos subir a Jerusalém…» (Mt 20, 18). Quaresma: tempo para renovar a fé, a esperança e a caridade.

Queridos irmãos e irmãs!

Jesus, ao anunciar aos discípulos a sua paixão, morte e ressurreição como cumprimento da vontade do Pai, desvenda-lhes o sentido profundo da sua missão e convida-os a associarem-se à mesma pela salvação do mundo.

Ao percorrer o caminho quaresmal que nos conduz às celebrações pascais, recordamos Aquele que «Se rebaixou a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz» (Flp 2, 8). Neste tempo de conversão, renovamos a nossa fé, obtemos a «água viva» da esperança e recebemos com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo. Na noite de Páscoa, renovaremos as promessas do nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo. Entretanto o itinerário da Quaresma, como aliás todo o caminho cristão, já está inteiramente sob a luz da Ressurreição que anima os sentimentos, atitudes e opções de quem deseja seguir a Cristo.

jejum, a oração e a esmola – tal como são apresentados por Jesus na sua pregação (cf. Mt 6, 1-18) – são as condições para a nossa conversão e sua expressão. O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa.

 

1. A fé chama-nos a acolher a Verdade e a tornar-nos suas testemunhas diante de Deus e de todos os nossos irmãos e irmãs

Neste tempo de Quaresma, acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo significa, antes de mais, deixar-nos alcançar pela Palavra de Deus, que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja. Esta Verdade não é uma construção do intelecto, reservada a poucas mentes seletas, superiores ou ilustres, mas é uma mensagem que recebemos e podemos compreender graças à inteligência do coração, aberto à grandeza de Deus, que nos ama ainda antes de nós próprios tomarmos consciência disso. Esta Verdade é o próprio Cristo, que, assumindo completamente a nossa humanidade, Se fez Caminho – exigente, mas aberto a todos – que conduz à plenitude da Vida.

O jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n’Ele encontram plena realização. Ao fazer experiência duma pobreza assumida, quem jejua faz-se pobre com os pobres e «acumula» a riqueza do amor recebido e partilhado. O jejum, assim entendido e praticado, ajuda a amar a Deus e ao próximo, pois, como ensina São Tomás de Aquino, o amor é um movimento que centra a minha atenção no outro, considerando-o como um só comigo mesmo [cf. Enc. Fratelli tutti (= FT), 93].

A Quaresma é um tempo para acreditar, ou seja, para receber a Deus na nossa vida permitindo-Lhe «fazer morada» em nós (cf. Jo 14, 23)Jejuar significa libertar a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações – verdadeiras ou falsas – e produtos de consumo, a fim de abrirmos as portas do nosso coração Àquele que vem a nós pobre de tudo, mas «cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14): o Filho de Deus Salvador.

2. A esperança como «água viva», que nos permite continuar o nosso caminho

A samaritana, a quem Jesus pedira de beber junto do poço, não entende quando Ele lhe diz que poderia oferecer-lhe uma «água viva» (cf. Jo 4, 10); e, naturalmente, a primeira coisa que lhe vem ao pensamento é a água material, ao passo que Jesus pensava no Espírito Santo, que Ele dará em abundância no Mistério Pascal e que infunde em nós a esperança que não desilude. Já quando preanuncia a sua paixão e morte, Jesus abre à esperança dizendo que «ressuscitará ao terceiro dia» (Mt 20, 19). Jesus fala-nos do futuro aberto de par em par pela misericórdia do Pai. Esperar com Ele e graças a Ele significa acreditar que a última palavra na história, não a têm os nossos erros, as nossas violências e injustiças, nem o pecado que crucifica o Amor; significa obter do seu Coração aberto o perdão do Pai

No contexto de preocupação em que vivemos atualmente, onde tudo parece frágil e incerto, falar de esperança poderia parecer uma provocação. O tempo da Quaresma é feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua a cuidar da sua Criação, não obstante nós a maltratarmos com frequência (cf. Enc. Laudato si’, 32-33.43-44). É ter esperança naquela reconciliação a que nos exorta apaixonadamente São Paulo: «Reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20). Recebendo o perdão no Sacramento que está no centro do nosso processo de conversão, tornamo-nos, por nossa vez, propagadores do perdão: tendo-o recebido nós próprios, podemos oferecê-lo através da capacidade de viver um diálogo solícito e adotando um comportamento que conforta quem está ferido. O perdão de Deus, através também das nossas palavras e gestos, possibilita viver uma Páscoa de fraternidade.

Na Quaresma, estejamos mais atentos a «dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam» (FT, 223). Às vezes, para dar esperança, basta ser «uma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença» (FT, 224).

No recolhimento e oração silenciosa, a esperança é-nos dada como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da nossa missão; por isso mesmo, é fundamental recolhermo-nos para rezar (cf. Mt 6, 6) e encontrar, no segredo, o Pai da ternura.

Viver uma Quaresma com esperança significa sentir que, em Jesus Cristo, somos testemunhas do tempo novo em que Deus renova todas as coisas (cf. Ap 21, 1-6), «sempre dispostos a dar a razão da [nossa] esperança a todo aquele que [no-la] peça» (1 Ped 3, 15): a razão é Cristo, que dá a sua vida na cruz e Deus ressuscita ao terceiro dia.

 

3. A caridade, vivida seguindo as pegadas de Cristo na atenção e compaixão por cada pessoa, é a mais alta expressão da nossa fé e da nossa esperança

A caridade alegra-se ao ver o outro crescer; e de igual modo sofre quando o encontra na angústia: sozinho, doente, sem abrigo, desprezado, necessitado… A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos gerando o vínculo da partilha e da comunhão.

«A partir do “amor social”, é possível avançar para uma civilização do amor a que todos nos podemos sentir chamados. Com o seu dinamismo universal, a caridade pode construir um mundo novo, porque não é um sentimento estéril, mas o modo melhor de alcançar vias eficazes de desenvolvimento para todos» (FT, 183).

A caridade é dom que dá sentido à nossa vida e graças ao qual consideramos quem se encontra na privação como membro da nossa própria família, um amigo, um irmão. O pouco, se partilhado com amor, nunca acaba, mas transforma-se em reserva de vida e felicidade. Aconteceu assim com a farinha e o azeite da viúva de Sarepta, que oferece ao profeta Elias o bocado de pão que tinha (cf. 1 Rs 17, 7-16), e com os pães que Jesus abençoa, parte e dá aos discípulos para que os distribuam à multidão (cf. Mc 6, 30-44). O mesmo sucede com a nossa esmola, seja ela pequena ou grande, oferecida com alegria e simplicidade.

Viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid19. Neste contexto de grande incerteza quanto ao futuro, lembrando-nos da palavra que Deus dera ao seu Servo – «não temas, porque Eu te resgatei» (Is 43, 1) –, ofereçamos, juntamente com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir ao outro que Deus o ama como um filho.

«Só com um olhar cujo horizonte esteja transformado pela caridade, levando-nos a perceber a dignidade do outro, é que os pobres são reconhecidos e apreciados na sua dignidade imensa, respeitados no seu estilo próprio e cultura e, por conseguinte, verdadeiramente integrados na sociedade» (FT, 187).

Queridos irmãos e irmãs, cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai.

Que Maria, Mãe do Salvador, fiel aos pés da cruz e no coração da Igreja, nos ampare com a sua solícita presença, e a bênção do Ressuscitado nos acompanhe no caminho rumo à luz pascal.  

Roma, em São João de Latrão, na Memória de São Martinho de Tours,

11 de novembro de 2020.

Papa Francisco


Link: https://agencia.ecclesia.pt/portal/mensagem-do-papa-francisco-para-a-quaresma-2021/