domingo, 26 de abril de 2020

CARTA DO PAPA FRANCISCO A TODOS OS FIÉIS PARA O MÊS DE MAIO DE 2020

CARTA DO PAPA FRANCISCO
A TODOS OS FIÉIS PARA O MÊS DE MAIO DE 2020

Queridos irmãos e irmãs!
Já está próximo o Mês de Maio, no qual o povo de Deus manifesta de forma particularmente intensa o seu amor e devoção à Virgem Maria. Neste mês, é tradição rezar o Terço em casa, com a família; dimensão esta – a doméstica –, que as restrições da pandemia nos «forçaram» a valorizar, inclusive do ponto de vista espiritual.
Por isso, pensei propor-vos a todos que volteis a descobrir a beleza de rezar o Terço em casa, no mês de maio. Podeis fazê-lo juntos ou individualmente: decidi vós de acordo com as situações, valorizando ambas as possibilidades. Seja como for, há um segredo para bem o fazer: a simplicidade; e é fácil encontrar, mesmo na internet, bons esquemas para seguir na sua recitação.
Além disso, ofereço-vos os textos de duas orações a Nossa Senhora, que podereis rezar no fim do Terço; eu mesmo as rezarei no Mês de Maio, unido espiritualmente convosco. Junto-as a esta Carta, para que assim fiquem à disposição de todos.
Queridos irmãos e irmãs, a contemplação do rosto de Cristo, juntamente com o coração de Maria, nossa Mãe, tornar-nos-á ainda mais unidos como família espiritual e ajudar-nos-á a superar esta prova. Eu rezarei por vós, especialmente pelos que mais sofrem, e vós, por favor, rezai por mim. Agradeço-vos e de coração vos abençoo.
Roma, São João de Latrão, na Festa de São Marcos Evangelista, 25 de abril de 2020.

Francisco



Oração a Maria
Ó Maria,
Vós sempre resplandeceis sobre o nosso caminho
como um sinal de salvação e de esperança.
Confiamo-nos a Vós, Saúde dos Enfermos,
que permanecestes, junto da cruz, associada ao sofrimento de Jesus,
mantendo firme a vossa fé.
Vós, Salvação do Povo Romano,
sabeis do que precisamos
e temos a certeza de que no-lo providenciareis
para que, como em Caná da Galileia,
possa voltar a alegria e a festa
depois desta provação.
Ajudai-nos, Mãe do Divino Amor,
a conformar-nos com a vontade do Pai
e a fazer aquilo que nos disser Jesus,
que assumiu sobre Si as nossas enfermidades
e carregou as nossas dores
para nos levar, através da cruz,
à alegria da ressurreição. Amen.
À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus;
não desprezeis as nossas súplicas na hora da prova
mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.


Oração a Maria
«À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus».
Na dramática situação atual, carregada de sofrimentos e angústias que oprimem o mundo inteiro, recorremos a Vós, Mãe de Deus e nossa Mãe, refugiando-nos sob a vossa proteção.
Ó Virgem Maria, volvei para nós os vossos olhos misericordiosos nesta pandemia do coronavírus e confortai a quantos se sentem perdidos e choram pelos seus familiares mortos e, por vezes, sepultados duma maneira que fere a alma. Sustentai aqueles que estão angustiados por pessoas enfermas de quem não se podem aproximar, para impedir o contágio. Infundi confiança em quem vive ansioso com o futuro incerto e as consequências sobre a economia e o trabalho.
Mãe de Deus e nossa Mãe, alcançai-nos de Deus, Pai de misericórdia, que esta dura prova termine e volte um horizonte de esperança e paz. Como em Caná, intervinde junto do vosso Divino Filho, pedindo-Lhe que conforte as famílias dos doentes e das vítimas e abra o seu coração à confiança.
Protegei os médicos, os enfermeiros, os agentes de saúde, os voluntários que, neste período de emergência, estão na vanguarda arriscando a própria vida para salvar outras vidas. Acompanhai a sua fadiga heroica e dai-lhes força, bondade e saúde.
Permanecei junto daqueles que assistem noite e dia os doentes, e dos sacerdotes que procuram ajudar e apoiar a todos, com solicitude pastoral e dedicação evangélica.
Virgem Santa, iluminai as mentes dos homens e mulheres de ciência, a fim de encontrarem as soluções justas para vencer este vírus.
Assisti os Responsáveis das nações, para que atuem com sabedoria, solicitude e generosidade, socorrendo aqueles que não têm o necessário para viver, programando soluções sociais e económicas com clarividência e espírito de solidariedade.
Maria Santíssima tocai as consciências para que as somas enormes usadas para aumentar e aperfeiçoar os armamentos sejam, antes, destinadas a promover estudos adequados para prevenir catástrofes do género no futuro.
Mãe amadíssima, fazei crescer no mundo o sentido de pertença a uma única grande família, na certeza do vínculo que une a todos, para acudirmos, com espírito fraterno e solidário, a tanta pobreza e inúmeras situações de miséria. Encorajai a firmeza na fé, a perseverança no serviço, a constância na oração.
Ó Maria, Consoladora dos aflitos, abraçai todos os vossos filhos atribulados e alcançai-nos a graça que Deus intervenha com a sua mão omnipotente para nos libertar desta terrível epidemia, de modo que a vida possa retomar com serenidade o seu curso normal.
Confiamo-nos a Vós, que resplandeceis sobre o nosso caminho como sinal de salvação e de esperança, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Amen.


© Copyright - Libreria Editrice Vaticana
Fonte e link: www.vatican.va/content/francesco/pt/letters/2020/documents/papa-francesco_20200425_lettera-mesedimaggio.html

Reflexão: 3º Domingo de Páscoa - 26.04.2020

Reflexão: 3º Domingo de Páscoa - 26.04.2020

Fica conosco
A Liturgia deste domingo nos convida a descobrir
o Cristo vivo, que acompanha os homens
pelos caminhos do mundo, muitas vezes sem ser reconhecido.
Mas onde o podemos encontrar?

Na 1ª Leitura, a COMUNIDADE CRISTÃ transformada pelo Espírito,
deixou a segurança das paredes do Cenáculo
e prepara-se para dar testemunho de Jesus,
em Jerusalém e até aos confins da terra. (At 2,14.22-33)

* A pregação de Pedro, no dia do Pentecostes, anuncia
que Cristo ressuscitou, está vivo e salva a todos.  
É a catequese da Comunidade cristã primitiva sobre Jesus. (Kerigma)

A 2ª Leitura nos garante que Cristo permanece para sempre entre nós,
como realidade libertadora de toda escravidão. (1Pd 1,17-21)

No Evangelho, o Peregrino aponta aos DISCÍPULOS DE EMAÚS
o caminho para reconhecer o Cristo Ressuscitado. (Lc 24,13-35)

- Os DISCÍPULOS estão tristes, desanimados, decepcionados, frustrados...
  abandonam a Comunidade e voltam para casa, dispostos a esquecer o sonho.
  Aguardavam um Messias glorioso, um Rei poderoso, um Vencedor e
  encontram-se diante de um derrotado, que tinha morrido na cruz.

- Aparece um PEREGRINO, que caminha com eles...
   e começam a falar do assunto do momento:
   JESUS, Profeta poderoso em obras e palavras,
   diante de Deus e dos homens, mas que teve um fim inesperado...

- O Peregrino interpreta as ESCRITURAS, que falam do Messias...
  Eles escutam com interesse... e seus corações começam a "arder".

- No final da tarde, os discípulos chegam em casa
  e fazem um CONVITE: "Fica conosco".
  Querem prolongar a agradável companhia.
  Após ter acolhido a PALAVRA do  Peregrino,
  lhe oferecem HOSPEDAGEM em sua casa...  e Ele aceita... 
  não apenas para "passar a noite", mas para "ficar com eles".

- À mesa: UM GESTO CONHECIDO:
  o mesmo gesto da última ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia.
  Os olhos se abrem e reconhecem o Ressuscitado...
  A Palavra faz "arder" o coração, a fração do Pão faz "abrir os olhos".
  E Cristo desaparece... porque agora a Comunidade
  já possui os sinais concretos de sua presença:
a sua Palavra e o Pão partilhado...
Mesmo invisível aos olhos, o Senhor está e permanecerá presente.
Agora é só Testemunhar.

- E PARTEM LOGO para anunciar a descoberta aos irmãos
  e, junto com eles, proclamam a fé: "O Senhor ressuscitou."
  A Proclamação da alegria pascal não pode esperar o dia amanhecer...
  A escuta atenta da Palavra e o repartir do pão abre os olhos e
impulsiona para a MISSÃO.

+ Cristo continua hoje companheiro de caminhada

Onde encontrar o Ressuscitado?
O episódio de Emaús nos aponta o caminho:

- Na PALAVRA DE DEUS, escutada, meditada, partilhada, acolhida,
Jesus nos indica caminhos, nos aponta novas perspectivas,
nos dá a coragem de continuar, depois de nossos fracassos.
Acolhem a Palavra do Peregrino e lhe oferecem hospedagem em sua casa.

- NA PARTILHA DO PÃO EUCARÍSTICO.
A narração apresenta o esquema da Missa: Liturgia da Palavra e do Pão.
É na celebração comunitária da Eucaristia, que nós fazemos
a experiência do encontro pessoal com Jesus vivo e ressuscitado.

- Na COMUNIDADE:
A Comunidade sempre foi e continua sendo o lugar privilegiado do encontro...
(Experiência dos discípulos... e de Tomé...)

+ O Caminho de Emaús
Muitas vezes, também nós andamos pelos caminhos da vida,
"tristes"... cansados e desiludidos...
Caíram os nossos castelos e a vida parece ter perdido sentido.
Esperávamos tanto... mas tudo terminou...
(quem sabe lá... a morte de um parente amigo,
um fracasso em nossos empreendimentos... a família desunida...)
Parece que Deus desapareceu do nosso horizonte…
Somos tentados a abandonar a luta e voltar...

No entanto Jesus, vivo e ressuscitado, caminha ao nosso lado.
Encontra formas de vir ao nosso encontro e de encher o nosso coração
de esperança, mesmo quando não somos capazes de O reconhecer.

Eles estavam angustiados por aquilo que aconteceu em Jerusalém.
Mas, na medida em que participaram
da celebração da Palavra e do banquete da Fração do pão,
o interior deles se abriu à luz, a vida do Ressuscitado
invadiu seus corações e os fez voltar à Comunidade.
Nesses momentos, mais do que nunca, como os dois discípulos,
necessitamos do Peregrino de Emaús: "Fica conosco, Senhor".

                                 Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 26,04.2020
https://www.buscandonovasaguas.com/

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Homilética do 2º Domingo de Páscoa - Domingo de Misericórdia - 19.04.2020


 A Comunidade
 A Liturgia desse domingo, vivendo ainda a alegria pascal,
apresenta a NOVA COMUNIDADE (a Igreja),
que nasce da Cruz e Ressurreição
com a missão de revelar aos homens
a Vida Nova que brota da Ressurreição.

As leituras ilustram essa realidade...

A 1a Leitura descreve a Comunidade cristã de Jerusalém (At 2,42-47)

- É uma "Comunidade de irmãos", perseverantes:
   - no Ensino dos Apóstolos:     à CATEQUESE
   - na Partilha dos Bens:           à CARIDADE.
   - nas Celebrações:                   à LITURGIA: - Orações no Templo e
                                                        - Eucaristia nas casas: "fração do pão".

- Uma Comunidade que dá testemunho,
  provocando admiração e simpatia do povo e atraindo novos membros.

* Essa comunidade ideal, descrita por Lucas, quer recordar
o essencial daquilo que toda comunidade deve ser:
um Modelo à Igreja de Jerusalém e às igrejas de todas as épocas:
Uma Comunidade de irmãos, reunida ao redor de Cristo, animada pelo Espírito, que tem a missão de testemunhar na história a Salvação.
- Em nossa comunidade, estão presentes hoje esses elementos?

A 2a Leitura começa com um pequeno hino, que bendiz o Pai
pela ressurreição de Jesus, que fez renascer a esperança.
Deus nos fez renascer pela Ressurreição de Jesus Cristo. (1Pd 1,3-9)

Salmo: "Porque eterna é a sua MISERICÓRDIA..."
              (Domingo da Misericórdia...)

O Evangelho nos apresenta a Comunidade dos Apóstolos.
Jesus vivo e ressuscitado é o CENTRO da Comunidade cristã.
Ao redor dele, a Comunidade se estrutura e
se anima a vencer o "medo" e a hostilidade do mundo. (Jo 20,19-31)

Os APÓSTOLOS estão trancados... apavorados... sem paz...
Refletem as adversidades enfrentadas após a crucifixão de Jesus e
na época em que o evangelho foi escrito. Mas Jesus infunde confiança.

CRISTO: rompe as barreiras e aparece no 1º dia da semana...
- Oferece: - A PAZ... o PERDÃO ... torna-os Mensageiros do perdão...
                 - O ESPÍRITO SANTO: "Sopra": lembra o sopro criador de Deus...
- Envia em missão: "Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio..."
- Exige: FÉ: - Para Tomé que quer ver para crer:
     "Não sejas incrédulo, mas fiel... Felizes os que creem sem terem visto..."
     É a única bem-aventurança explícita no evangelho de João.

+ Portas Trancadas:
   Cristo abre as portas daquela Comunidade... e os envia ao Mundo...   
    A presença de Jesus ressuscitado é fonte de coragem e de paz...
    E o Espírito Santo dará a força para cumprir sua missão.  

+ A PAZ: Jesus oferece três vezes a Paz: "Shallon" (= Paz total).
   - Dá a Paz aos apóstolos e depois os envia como mensageiros da paz.
   - Essa Paz, muitas vezes, só é possível pelo caminho do PERDÃO...

+ Por isso, Cristo oferece o Sacramento do Perdão: CONFISSÃO:
    "Aqueles a quem perdoardes os pecados..."
    * Pecadores, uma vez perdoados, são enviados a perdoar em nome de Deus.
          à Você já fez a sua confissão Pascal nesse ano?

+ Tomé: afastado da Comunidade, quer provas, segurança: "Ver para crer..."

  - Jesus: comprova sua "Divina Misericórdia", cujo dia hoje celebramos:
              aceita o desafio e vai ao encontro do apóstolo incrédulo...  
          
  - Tomé, voltando à Comunidade, encontra o Cristo Ressuscitado e
     faz sua profissão de fé: "Meu Senhor e meu Deus".

   * É na COMUNIDADE que encontramos as provas que Jesus está vivo.
     Quem não participa da Comunidade não ouve a saudação de Paz,
     não prova a alegria da Páscoa do Senhor,
     nem recebe o dom do Espírito Santo.
     Quem não se encontra com a Comunidade
      não se encontra também com o Cristo Ressuscitado.

  - A Tomé e a todos nós, Cristo continua repetindo:
    "Felizes os que acreditam mesmo sem terem visto..."

+ Tudo acontece no 1º Dia da Semana: É uma alusão ao DOMINGO,
    dia em que a Comunidade é convocada a celebrar a Eucaristia:
    é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos,
    com a Palavra proclamada, com o Pão de Jesus partilhado,
    que se descobre Jesus Ressuscitado.

   - Cada Domingo deve ser uma pequena Páscoa...
     em que renovamos o nosso Batismo, a caminho da vida Plena...      

    * O "Nosso Domingo" é de fato "O Dia do Senhor?"

A Liturgia nos questiona:
- A nossa Comunidade é o local do nosso encontro com o Ressuscitado?
- Na Comunidade, somos unidos e perseverantes
   no estudo da Palavra de Deus, na partilha dos bens e nas celebrações?
- Vivemos a alegria, a fraternidade, o perdão, a paz,
   que o Cristo ressuscitado veio trazer,
   ou ainda trancados vivemos o clima de medo?

- Podemos, com sinceridade, dizer, que Jesus é nosso "Deus e Senhor"?

                                            Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 19.04.2020