domingo, 26 de fevereiro de 2012

Roteiro Homilético – 1º Domingo de Quaresma – Ano B - 26.2.2012

Sugestões para a homilia
• A nossa Aliança baptismal
A conversão pessoal
Confiemos no Senhor
O sinal da fidelidade
• A fidelidade à nossa Aliança
Docilidade ao Espírito Santo
Fidelidade provada
As armas para o combate
1. A nossa Aliança baptismal
Logo que baixaram as águas do dilúvio, Noé, com a sua família, saiu da arca, recebeu a bênção do Senhor, construiu um altar de pedra e ofereceu-Lhe um sacrifício.
Deus estabeleceu então uma aliança com ele e, na pessoa desta santo Patriarca, abençoou toda a criação com a promessa de que nunca mais um dilúvio destruiria a terra.
O sinal permanente desta aliança entre o céu e a terra seria o arco-íris. Esta Aliança foi solenemente renovada no Calvário, pelo único sacrifício aceite pelo Pai. A Cruz levantada sobre a terra é novo arco-íris, mensageiro da paz.
A Quaresma recorda-nos este sinal de Amor que o Pai nos oferece em Jesus Cristo e convida-nos a acolher este dom pela conversão pessoal.
a) A conversão pessoal. «Eu vou estabelecer a Minha Aliança convosco [...].» O dilúvio é uma imagem do Baptismo.
O dilúvio é uma figura do Baptismo. É sepultado nas águas o mundo corrompido, o homem velho, o pecado original dos nossos primeiros pais e eventualmente – quando o Baptismo é administrado a um adulto –, os pecados pessoais para ressuscitar um mundo renovado. Surge um homem novo, incorporado em Jesus Cristo.
Ficou sepultada nas suas águas toda maldade humana que manchava a terra. Depois dele surgiu uma nova terra e uma nova humanidade com a qual fez Deus a Sua aliança.
A Quaresma prepara-nos para, na Vigília pascal, receber o Baptismo ou – para os que já são baptizados – renovar a graça baptismal.
Por isso, ao longo dos seis domingos deste tempo forte, a Liturgia recorda-nos as verdades fundamentais da fé.
Como resposta a este apelo, abrimo-nos à graça pela conversão pessoal. É o nosso estender da mão a Jesus Cristo, para que nos levante da prostração em que nos deixaram os nossos pecados.
Para nos animar a esta mudança, pela conversão, a Igreja recorda-nos o Baptismo. Foi junto da fonte baptismal que iniciámos a nossa caminhada que nos há-de levar ao Céu. Mas temos de ir corrigindo constantemente o rumo dos nossos passos, porque a nossa vida está cheia de desvios da lei de Deus. Quando não nos damos conta deles, é porque não levantamos olhar para o alto.
b) Confiemos no Senhor. «Nenhuma criatura será doravante exterminada pelas águas do dilúvio[...].»
Quando nos propomos esta mudança de vida, podemos ser incomodados pela desconfiança de Deus que nos levará à tentação do desânimo:
– Porque já tentamos muitas vezes, e nunca logramos mudar de vida;
– Porque sentimos na própria carne a fragilidade humana, e não somos capazes de mudar.
É o momento de nos darmos conta de que não estamos sós nesta luta entre o Espírito e a carne. O Senhor, que desperta em nós estes desejos de mudança, está disponível para nos ajudar, ao menor sinal de boa vontade da nossa parte.
Temos necessidade de dar os passos indispensáveis para a conversão pessoal: reconhecer os nossos pecados e defeitos; estar arrependidos e realizar obras de penitência que nos ajudem nesta mudança. Tudo isto se concretiza – se já recebemos o Baptismo – num outro «baptismo doloroso»: uma Confissão bem feita.
Além de nos oferecer todos os meios de cura na Sua Igreja, o Senhor vem em nosso auxílio com a Sua graça, se Lhe manifestarmos o desejo da Sua ajuda.
c) O sinal da fidelidade. «Eis o sinal da Aliança que estabeleço convosco [...]: farei aparecer sobre as nuvens o Meu arco-íris
Deus oferece-nos um sinal material da Sua fidelidade à Aliança de Amor que realizou connosco no Baptismo.
Se Deus é fiel, o menos que podemos fazer é lutar diariamente para sermos também fieis.
Abundam hoje os sinais religiosos nas pessoas, nas casas e nos meios de transporte particulares. Ao mesmo tempo, assistimos a uma «selecção» de deveres assumidos pelo Baptismo.
Assistimos diariamente à contradição de as pessoas se auto-proclamarem católicos praticantes, ao mesmo tempo que rejeitam os mandamentos mais elementares da Lei de Deus. Não é possível separar a fé da vida que vivemos momento a momento.
Uma sociedade conduzida por um laicismo de sinal negativo pretende afastar dos meios que frequentamos – escolas, hospitais, repartições públicas a cruz, sinal desta Aliança eterna. Para quê esconder este arco-íris de esperança? Ninguém está obrigado a olhá-lo.
Mas, para além destes sinais, o Senhor quer de nós um outro o sinal da fidelidade: a conversão contínua, lembrada especialmente neste tempo quaresmal. Não está em questão usar ou não sinais externos que manifestem a nossa fidelidade às promessas do Baptismo. É preciso que elas apareçam realizadas na nossa vida de cada dia.
2. A fidelidade à nossa Aliança
a) Docilidade ao Espírito Santo. «O Espírito impeliu Jesus para o deserto
Temos uma ideia negativa da tentação e sentimos um calafrio ao ouvir falar nela. Afinal, ela é uma prova, um combate no qual somos desafiados a manifestar a nossa fidelidade ao Senhor.
A tentação é uma prova de Amor, uma competição desportiva na qual podemos conquistar louros de vitória. De outro modo, o Espírito (Santo) não iria impelir Jesus para o deserto, e não permitiria que fôssemos tentados, porque é o melhor dos pais.
A prudência neste combate que estamos a travar passa por medidas de prevenção, como em qualquer batalha. Temos de procurar a luz na Palavra de Deus, para que sejamos capazes de desmascarar os desvios subtis do Inimigo das Trevas e fortalecermo-nos com os Sacramentos e a oração.
A docilidade ao Espírito Santo vive-se na medida em que vivemos com docilidade as indicações que a Igreja nos vai oferecendo na vida. Quem teima em guiar-se exclusivamente pela própria cabeça, sairá vencido.
b) Fidelidade provada. «E esteve no deserto quarenta dias, tentado por Satanás.» Como lutar: fugindo das ocasiões.
Naturalmente, sem esforço, não seremos nunca virtuosos, porque temos dentro de nós o peso das paixões desordenadas e aliciam-nos constantemente os maus exemplos.
Não devemos cair no desânimo quando não formos bem sucedidos numa batalha. O importante é estarmos interiormente dispostos a recomeçar todas as vezes que for preciso. São os teimosos sobrenaturalmente que chegam à santidade.
Deus permite que a nossa fidelidade seja provada, porque, na provação, nos cobrirmos de merecimentos para a vida eterna.
Ao mesmo tempo, recebemos de Deus a garantia de que Ele está sempre connosco para nos ajudar, e não permitirá que sejamos tentados acima das nossas forças.
As tentações que nos assaltam constantemente nunca podem ser uma prova do desamor de Deus para connosco, mas despertadores que nos alertam para uma contemplação contínua, porque nos levam a recorrer ao Senhor. Se, por exemplo, somos tentados a pensar o falar mal de alguém e rezamos por essa pessoa, convertemos uma tentação contra a caridade num acto da mesma virtude; uma tentação contra a pureza convida-nos a renovar a nossa fidelidade…
c) As armas para o combate. «Vivia com os animais selvagens e os Anjos serviam-n’O.» Aferiu a situação pelo que o Pai nos indica na Sagrada Escritura. Preparando-se, fortalecendo-se para a luta (Jesus fez oração e jejuou).
Jesus Cristo submeteu-Se a ser tentado, para nos ensinar a vencer esta luta, indicando-nos as armas indispensáveis. Aprendamos com o Seu exemplo. Ele preparou-Se para este combate singular:
– pela oração: Entregou-Se a ela durante quarenta dias e quarenta noites. A oração leva-nos a querer o que Deus quer, a intensificar a nossa comunhão com Ele.
– Pela mortificação. Esta manifestou-se em Jesus Cristo de muitos modos: pelos incómodos em que viveu, sem uma pedra para reclinar a cabeça, sem abrigo das intempéries – o sol, a chuva e o vento – e uma alimentação condicionada ao que podia encontrar por ali.
Também a cada um de nós o Senhor oferece as armas para vencer a luta desta Quaresma, preparando generosamente a renovação das Promessas do baptismo, na noite da Vigília pascal:
– A Palavra de Deus, proclamada especialmente na Celebração da Eucaristia de cada Domingo.
– Alimento divino – a Sagrada Comunhão – para a qual nos convida quando estamos devidamente preparados.
– A penitência corporal, pelo jejum e abstinência de muitas coisas que poderíamos utilizar.
Torna-se necessário viver esta Quaresma em comunhão: dando esmola das coisas de que nos privamos; e ajudando os que sentem mais dificuldade de o fazer a aproximarem-se do sacramento da Reconciliação e Penitência.
Maria Santíssima, Mãe solícita de todos nós, abençoará os nossos esforços para vivermos e ajudarmos a viver este tempo de bênção que agora nos é oferecido.
Fala o Santo Padre
«A Quaresma constitui um tempo favorável para uma atenta revisão de vida
no recolhimento, na oração e na penitência.»
Iniciámos na quarta-feira passada a Quaresma e hoje celebramos o primeiro domingo deste tempo litúrgico, que estimula os cristãos a comprometerem-se num caminho de preparação para a Páscoa. Hoje, o Evangelho recorda-nos que Jesus, depois de ter sido baptizado no rio Jordão, levado pelo Espírito Santo, que tinha descido sobre Ele revelando-O como Cristo, retirou-se por quarenta dias para o deserto da Judeia, onde venceu as tentações de satanás (cf. Mc 1, 12-13). Seguindo o seu Mestre e Senhor, também os cristãos para enfrentar juntamente com Ele «o combate contra o espírito do mal» entram espiritualmente no deserto quaresmal.
A imagem do deserto é uma metáfora bastante eloquente da condição humana. O Livro do Êxodo narra a experiência do povo de Israel que, tendo saído do Egipto, peregrinou no deserto do Sinai durante quarenta anos antes de chegar à terra prometida. Durante aquela longa viagem, os hebreus conheceram toda a força e insistência do tentador, que os impelia a perder a confiança no Senhor e voltar para trás; mas, ao mesmo tempo, graças à mediação de Moisés, aprenderam a ouvir a voz de Deus, que os chamava a tornarem-se o seu povo santo. Meditando sobre esta página bíblica, compreendemos que para realizar plenamente a vida na liberdade é necessário superar a prova que a própria liberdade exige, isto é, a tentação. Só estando livre da escravidão da mentira e do pecado, a pessoa humana, graças à obediência da fé que a abre à verdade, encontra o sentido pleno da sua existência e alcança a paz, o amor e a alegria.
Precisamente por isto a Quaresma constitui um tempo favorável para uma atenta revisão de vida no recolhimento, na oração e na penitência. (…) Invocamos a protecção materna da Virgem Maria, para que a Quaresma seja para todos os cristãos uma ocasião de conversão e de estímulo mais corajoso à santidade.
Papa Bento XVI, Angelus, I Domingo de Quaresma, 5 de Março de 2006

Fonte: www.presbiteros.com.br 

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