Por: Catarina Catarina
FONTE: http://activa.sapo.pt/criancas
Até achamos que estamos a
ser os melhores pais do mundo, mas há certas atitudes, conversas e ‘sermões’
que só rebaixam as crianças. Evite-as.
São muito comuns, mas cada
vez mais desaconselhadas pelos psicólogos.
1 – Não compare nenhuma
criança como outra – É a ‘rainha’ das armadilhas. Ainda há muito boa gente,
pais e professores, que pega numa criança mais sossegada ou mais diligente ou
mais obediente, e a apresenta a outra com as palavras: “Põe os olhos no
Joãozinho que se porta tão bem e já aprendeu a ler ao contrário de ti, minha
lesma.” NUNCA se compara nenhuma criança com outra, primeiro porque todas as
crianças são diferentes, e depois porque é absolutamente inútil. Por amor de
Deus: acha que alguma criança vai ter mesmo vontade de ser como o Joãozinho? Só
vai odiá-lo de morte. Isto nunca resolve nada, pelo contrário: não é bom nem
para a criança ‘má’ (que fica a detestar a outra e ainda com mais vontade de se
portar mal) nem com a criança ‘boa’ (que fica a ser odiada pelas outras e não
tem culpa nenhuma). Apesar de não resolver nada e de ser responsável pelo
péssimo ambiente que se cria em muitos grupos de crianças, esta ‘técnica’ custa
a morrer...
- Em vez disso: Compare-a
com ela própria, e pela positiva. “Então se tu foste capaz de fazer aquelas
contas na semana passada, por que é que não és capaz de as fazer agora?”
2 – Não critique – E acima
de tudo, não o faça em frente de outras pessoas. Às vezes não identificamos os
nossos sentimentos a tempo de não magoar as nossas crianças, mas
inconscientemente é isso que estamos a fazer quando dizemos: “Este meu filho é
mesmo preguiçoso” em frente da tia, ou dos amigos, ou de quem quer que seja.
Achamos que estamos a envergonhá-los – e estamos mesmo! Mas será que isso vai
fazer com decidam pegar nos livros ou levantar o rabo do sofá? Claro que não.
Só vão pensar: “é verdade, sou mesmo estúpido, não há nada a fazer” e como não
há nada a fazer, para quê tentar? Lembre-se: ninguém que fique triste tem ânimo
para mudar…
- Em vez disso: Incentive-o
e tente ajudá-lo sem colar rótulos: “Sei que é difícil para ti fazer esse
esforço, mas vamos ver como é que podemos torná-lo mais fácil.”
3 – Não castigue sem lógica
– Ele teve uma má nota, você proíbe-o de jogar computador, só porque é o que
ele mais gosta de fazer. Ora o computador pode não ter nada a ver com as más
notas. Se calhar o que falta é organização, um empurrãozinho, uma ajuda extra.
Educar é orientar, não é fazer sofrer.
- Em vez disso: Investigue a
causa das más notas. Até pode usar o computador como ajuda, procurando na net
sítios que o ajudem a investigar, ou usando-o como incentivo e não como
proibição: “se melhorares as tuas notas, deixo-te jogar mais tempo”.
4 – Tenha coragem para dizer
não – Achamos que as crianças têm de ter tudo nesta vida e só serão felizes com
muita coisa à sua volta, mas isso não é verdade. Nós também não tivemos, e sobrevivemos.
Se não puder, ou não quiser, dar-lhes tudo, explique porquê com calma, sem
entrar numa guerra. Mas lembre-se: já que não vão ter o último modelo do MP3,
eles têm pelo menos o direito de fazer uma valente birra, coitados…
- Em vez disso: Dê-lhes
qualquer coisa preciosa que está a desaparecer: conversa, algumas horas a sós
com eles, calma, fantasia, sorrisos, histórias, e tempo para se aborrecerem.
5 – Não o obrigue a beijar a
Tia Amélia – Cada pessoa tem o direito ao próprio corpo, embora pareça estranho
falar disto em relação a uma criança de 3 ou 5 anos e em relação a um inocente
beijinho a uma tia. Se a obrigar a beijar alguém, arrisca-se a que ela tire a
conclusão de que qualquer pessoa lhe pode exigir um beijo: está a ver o perigo?
- Em vez disso: Nunca é
demasiado cedo para educar para as boas maneiras, que significam, no fundo, ter
em conta a presença de outra pessoa. Se ele vir que os pais dão eles próprios
um beijinho à tia há-de querer dar também, mas se a simpatia não for o forte
dele pode por exemplo pedir-lhe que diga ‘olá’ ou que dê um aperto de mão, que
é menos invasivo que um beijo.
6 – Não obrigue a emprestar
os seus brinquedos – Claro que devemos lutar pela paz no mundo e pela boa
convivência entre os povos e entre as crianças, mas aos 2 anos, por exemplo,
ninguém está preparado para emprestar nada a ninguém. Emprestar pressupõe que
se reconheça a presença de uma outra pessoa e que se seja capaz de esperar pela
nossa vez, e isso só começa a acontecer por volta dos 3 anos. Afinal, nós
também não gostávamos se alguém nos obrigasse a ‘emprestar’ o carro ou os
brincos de pérolas.
- Em vez disso: Consegue
mais facilmente que ele empreste brinquedos ‘comunitários’ como Legos ou lápis
de cor se o ajudar a esconder os seus brinquedos mais queridos antes dos amigos
chegarem. Ajude-o a pôr o seu carrinho preferido, o urso azul, a boneca com que
dorme e os livros de ler à noite na prateleira mais alta para que os outros não
cheguem lá, e vai ter uma criança mais disposta a emprestar tudo o resto.
7 – Não o obrigue a comer
tudo o que tem no prato – Lembre: nenhuma criança com comida alguma vez passou
fome. Nós é que temos por vezes uma ideia errada do que eles têm de comer.
Claro que, por vontade deles, só comiam chocolates a batatas fritas, mas mesmo
que ele não vá com a cara dos bróculos à primeira, continue a servi-los.
- Em vez disso: Se ele não
quiser mesmo mais, não faça cenas: não insista e tire-lhe o prato. Cenas à mesa
só servem para eles criarem uma péssima relação com a comida. Claro que depois
não pode andar a comer bolachinhas até ao lanche, não é…
8 – Não o mande ir ler –
Toda a gente quer um filho culto, até porque está cada vez mais provado que a
boa compreensão geral e a capacidade de expressão está ligada à leitura. Mas se
fizer disso uma tarefa, ele nunca vai gostar de pegar num livro. Não lhe pregue
que importante que é ler, que ele nunca vai ser ninguém se não pegar num livro,
e que ele devia era estar a ler em vez de estar especado ao computador.
- Em vez disso: deixe que
ele veja os pais a ler, os exemplos são mais eficazes que as palavras. Tenha
livros espalhados pela casa, ofereça-lhe livros divertidos e relacionados com
os interesses dele, leve-o à livraria de vez em quando e deixe que ele escolha,
discuta com ele aquilo que ele leu.
9 – Não se esqueça das boas
maneiras – Ficam muitas vezes para trás porque pensamos que é uma coisa
antiquada, e porque muitas vezes os próprios adultos também não se lembram
delas, e porque não estamos para nos chatear com uma ‘guerra’ secundária. Mas
as ‘boas maneiras’ não são do tempo das nossas avozinhas, e também não
significam ensinar-lhe a fazer a vénia aos mais velhos como no tempo da Jane
Austen. Significa apenas habituá-los a perceber que não estão sozinhos no
mundo. E que, além disso, a simpatia move montanhas… Uma criança simpática tem
muito mais hipóteses de ser bem sucedida do que uma criança trombudinha com
quem não apetece estar.
- Em vez disso: Habitue-o a
segurar na porta para os outros passarem, a não andar aos gritos e aos
encontrões na rua, a dizer ‘se faz favor’ e ‘obrigado’. É tão simples como
isso. Claro, tudo começa por ser delicada com ele próprio. Quantos pais batem à
porta do quarto dos filhos antes de entrarem?
10 – Não eduque os filhos da
mesma maneira – Claro que isto não significa ser uma megera para um e uma fada
para o outro, mas crianças diferentes exigem educações diferentes, mesmo quando
são irmãos. Há aqueles a quem tudo tem de ser muito explicadinho e os que
funcionam com meia palavra, há os que precisam de muito colo e os que gostam de
andar à solta, os que precisam de ser muito bem preparados e os que se adaptam
facilmente. Também não tem de os levar a todos sempre juntos para todo o lado,
e não tem de dar um presente a um lá porque deu a outro. O que importa é que as
crianças não se sintam injustiçadas em relação aos irmãos.
- Em vez disso: Adapte-se
aos seus filhos e respeite a personalidade de cada um. Claro que respeitar a
personalidade não quer dizer que os deixe andar por aí à solta sem orientação,
mas não os force a serem todos iguais, e escusado será dizer, não compare…
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