quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Santo Antonio Abade: uma tradição milenar


Por Pietro Barbini

A festa de hoje é, de longe, a mais estudada no âmbito etno-antropológico


No dia 17 de Janeiro, como é tradicional, em muitos países, municípios e províncias da Itália se celebra Santo Antônio Abade. Eremita egípcio, também conhecido como Santo Antônio, o Anacoreta ou Santo Antônio do Deserto, fundador do monaquismo, é considerado o primeiro dos abades.

Santo Antonio Abade, não deve ser confundido com o Santo de Pádua, é um dos santos mais respeitados da história, tão importante ao ponto de ser comemorado não só pela Igreja Católica, mas também pela Igreja Luterana e a Copta. Sua vida tem-nos sido transmitida por Santo Atanásio de Alexandria, que foi seu fiel discípulo e companheiro na luta contra o arianismo.

Celebrações, vigílias, procissões, bênçãos especiais, paradas e fogueiras gigantes; produtos gastronômicos típicos do lugar consumidos ao ar livre, cantos, danças, músicas e recriações históricas que retratam a vida e os milagres do santo: tudo isso ocorre normalmente entre o 16 e o 17 de janeiro. As celebrações começam normalmente com a tradicional vigília camponês na noite anterior, que é seguido pela abertura dos stands de alimentos. Na manhã seguinte, após a celebração religiosa, grandes fogueiras são acesas, preparadas de antemão, depois de ser abençoadas pelo pároco, é claro; enquanto o monte queima, se canta, de dança e se saborea os pratos típicos locais até tarde da noite, acompanhados de músicas folclóricas e espetáculos de vários tipos, tais como a leitura de poemas que falam do Santo, mas também a exposição de narrações populares e camponeses.

Esta particular festa é considerada uma das mais interessantes, e é certamente o mais estudada, do ponto de vista etno-antropológico; rica de folclore e religiosidade popular, de antigas tradicões, fascinante não apenas àqueles que participam. Afinal, a própria vida do santo, que morreu com a idade de 106 anos, como a sua figura, sempre fascinou crentes e descrentes.

Além de fogueiras e fógos, a tradição diz que, após a Missa, o pároco deve dar a benção aos campos, ao gado e às colheitas. O Abade, de fato, é padroeiro dos açougueiros, dos agricultores, dos criadores e dos animais de estimação. Curiosamente, em alguns locais esta festa está associada com o abatimento do porco. O porco, de fato, é o animal que na iconografia tradicional acompanha, desde sempre, o abade. Isso decorre do fato de que na ordem dos Antonianos foi dada a permissão para criar porcos dentro dos centros que eles moravam, os quais vagavam livremente com um sino preso ao pescoço; da gordura desses animais, os monges tiravam uma pomada que era usada em pessoas afetadas por várias doenças da pele, em especial de ergotismo e herpes zoster, por isso são doenças mais conhecidas como “fogo de Santo Antonio”.

Ao Santo foram reconhecidas grandes habilidades miraculosas e muitos se confiam à sua graça, pedindo a cura de qualquer mal, especialmente aqueles que têm sido "atingido pelo fogo", mas também para pedir a libertação do demônio. Santo Antonio na arte sacra é conhecido como "o santo das tentações demoníacas"; na sua vida, de fato, foi constantemente atacado, tentado e atormentado pelo demônio, até mesmo fisicamente agredido até reduzi-lo ao extremo. Em suma, o abade estava constantemente lutando com o diabo. É por isso a sua associação com o fogo; a cerca disso, diz-se que o Santo para arrancar o maior número de almas possíveis do demônio, tenha até mesmo ido ao inferno. É interessante notar que entre os muitos símbolos e rituais que trazem à mente o santo abade, algumas tradições persistem na população que normalmente são identificadas com antigas tradições pagãs, habituais entre antigos romanos. Alguns estudiosos também argumentam que a festa do santo tenha tido origem em cultos pagãos, como é freqüentemente afirmado referindo-se ao Natal, alegando, falsamente, que não há documentos e provas sobre a data de nascimento de Jesus Cristo, mas que tem sido apenas uma " invenção da Igreja para erradicar o culto pagão do Sol Invictus. Teoria errada, se vamos para as fontes da história e examinamos seriamente os documentos que chegaram até nós (como por exemplo o Livro dos Jubileus, um texto do segundo século a.C, descoberto em 1947 em uma caverna no deserto de Qumran). Como para o Natal, hoje, a partir dos documentos e dos estudos recentes, pode-se muito bem dizer que as tradições, parte importante do folclore popular e muito interessante em termos de etno-antropologia, não tem nada a ver com os rituais dedicados o abade Santo, 17 de janeiro.

(Tradução TS)

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