sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Liturgia do 4º Domingo do Tempo Comum - 29 de janeiro de 2012

Primeira Leitura  Deuteronómio 18, 15-20

Monição: A partir da figura de Moisés, a primeira leitura propõe-nos uma reflexão sobre a experiência profética. Um convite a ser alguém que Deus escolhe, que Deus chama e que Deus envia para ser a sua «palavra» viva no meio dos homens.
Moisés falou ao povo, dizendo: 15«O Senhor teu Deus fará surgir no meio de ti, de entre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deveis escutar. 16Foi isto mesmo que pediste ao Senhor teu Deus no Horeb, no dia da assembleia: ‘Não ouvirei jamais a voz do Senhor meu Deus, nem verei este grande fogo, para não morrer’. 17O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; 18farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. 19Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas. 20Mas se um profeta tiver a ousadia de dizer em meu nome o que não lhe mandei, ou de falar em nome de outros deuses, tal profeta morrerá’».

Estamos perante um texto verdadeiramente institucional do profetismo em Israel. Moisés não é simplesmente o libertador da escravidão do Egipto e o legislador e organizador do povo, mas é tido como o primeiro e o modelo de todos os profetas (cf. Dt 34, 10). O contexto dos vv. 19-22 deixa ver que profeta tem aqui um sentido colectivo; alude-se à permanência do carisma profético ao longo da história do povo. Mas também se pode incluir aqui o próprio Messias, como reconhecia a tradição judaica no tempo de Jesus, concretamente os manuscritos de Qumrã (1 QS 9). O v. 18 é citado textualmente no discurso de Pedro no Templo (Act 3, 20-23) e em S. João Jesus é chamado «o Profeta» (Jo 6, 14; 7, 40; cf. 1, 21.45). Jesus cumpre esta profecia de modo eminente.

Salmo Responsorial  Sl 94 (95), 1-2.6-7.8-9 (R. cf. 8)

Monição: Verdadeiramente feliz é aquele que teme e segue o Senhor. Esse será abençoado por Deus e o bem e a felicidade estarão com ele.

Refrão: SE HOJE OUVIRDES A VOZ DO SENHOR, NÃO FECHEIS OS VOSSOS CORAÇÕES.

Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos a Deus, nosso Salvador.
Vamos à sua presença e dêmos graças,
ao som de cânticos aclamemos o Senhor.
Vinde, prostremo-nos em terra,
adoremos o Senhor que nos criou;
pois Ele é o nosso Deus
e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho.
Quem dera ouvísseis hoje a sua voz:
«Não endureçais os vossos corações,
como em Meriba, como no dia de Massa no deserto,
onde vossos pais Me tentaram e provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras».

Segunda Leitura  1 Coríntios 7, 32-35
Monição: Na I Carta aos Coríntios, Paulo convida os crentes a repensarem as suas prioridades e a não deixarem que as realidades transitórias sejam impeditivas de um verdadeiro compromisso com o serviço de Deus e dos irmãos.
Irmãos: 32Não queria que andásseis preocupados. Quem não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, com o modo de agradar ao Senhor. 33Mas aquele que se casou preocupa-se com as coisas do mundo, com a maneira de agradar à esposa, 34e encontra-se dividido. Da mesma forma, a mulher solteira e a virgem preocupam-se com os interesses do Senhor, para serem santas de corpo e espírito. Mas a mulher casada preocupa-se com as coisas do mundo, com a forma de agradar ao marido.35Digo isto no vosso próprio interesse e não para vos armar uma cilada. Tenho em vista o que mais convém e vos pode unir ao Senhor sem desvios.

Na continuação do texto do passado Domingo, S. Paulo continua a fazer a apologia do celibato por amor do Senhor. Aqui recorre a outro argumento a favor: «aquele que se casou… encontra-se dividido» (v. 34). Mesmo que a pessoa casada ame o seu cônjuge por amor de Deus, com um amor recto e puro, sem mistura de egoísmo, a verdade é que nela se produz uma inevitável divisão afectiva, para além do facto de não dispor de tanto tempo para dedicar só a Deus. S. Paulo louva e encarece o celibato por amor do Reino, mas sem o impor (cfr. vv-25-26.38.40). O Magistério da Igreja definiu solenemente a superioridade do celibato apostólico sobre o matrimónio, mas isto não quer dizer que os casados não estejam chamados igualmente à santidade, nem que não possam vir a ser até mais santos do que muitos que vivem o celibato apostólico; o que sucede é que estes arrancam de um escalão mais elevado rumo à santidade – a entrega dum coração indiviso –, embora possa suceder que não cheguem tão alto como muitos casados podem chegar. Convém sublinhar que este ensinamento paulino é original e está ao arrepio da mentalidade da época, nada tendo que ver com o desprezo pelo corpo, pela mulher e pelo matrimónio, próprio do maniqueísmo posterior; a mentalidade da época era avessa à continência e até à castidade em geral; o celibato praticado pelo insignificante grupo dos essénios era um fenómeno isolado e sem qualquer impacto. O apreço de Paulo pela santidade do matrimónio leva-o a propô-lo como imagem da união entre Cristo e a Igreja (cf. 2 Cor 11, 2; Ef 5, 21-33).

Monição: O Evangelho mostra como Jesus, o Filho de Deus, cumprindo o projecto libertador do Pai, pela sua Palavra e pela sua acção, renova e transforma em homens livres todos aqueles que vivem prisioneiros do egoísmo, do pecado e da morte.
Evangelho São Marcos 1, 21-28

21Jesus chegou a Cafarnaúm e quando, no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar, 22todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas. 23Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: 24«Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». 25Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». 26O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. 27Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!» 28E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

O final do texto da leitura evangélica de hoje (v. 27) põe em evidência dois aspectos notáveis: a autoridade de Jesus e o seu poder sobre os demónios. Jesus ensina uma «nova doutrina» – é a novidade do Evangelho – e «com que autoridade!». Não era «como os escribas» (v. 22); de facto, estes limitavam-se a repetir as lições que procediam da tradição rabínica, a lei oral atribuída a Moisés. Jesus não é um repetidor, ainda que frequentemente recorra aos ensinamentos dos mestres de Israel (cf.Strack-Billerbeck), nunca os cita e as suas palavras sempre estão iluminadas por um espírito novo. Nunca apela para os mestres rabínicos e, quando apela para Moisés, atreve-se a acrescentar: «Eu, porém, digo-vos».

O outro aspecto é o poder sobre os demónios. Que o demónio existe não se pode pôr em dúvida. Que as doenças eram então atribuídas ao demónio também é verdade. Que todas as vezes que Jesus cura um endemoninhado, o que faz é simplesmente curar algum tipo de doença psíquica era o que em 1779 escrevia o protestante J. S. Semler e alguns hoje repetem, sem que o possam provar. Recentemente a Igreja católica publicou o ritual dos exorcismos, onde aparecem orações que qualquer pessoa pode rezar para se livrar do demónio e onde estão os exorcismos propriamente ditos que só se podem fazer com autorização da autoridade diocesana e só depois de esgotados todos os recursos humanos de ciência médica.

24-25 «Eu sei quem Tu és: o Santo de Deus» Não é uma confissão de fé do demónio, mas um expediente para captar o favor de Jesus, que o Evangelista regista para mostrar quem é Jesus. «Cala-te e sai desse homem» é a forma original que Jesus emprega para expulsar demónios, ao invés dos exorcistas tradicionais, que se serviam de várias técnicas complicadas e demoradas; a palavra de Jesus encerra um poder divino, pois para Deus basta dizer, para que se faça o que Ele quer (cf. Gen 1).

Fonte: http://www.presbiteros.com.br 

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