Morte de Nelson Mandela foi anunciada há momentos pelo
presidente sul-africano Jacob Zuma.
Morreu Madiba. Morreu Nelson Mandela. Homem de Estado,
Presidente da África do Sul (1994-2013), o mais conhecido presidiário do mundo,
defensor da liberdade e dos direitos dos desfavorecidos, paladino da igualdade
de oportunidades e do fim de todas as formas de opressão, Nelson Mandela morreu
hoje num hospital de Pretória onde tinha sido internado há mais de uma semana,
pela terceira vez neste ano, sofrendo de uma infeção pulmonar. Tinha 95 anos de
idade.
A nação sul-africana chora o nonagenário que se encontrava
fragilizado pela persistência de uma infeção pulmonar. Mandela tinha passado
por um internamento hospitalar rápido, em 10 de março, para revisão do estado
da infeção, que o mantivera internado 18 dias em dezembro de 2012. Ainda que
ninguém possa estranhar que o fim chegue em idade avançada, Madiba tornou-se no
símbolo universal que ninguém vê partir sem desgosto.
A morte de Mandela foi anunciada esta noite pelo presidente
da África do Sul, Jacob Zuma, em conferência de imprensa.
Legado político
O seu legado político ficou claramente expresso na frase que
dirigiu aos milhares de pessoas que se juntaram em Hyde Park, Londres, em Junho
de 2008, para comemorar os seus 90 anos: "Onde quer que haja pobreza e
doença, onde quer que os seres humanos estejam a ser oprimidos, há trabalho a
fazer. Após 90 anos de vida, é tempo de novas mãos empreenderem a tarefa.
Agora, está nas vossas mãos".
A vida de Nelson Mandela personifica a ideia de que uma
pessoa tem o poder de fazer a diferença e de deixar a sua impressão digital
única no mundo. Nasceu Rolihlahla Mandela em 18 de Julho de 1918, na pequena
vila de Mvezo, na província do Transkei, na África do Sul rural. Mandela é
filho da segunda de quatro mulheres de um conselheiro Xhosa que estava
destinado a ser chefe, mas que acabou por perder o título e a fortuna, morrendo
quando Rolihlahla tinha apenas nove anos. A mudança de estatuto forçou a mãe a
mudar-se com a família para Qunu, uma aldeia ainda menor a norte de Mvezo, e,
por sugestão de um amigo do seu falecido pai, Rolihlahla foi batizado pela
Igreja Metodista, foi o primeiro da família a frequentar a escola onde o
professor lhe anunciou que passaria a chamar-se Nelson.
Da aldeia ao ANC
Tinha sido adotado pelo chefe Jongintaba Dalindyebo, o
regente do povo Thembu, mudou-se para a capital de Thembuland para a residência
real do chefe onde ouviu pela primeira vez falar de como África tinha vivido em
paz relativa até à chegada dos brancos. Em 1939, entrou para a única
universidade que podia ser frequentada por negros na África do Sul, a
University College de Fort Hare, o equivalente no país a Oxford ou Harvard e
foi ali que foi eleito para o Conselho de Representação dos Estudantes onde os
seus atos, considerados de insubordinação, lhe valeram ser suspenso até ao final
daquele ano letivo.
Ao voltar a casa, Mandela viu-se confrontado com o facto de
lhe ter sido escolhida uma mulher para casar e fugiu para Joanesburgo, onde
trabalhou numa série de funções enquanto terminava o seu bacharelato por
correspondência. Entrou na Universidade de Witwatersrand para estudar direito e
envolveu-se ativamente no movimento anti-apartheid inscrevendo-se no ANC
(Congresso Nacional Africano) em 1942. Sete anos mais tarde, o ANC adotou
oficialmente os métodos de boicote, greve, desobediência civil e
não-cooperação, tendo como objetivos a plena cidadania, a redistribuição da
terra, direitos sindicais e educação gratuita e obrigatória para todas as
crianças.
Militância e prisão
Durante 20 anos, Nelson Mandela liderou uma campanha pacífica
e não violenta contra o Governo e as suas políticas racistas e fundou um
escritório de advocacia com Oliver Tambo que dava aconselhamento a negros que
não dispunham de representação. Mandela e mais 150 pessoas foram presas em 1956
acusadas de traição pela sua prática política embora tenham acabado por ser
ilibados. Já menos convencido da eficácia dos métodos pacifistas que defendia,
Mandela organizou uma greve nacional dos trabalhadores de três dias em 1961
pela qual foi preso no ano seguinte. Em 1963, foi levado a tribunal e
condenado, com outras dez pessoas, a prisão perpétua por ofensas políticas,
incluindo sabotagem.
Nelson Mandela foi detido em Robben Island 18 dos 27 anos de
pena que cumpriu. Após 27 anos como o prisioneiro nº 46664 sob o regime de
apartheid na África do Sul, Mandela emergiu como cabeça do ANC (Congresso
Nacional Africano) para fazer a reconciliação com os seus opressores e conduzir
o país pacificamente na sua transição após a era de 46 anos de segregação
racial. Quando foi libertado, apelou de imediato às potências estrangeiras para
que não reduzissem a sua pressão sobre o regime de Pretória com vista a uma
reforma constitucional.
Legado
Mandela ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1993, quando era
Presidente Frederik de Klerk e, em 1994, foi eleito o primeiro Presidente da
África do Sul democrática. Cumpriu um único mandato, de 1994 a 1999, tendo sido
sucedido pelo seu vice-presidente, Thabo Mbeki.
Mandela foi casado três vezes: com Evelyn Ntoko Mase
(1944-1957) com quem teve quatro filhos; com Winnie Madikizela-Mandela
(1958-1996) com quem teve duas filhas e com Graça Machel (1998).
O Dia Nelson Mandela foi instituído em 2009 para celebrar a
sua vida e a chamada à ação que fez ao longo da sua vida. Celebra-se a 18 de
Julho e, propositadamente, não é um feriado para que inspire todas as pessoas
em todo o mundo a trabalharem pelos valores que Nelson Mandela defendeu ao
longo de toda a sua vida.
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