Na 24ª viagem apostólica fora da
Itália desde sua eleição como Papa, durante o voo que o levou para o Líbano, o
Santo Padre Bento XVI falou com os jornalistas a bordo para a tradicional
coletiva de imprensa e enfatizou que o fundamentalismo é falsificação da
verdadeira relgiosidade.
Segundo informou o boletim em
português da Rádio Vaticano, durante a coletiva o Papa tratou de temas fortes
como o diálogo com o Islã, a primavera árabe, os temores pela situação dos
cristãos na Síria e no Oriente Médio, e ainda sobre a ajuda que as Igrejas e
que os católicos do Ocidente podem dar.
“Ninguém jamais me aconselhou a
renunciar a esta viagem e jamais contemplei essa hipótese, porque sei que
quando a situação se complica ainda mais, é aí então que se faz mais necessário
um sinal de fraternidade, de encorajamento e de solidariedade”, afirmou o Papa
aos jornalistas.
Com essas palavras – respondendo
em francês e em italiano às perguntas – Bento XVI resumiu os sentimentos com os
quais faz essa viagem apostólica ao Líbano, cujo objetivo, acrescentou, num
país que já representa uma mensagem de encontro inter-religioso, é, portanto,
“convidar ao diálogo, à paz contra a violência, a caminhar juntos para encontrar
a solução dos problemas”.
Respondendo a uma pergunta sobre
o imperativo do diálogo com o Islã, hoje num momento de crescimento do
extremismo, o Papa ressaltou que “o fundamentalismo é sempre uma falsificação
da religião” que, ao invés, convida a difundir a paz de Deus.
“O empenho da Igreja e das
religiões”, observou o Pontífice, “é realizar uma purificação dessas tentações,
iluminar as consciências e fazer de modo que cada um tenha uma imagem clara de
Deus”. Em seguida, fez um premente convite ao respeito recíproco, vez que cada
um é “imagem de Deus”. Assim Bento XVI lançou um grande convite também à
liberdade religiosa.
A propósito da primavera árabe e
da questão da sobrevivência dos cristãos, minorias naquelas áreas, Bento XVI
quis ressaltar que um desejo de maior democracia, de liberdade, de cooperação é
por si positivo, é um “progresso”, mas que se pode crescer somente na partilha,
no viver juntos com determinadas regras.
Devemos fazer tudo o que for
possível para que “o conceito de liberdade, o desejo de liberdade caminhe na
direção justa e não se esqueça a tolerância e a reconciliação, que são
elementos fundamentais da própria liberdade”, afirmou o Papa nas declarações reunidas
pela Rádio Vaticano.
Em relação à situação na Síria, o
Papa ressaltou que é necessário promover todos os gestos possíveis, inclusive
materiais, para favorecer o fim da guerra e da violência. O perigo de os
cristãos irem embora destas terras é “grande”, observou, embora fujam também
muçulmanos. Nesse sentido, “o cessar da violência seria a ajuda essencial”,
acrescentou.
O Papa afirmou reiteradas vezes
que o papel da Igreja é a difusão da mensagem da paz, o empenho em evidenciar
que a violência não resolve os problemas.
Em seguida, o Santo Padre fez um
apelo: “ao invés de importar armas, que é um pecado grave, devemos importar as
ideias, a paz, a criatividade, aceitar os outros nas adversidades, tornar
visível o respeito recíproco das religiões, o respeito pelo homem como criatura
de Deus, o amor pelo próximo como elemento fundamental para todas as
religiões”.
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