Fonte: http://www.gaudiumpress.org
Há quem diga que quanto maior for
a penitência aplicada ao pecador arrependido, maiores será sua contrição e seu
desejo de emenda. E essas mesmas pessoas, costumam fundamentar suas opiniões
dizendo que em certas épocas a severidade da disciplina eclesiástica era tal,
que os confessores impunham penitências rigorosíssimas as quais, às vezes,
exigiam anos para serem cumpridas, conforme a maior ou menor gravidade do
delito. Mas seriam os santos partidários desse modo de agir? Vejamos...
Durante a viagem de São Francisco
Xavier às Índias (1542), encontrava-se um soldado português que havia dezoito
anos não se confessava, nem procurava remédio para sua alma, pois tinha perdido
todas as esperanças de salvação. Procurou o santo embarcar com ele na mesma
nau, e, pouco a pouco, sem revelar seu intento, travou amizade com ele.
Ganhando-lhe a simpatia, veio um dia a perguntar, em tom de intimidade, quanto
tempo havia que se confessara. Respondeu ele, sem se assustar, que dezoito anos
já haviam passado desde que ele se ajoelhara pela última vez aos pés do
confessor.
- Causa devíeis ter, pois os
outros fiéis não costumam demorar tanto - disse o Santo.
- A causa - disse o soldado - foi
porque o meu padre vigário não me quis absolver, e eu, como vi que não podia
emendar-me, tive por inútil buscar a confissão.
Continuou então o Santo, com
grande serenidade de ânimo e de semblante:
- Deixe comigo. O vigário fez ao
modo dele, mas, se vós quiserdes, façamos isso ao meu modo. Fazei um exame de
consciência e eu vos ajudarei a lembrar dos pecados esquecidos. Em seguida,
absolver-vos-ei.
Assim fez o soldado, com muitas
lágrimas e suspiros, que mostravam a verdade de seu arrependimento. E São
Francisco lhe impôs, de penitência, apenas um Pai-nosso e uma Ave-Maria. O
penitente ficou estupefato. Mas o Santo lhe disse que o ajudaria a expiar seus
pecados. E logo, entrando no espesso bosque vizinho - pois já estava em terra
firme, quando ouviu a confissão - entregou-se à oração e à penitência.
Com tal cena ficou o soldado tão
impressionado e compungido, que dali por diante voluntariamente se entregou a
uma vida penitente e reformada.
Por Anderson Carlos de Oliveira -
Bacharél em Teologia
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