sexta-feira, 10 de outubro de 2014

REFLEXÃO: 28º Domingo tempo comum - ano A - 12.10.2014

RITOS INICIAIS

Salmo 129, 3-4
ANTÍFONA DE ENTRADA: Se tiverdes em conta as nossas faltas Senhor, quem poderá salvar-se? Mas em Vós está o perdão, Senhor Deus de Israel.

Introdução ao espírito da Celebração

O Senhor serve-se das nossas práticas humanas para, através delas, Se nos manifestar mais facilmente.
Neste domingo a liturgia da Palavra desenvolve-se em torno de um tema que aparece frequentemente na Bíblia: o banquete festivo, com tudo o que ele supõe de alegria, comunhão, amizade e confiança.
Ao iniciarmos esta celebração, lembremo-nos de todas as falhas, fragilidades e deslizes que nos podem ter afastado da alegria deste banquete, sabendo que o Senhor perdoa a quem se arrepende e não recusa a Sua assistência a quem O procura com humildade de coração.
ORAÇÃO COLECTA: Nós Vos pedimos, Senhor, que a vossa graça preceda e acompanhe sempre as nossas acções e nos torne cada vez mais atentos à prática das boas obras. Por Nosso Senhor…

LITURGIA DA PALAVRA

Primeira Leitura

Monição: O profeta Isaías descreve nesta leitura o banquete que Deus prepara para todos os povos da terra. Destruirá a morte, isto é, tudo o que para o homem é derrota e termo: a vida sem sentido, o desprezo, o insucesso, a dor, a fome, a doença, a marginalização…
Isaías 25, 6-10a
6Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. 7Sobre este monte, há-de tirar o véu que cobria todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; 8destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo. Porque o Senhor falou. 9Dir-se-á naquele dia: «Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou. 10aA mão do Senhor pousará sobre este monte».
O texto é extraído do chamado Grande Apocalipse de Isaías (Is 24 – 27), uma colecção de oráculos escatológicos, cuja redacção actual é posterior ao exílio de Babilónia (Is 34 – 35 é o Pequeno Apocalipse). Isaías anuncia a salvação messiânica como extensiva a todos os povos e sob a imagem dum esplêndido banquete. Esta é a razão da escolha do texto, para introduzir a parábola do banquete nupcial do Evangelho de hoje. A tradição cristã viu nesta passagem a prefiguração do banquete eucarístico, as Bodas do Cordeiro (Apoc 19, 9).
10 «A mão do Senhor». Não é um simples antropomorfismo, mas uma expressiva imagem para indicar a bênção e a protecção de Deus.

Salmo Responsorial

Sl 22 (23), 1-3a.3b-4.5.6 (R. 6cd )
Monição: O salmo, que vamos recitar, convida-nos a sentir imensa alegria com a perspectiva da felicidade que o Senhor nos reserva, quando nos sentar à mesa que preparou com abundância para todos nós.
Refrão: HABITAREI PARA SEMPRE NA CASA DO SENHOR
O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.

Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça
e o meu cálice transborda.

A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.

Segunda Leitura

Monição: Segundo S. Paulo, a felicidade não reside na abundância ou na falta dos bens materiais, mas sim na orientação do nosso coração em face da vida. Este rumo depende da nossa ligação a Jesus Cristo.
Filipenses 4, 12-14.19-20
Irmãos: 12Sei viver na pobreza e sei viver na abundância. Em todo o tempo e em todas as circunstâncias, tenho aprendido a ter fartura e a passar fome, a viver desafogadamente e a padecer necessidade. 13Tudo posso n’Aquele que me conforta. 14No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição. 19O meu Deus proverá com abundância a todas as vossas necessidades, segundo a sua riqueza e magnificência, em Cristo Jesus. 20Glória a Deus, nosso Pai, pelos séculos dos séculos.
Autores há que pensam que a leitura faz parte de um bilhete de agradecimentos aos filipenses pela ajuda enviada (Filp 4, 10-23), escrito noutra ocasião, após a chegada de Epafrodito (v. 18), tendo vindo a ser integrado numa carta que corresponderia a duas ou três missivas de Paulo. O Apóstolo estava preso (tradicionalmente em Roma, mais recentemente pensa-se antes em Éfeso). Deixa-nos aqui uma lição de como se deve saber viver «tanto na pobreza como na abundância» (v. 12). Isto não significa desinteresse e alheamento pela justa promoção do bem estar material, evidentemente, embora pressuponha que não se lhe dê uma primazia absoluta. Paulo coloca toda a sua fortaleza – toda a sua auto-suficiência  – em Cristo, e não nos bens, que não passam de meios (cf. v. 13), com que Ele não falta aos que O servem.

Aclamação ao Evangelho

Ef 1, 17-18
Monição: Ao oferecer a própria vida (corpo e sangue) como alimento em favor dos homens, Jesus exige que nos comprometamos a oferecer também a nossa actividade em favor dos outros.

ALELUIA

Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo
ilumine os olhos do nosso coração,
para sabermos a que esperança fomos chamados.

Evangelho *

* O texto entre parêntesis pertence à forma longa e pode ser omitido.
Forma longa: São Mateus 22, 1-14       Forma breve: São Mateus 22, 1-10
1Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se de novo aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo e, falando em parábolas, disse-lhes: 2«O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete para o seu filho. 3Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir. 4Mandou ainda outros servos, ordenando-lhes: ‘Dizei aos convidados: Preparei o meu banquete, os bois cevados foram abatidos, tudo está pronto. Vinde às bodas’. 5Mas eles, sem fazerem caso, foram um para o seu campo e outro para o seu negócio; 6os outros apoderaram-se dos servos, trataram-nos mal e mataram-nos. 7O rei ficou muito indignado e enviou os seus exércitos, que acabaram com aqueles assassinos e incendiaram a cidade. 8Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. 9Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes’. 10Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala do banquete encheu-se de convidados.
[11O rei, quando entrou para ver os convidados, viu um homem que não estava vestido com o traje nupcial e disse-lhe: 12‘Amigo, como entraste aqui sem o traje nupcial?’ Mas ele ficou calado. 13O rei disse então aos servos: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o às trevas exteriores; aí haverá choro e ranger de dentes’. Na verdade, muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos».]
A parábola dos convidados para as bodas (com grande paralelo com a de Lc 14, 15-24) está na sequência das dos dois últimos domingos, a dos dois filhos e a dos vinhateiros homicidas, pois se insere nas controvérsias de Jesus com as autoridades judaicas de Jerusalém e visam apresentar a Igreja como o novo povo de Deus, que corresponde à chamada divina. Esta parábola completa as anteriores, ao apresentar claramente o chamamento para o «banquete» – imagem bíblica do Reino de Deus – dirigido a todos aqueles que os mensageiros encontrarem «nas encruzilhadas dos caminhos» (v. 9).
1-7 A primeira parte da parábola fala do convite feito, em primeiro lugar, aos mais dignos – os judeus – para entrarem no Reino de Deus inaugurado por Cristo (o filho).É um convite, por isso pode não ser aceite; mas, dado que é Deus quem convida, não há nenhuma escusa legítima: não podem prevalecer impunemente os mesquinhos interesses humanos ao maravilhoso plano divino.
8-13 A segunda parte refere-se à chamada dos gentios – os menos dignos – à fé. Mas também não é suficiente a fé; são necessárias as boas obras (»o traje nupcial»: v. 12). A parábola também mostra como no Reino de Deus há bons e maus, mas, quando o Rei vier – para o juízo final (é claro o matiz escatológico da parábola) –, excluirá definitivamente todos os que não quiseram vestir o traje nupcial da graça.
Sugestões para a homilia
O banquete do Reino
Convite dirigido a todos os homens
Na orientação do nosso coração para Jesus
O banquete do Reino
A Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, inúmeras vezes nos apresenta a vida como uma festa que devemos saber aproveitar. Ora, na primeira leitura deste domingo, o profeta Isaías ao falar de Deus que nos prepara um banquete de manjares suculentos, leva-nos a imaginar a felicidade que o Senhor prepara para os seus filhos. O sonho, que desde sempre tem acompanhado o homem, torna-se realidade na casa de Deus, nosso Pai. Assim, tudo aquilo que é morte e derrota como a falta de rumo para a existência, a ausência de ideais, o fracasso, a dor, a fome, a doença, o desprezo, serão completamente eliminados.
Com a vinda de Jesus Cristo, todas as situações de morte são transformadas em alegria e felicidade, pela festa do banquete do Reino.
A esta felicidade e alegria são convidados todos os povos.
Convite dirigido a todos os homens
Tal nos demonstra Jesus, no Evangelho, ao concretizar o banquete do Reino na festa nupcial que o Pai prepara em honra de Seu Filho, o Esposo da nova humanidade.
Na alegria desta festa há porém elementos que nos obrigam a reflectir.
Os primeiros convidados, que representam os guias espirituais de Israel, já se encontram satisfeitos com a organização religiosa que montaram e que lhes comunica segurança e, por isso, rejeitam ir ao banquete.
Ora, todos os que não são pobres, os que se recusam a abandonar as próprias garantias materiais e espirituais, que não têm fome e sede de um mundo novo, jamais entrarão no Reino de Deus, pois ficarão satisfeitos com as insignificâncias em que estão envolvidos.
O banquete é então aberto a convidados recolhidos ao longo do caminho, «bons e maus», que caracterizam a Igreja, comunidade tão múltipla, que se abre a toda a gente, sem rejeições. É o Novo Povo de Deus em que se dá a todo o homem a possibilidade de encontrar o Salvador.
Esta parábola é uma chamada a abrir o coração e as portas das nossas comunidades a qualquer género de pessoas, aos pobres, aos abandonados, a quem é recusado por todos.
Todavia, é fundamental que cada convidado corresponda ao convite e se prepare condignamente para tomar parte nele.
Na orientação do nosso coração para Jesus
No detalhe da veste nupcial está compreendido um apelo à nossa responsabilidade. Não basta sermos convidados: é preciso saber corresponder e ser merecedor do convite, através da nossa conduta activa e testemunhal.
S. Paulo, como lemos na segunda leitura, homem habituado a uma vida dura, às perseguições, à fome, sente-se comovido com as ofertas enviadas pela comunidade dos filipenses para o acalentarem na prisão, onde ele se encontrava detido. É então que ele afirma que a felicidade não reside na fartura ou na carência dos bens materiais, mas sim na direcção do nosso coração em face da vida. E esta bússola define a orientação do nosso coração para Jesus Cristo.
Cabe aqui recordar a necessidade de termos uma palavra de gratidão, através de gestos e acções concretas, para com todos aqueles que deixaram a formação de uma família própria, que tudo abandonaram, para se dedicarem completamente à pregação do Evangelho e que, tantas vezes incompreendidos, não recebem qualquer sinal de apreço e amizade das comunidades a que se dedicam.
Perante este convite urgente à conversão do nosso coração, saibamos aceitar a lógica e a «roupa nova» dos filhos do Reino de Deus, construindo deste modo a nossa verdadeira felicidade em alegria, comunhão, amizade e confiança.
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS: Aceitai, Senhor, as orações e as ofertas dos vossos fiéis e fazei que esta celebração sagrada nos encaminhe para a glória do Céu. Por Nosso Senhor…
SANTO
Monição da Comunhão
A comunhão do Corpo e Sangue de Jesus, que vamos receber, nos ajude a rever a nossa responsabilidade de baptizados e ao compromisso sincero de darmos o passo decisivo para aceitarmos o convite que o Senhor nos dirige, para o banquete que tem preparado para cada um de nós.
Salmo 33, 11
ANTÍFONA DA COMUNHÃO: Os ricos empobrecem e passam fome; mas nada falta aos que procuram o Senhor.
Ou
cf. 1 Jo 3,2
Quando o Senhor se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos na sua glória.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO: Deus de infinita bondade, que nos alimentais com o Corpo e o Sangue do vosso Filho, tornai-nos também participantes da sua natureza divina. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
RITOS FINAIS
Monição final
Não rejeitemos o convite urgente à própria conversão que o Senhor hoje novamente nos dirigiu e tenhamos a coragem de renunciar às falsas seguranças que ilusoriamente esta vida nos pode proporcionar longe da Sua companhia. Aceitemos a Sua lógica e revistamo-nos da «roupa nova» dos filhos do Reino, a qual proporciona alegria, comunhão, amizade e confiança.

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