No dia em que comemora-se o dia do Anjo da Guarda, 02 de outubro,
podemos fazer uma pergunta: Em quem posso confiar? Para, em seguida,
respondermos com o artigo que hoje transcrevemos:
A cada dia aumenta o volume de cartas,
telefonemas e e-mails de pessoas que recorrem às orações dos Arautos do
Evangelho por sentirem-se desoladas, abandonadas e, até mesmo, traídas
por aqueles dos quais esperavam receber maior apoio e solidariedade.
Às vezes, são pessoas unidas pelos fortes laços da natureza as que defraudam e ferem os corações de seus mais próximos.
Numa das últimas cartas, uma frase resume bem a situação de inúmeros outros remetentes: "Já não tenho em quem confiar".
Uma realidade tão cruel atrai a
compaixão... O principal remédio, sem dúvida, é a oração, mas não haverá
algo mais a fazer para ajudar nossos irmãos e irmãs nessa situação
dramática, tão difundida por toda parte? O ideal seria cada um deles ter
um conselheiro fiel sempre à disposição, que, por pura amizade, os
orientasse, consolasse, encorajasse. Um amigo de verdade, em quem
pudessem depositar toda a sua confiança.
Eis uma utopia, um problema para o qual
parece não haver solução, pelo menos em termos humanos. Com efeito, onde
encontrar tantas pessoas assim? Entretanto, muitos de nós, se olharmos
para trás, para o tempo dourado de nossa infância, quando, ajudados por
nossas mães, começávamos a rezar nossas primeiras orações, talvez nos
lembremos de alguém que sabíamos estar sempre ao nosso lado, e a quem
chamávamos de "zeloso guardador". Um ser ao qual talvez tenhamos muito
recorrido, e cuja figura ficou depois empoeirada nalgum canto de nossas
recordações.
Tomo, pois, a liberdade de lhe recordar,
leitor, a existência desse amigo invisível, mas presente constante e
fielmente ao nosso lado, poderoso e amável, que vive sempre na
contemplação de Deus e, ao mesmo tempo nunca deixa de cuidar de nós: o
Anjo da Guarda.
Ele nos quer todo o bem
Desde o início de sua vida até o momento
de passar para a eternidade, todo ser humano é cercado pela proteção e
intercessão de um anjo designado por Deus para o guiar, proteger e
orientar. Assim, cada um de nós tem um Anjo da Guarda.
Provavelmente, quase todos nós
aprendemos em casa, ou nas aulas de catecismo, a clássica oração: "Santo
Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a piedade
divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém". Apesar disso,
talvez tenha escapado alguma vez de nossos lábios uma pergunta,
repassada mais de admiração do que de dúvida: "Então eu tenho mesmo um
anjo incumbido por Deus de cuidar de mim?" É realmente admirável o fato
de cada um de nós possuir um anjo cuja missão específica é favorecer-nos
em tudo quanto se relacione com nossa salvação eterna, mas é essa a
realidade: Deus "os fez mensageiros de seu projeto de salvação", afirma o
Catecismo da Igreja Católica. E diz São Paulo: "Não são todos os anjos
espíritos ao serviço de Deus, o qual lhes confia missões para o bem
daqueles que devem herdar a salvação?" (Hb 1,14).
"Grande é a dignidade das almas -
exclama São Jerônimo -, quando cada uma delas, desde a hora de seu
nascimento, tem um anjo destinado para sua custódia!" É muito
reconfortante saber que um ser superior à nossa natureza está
continuamente a nosso lado; que ele, puro espírito, mantém-se na
contemplação incessante de Deus e, ao mesmo tempo, vela por nós,
quer-nos todo o bem, e seu objetivo é levar-nos para a felicidade
perfeita e infindável do Céu.
Quando nos damos conta da presença desse
incomparável guardião, estabelecemos com ele uma amizade firme e
íntima, como descreve o grande escritor francês Paul Claudel: "Entre o
anjo e nós existe algo permanente.
Há uma mão que, ainda quando dormimos,
não solta a nossa. Sobre a terra onde nos encontramos, compartilhamos o
pulso e o latejar do coração desse irmão celeste que fala com o nosso
Pai".
Se tivéssemos maior confiança nesse
celeste protetor, nesse bom amigo que nunca falha - ainda quando dele
nos afastamos, por nossa má conduta -, seríamos capazes de recobrar a
paz e o equilíbrio dos quais tanto precisamos!
Eles estão a nosso lado, incansáveis, solícitos, bondosos
A Bem-Aventurada Hosana Andreasi, de
Mântua (Itália), ainda com seis anos de idade, tomara o gosto de passear
pelas margens do Rio Pó, extasiada com a beleza do panorama. Um dia
encontrava-se sozinha nesse lugar, quando
de
repente viu surgir diante de si um belo jovem, alto e forte. Nunca o
havia visto antes... Surpresa, mas não amedrontada, ouviu o recém-chega
chegado dizer com voz clara, ao mesmo tempo suave e firme: "A vida e a
morte consistem em amar a Deus". Sua surpresa aumentou quando o "jovem" a
ergueu do chão e, olhando-a diretamente nos olhos, acrescentou: "Para
entrar no Céu, você precisa amar muito a Deus.
Ame?O. Tudo foi criado por Ele, para que
as pessoas O amem". Foi este o primeiro de numerosos encontros que
Hosana teve, até seu falecimento (em 1505), com seu Anjo da Guarda.
Casos como esse, de relacionamento
intenso com os anjos, não são nada raros. Santa Gemma Galgani (1878-
1903), por exemplo, teve a constante companhia de seu anjo protetor, com
quem mantinha um trato familiar. Ele lhe prestava todo tipo de ajuda,
até mesmo levando suas mensagens para seu confessor, em Roma.
Ainda mais próximos de nós, encontramos
os episódios freqüentes ocorridos com São Pio de Pietrelcina
(1887-1968), grande incentivador da devoção aos Anjos da Guarda. Em
diversas ocasiões ele recebeu recados dos Anjos da Guarda de pessoas
que, à distância, necessitavam de algum auxílio dele.
O Beato João XXIII, outro grande devoto
dos anjos, dizia: "Nosso desejo é que aumente a devoção ao Anjo
Custódio". Nossos anjos guardiães estão ao lado de cada um de nós,
incansáveis, solícitos, bondosos, prontos para nos ajudar em tudo quanto
precisarmos - inclusive em nossas necessidades materiais, mas
especialmente para nos proporcionar os bens espirituais, auxiliando- nos
a caminhar na via da virtude.
Estimado leitor, queira Deus que esses
pensamentos, tirados da Revelação e do tesouro da Santa Igreja, possam
nos ajudar a nos tornarmos mais próximos desses fiéis amigos celestiais,
consolando-nos e animando- nos. E aumentar nossa vontade de conhecê-los
sem os sagrados véus da fé, quando nos encontrarmos lá no alto, no
Reino dos Céus.
Os outros anjos...
Além dos Anjos da Guarda, outros
espíritos angélicos vagam pela terra e têm um extremo interesse em
nós... para nossa perdição: os demônios, anjos decaídos, que outrora
faziam parte da corte celestial. Revoltando- se contra Deus, passaram
a
trabalhar com um objetivo diametralmente oposto àquele para o qual Ele
os criou. Sua preocupação única e obsessiva é a de nos fazer perder a
possibilidade de contemplarmos a Deus por toda a eternidade. A isso os
movem o ódio a seu Criador, cujo plano para a humanidade desejam
obstruir, e a inveja do gênero humano, pois somos capazes de alcançar
aquela felicidade eterna que eles perderam para sempre.
Se os demônios tanto nos perseguem, por
que não recorrermos ao Anjo da Guarda, pedindo sua proteção? Certamente,
crescer no relacionamento com ele significará estar mais defendido das
ações dos espíritos malignos, e ser mais ajudado na luta contra as
tentações.
Diz São João da Cruz: "Os anjos, além de
levar a Deus notícias de nós, trazem os auxílios divinos para nossas
almas e as apascentam como bons pastores (...) amparando-nos e
defendendonos dos lobos, os demônios".
Confiando-nos inteiramente aos nossos
Anjos da Guarda, não precisamos temer os demônios. Afinal, estes últimos
nada conseguem contra o poder daqueles.
Por Padre Carlos Werner Benjumea, EP
In "Revista Arautos do Evangelho", Out/2006, n. 58, p. 34 e 35
Conteúdo publicado em gaudiumpress.org, no link http://www.gaudiumpress.org/content/63334#ixzz3F5L7nxNG
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