Para evangelizar na sociedade contemporânea é indispensável compreender as novas linguagens da comunicação
Por. Padre Clovis Andrade de Melo
Há 48 anos, motivados pelo Decreto Inter
Mirifica, de 1963, os Papas nos apresentavam uma reflexão para o Dia
Mundial das Comunicações Sociais. Para este ano, o Papa Francisco
escolheu para o evento o tema “Comunicação a serviço de uma autêntica
cultura do encontro”. Suas reflexões estão em sintonia com os discursos
realizados no Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, quando
convidou a Igreja a sair dos muros, abrir as portas e ir em direção ao
povo sedento de Deus.
Uma frase que chama à atenção, no
discurso do Pontífice, neste ano, é: “Abrir as portas das igrejas
significa também abri-las no ambiente digital, seja para que as pessoas
entrem, independente da condição de vida em que se encontrem, ou para
que o Evangelho possa cruzar o limiar do templo e sair ao encontro de
todos”. Nesse sentido, podemos constatar que a presença da Igreja, na
web, é imprescindível e deve ser entendida como uma autêntica missão,
como reforçou o Santo Padre na mensagem: “Não basta circular pelas
‘estradas digitais’, isto é, simplesmente estar conectado; é necessário
que a conexão seja acompanhada do encontro verdadeiro (…). A rede
digital pode ser um lugar rico de humanidade; não uma rede de fios, mas
de pessoas humanas”.
Em 2002, João Paulo II reconheceu o
potencial do ambiente digital para a evangelização: “Para a Igreja, o
novo mundo do espaço cibernético é uma exortação à grande aventura do
uso do seu potencial para proclamar a mensagem evangélica”.
Bento XVI enfatizou esse pensamento em
sua mensagem para o ano de 2009, quando nos convidou a aprofundarmos
nosso conhecimento sobre o assunto: “O anúncio de Cristo, no mundo das
novas tecnologias, supõe um conhecimento profundo dessas tecnologias
para chegar a uma conveniente utilização”.
No ano passado, Bento XVI ainda nos
exortou dizendo que “se a Boa Nova não for dada a conhecer também no
ambiente digital, poderá ficar fora de alcance da experiência de muitos
que consideram importante esse espaço existencial, especialmente os mais
jovens”.
Diante dessas exortações, fica evidente
que a presença da Igreja no ambiente digital é urgente e irrenunciável.
Recentemente, os bispos do Brasil aprovaram e promulgaram um importante
documento para a comunicação da Igreja, o Diretório de Comunicação da
Igreja no Brasil, que conta com um capítulo dedicado ao tema: “Igreja e
mídias digitais”.
No artigo 182 do diretório, lemos que
“para evangelizar na sociedade contemporânea é indispensável compreender
as novas linguagens e práticas vivenciadas, a fim de inculturar a
mensagem do Evangelho na cultura digital”. Todavia, as ações
evangelizadoras, neste ambiente, são complementares.
De modo algum, a presença da Igreja, na
web, substitui a vivência eclesial presencial, assim como outros meios
de comunicação não o fazem, como a televisão e o rádio, por exemplo.
Dada a importância de se refletir sobre o anúncio do Evangelho, nas
plataformas digitais, concluo com uma recomendação, apresentada no
artigo 189, do Diretório de Comunicação: “A comunidade eclesial é
incentivada a fazer-se efetivamente presente na internet, já que grande
parte da vida social se desenrola mediada pelas tecnologias digitais; as
redes digitais tornam-se cada vez mais parte do próprio tecido da
sociedade. (…) É preciso, portanto, favorecer formas de encontro,
diálogo e debate em sites e fóruns, marcados pelo respeito e cuidado
pela privacidade, com responsabilidade e empenho pela verdade”.
Fonte e Link: http://formacao.cancaonova.com/atualidade/tecnologia/evangelizar-nas-plataformas-digitais/
* Padre Clovis Andrade de Melo:
missionário da Comunidade Canção Nova e assessor da Comissão Episcopal
Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB). É graduado em Filosofia e Teologia.
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