Não sou digno
Retomamos os domingos do Tempo Comum, nos
quais refletimos e celebramos os diversos aspectos da fé cristã.
A Liturgia de hoje valoriza a FÉ DOS ESTRANGEIROS.
As leituras nos mostram que a fé não tem
fronteiras...
Na 1ª Leitura, temos uma oração de
Salomão, na inauguração do Templo.
Ele pede que Deus escute e atenda todos os
pedidos dos estrangeiros:
"Assim
todos os povos da terra reconhecerão o teu nome e
temerão
em ti, como faz o teu povo Israel." (1Rs 8,41-43)
Bela oração, animada de espírito profético,
que vê em Javé
não só o Deus de Israel, mas o Senhor de
todos os povos,
a quem todo homem pode dirigir-se para
obter graça.
Em Cristo, o novo Tempo de Deus, cairão as
barreiras entre os homens.
Pedras vivas deste templo espiritual são
todos aqueles que aderem a Cristo, aqueles que escolhem o caminho da doação da
própria vida.
Mesmo os que nunca ouviram falar de Jesus e
do Evangelho
podem pertencer à casa de Deus, desde que se
deixem guiar
pelo Espírito do Ressuscitado.
O Salmo convida todas as nações
a glorificar o Senhor,
pois "seu
amor e fidelidade dura para sempre" (Sl 117)
Na 2ª Leitura, Paulo combate
severamente os que, em nome dos apóstolos,
começaram a ensinar que para alcançar a
salvação
eram necessárias a circuncisão e a
observância da Lei de Moisés.
Como ficaria então a Salvação transmitida
por Cristo? (Gl 1, 1-2.6-10)
* Ainda hoje muitos falam em nome de
Cristo, deturpando seu evangelho...
No Evangelho Jesus atende o
pedido de um estrangeiro,
porque a fé não conhece fronteiras. (Lc 7, 1-10)
As primeiras comunidades cristãs eram
formadas por Judeus e pagãos.
Entre os judeus, era muito forte a tradição
de rejeitar os pagãos...
Por isso, Lucas destaca aqueles elementos
que podem ajudá-las
a superar as desconfianças recíprocas
existentes.
- O Centurião:
embora não sendo membro do povo judeu,
era
um homem extraordinariamente bom:
- Preocupa-se com um dos seus escravos e
demonstra muito carinho por ele...
- Os próprios anciãos judeus o elogiam muito.
"Ele merece que lhe faças este favor,
pois é amigo da nossa gente,
e foi ele mesmo quem nos edificou uma
sinagoga".
- O Centurião
é humilde: humilha-se, solicitando a ajuda dos chefes dos judeus
e
chega ao ponto de não se julgar "digno
de que Jesus entre em sua casa..."
- Ele respeita
os usos e costumes dos judeus. Não exige contato com um pagão.
Basta
que ele dê uma ordem e a doença desaparecerá.
+ Jesus admira a fé do Centurião:
"Nem mesmo em Israel, encontrei tamanha
fé".
A tal fé responde com o milagre, feito à
distância,
e assim é atendido o estrangeiro
que se dirige ao Deus de Israel, presente
na pessoa de Cristo.
A bondade do centurião, que se preocupa com
o servo doente,
sua humilde e sua fé o dispuseram para
receber a graça,
muito mais do que tantos outros, pertencentes
ao povo eleito.
Jesus não faz distinção entre judeus e
gentios,
mas onde encontra humildade e fé, entrega-se
até de longe,
embora ainda não bem conhecido, como fez
com o centurião
+ Jesus manifesta uma grande simpatia
pelas
pessoas que "os Justos" do seu povo desprezam.
- O Samaritano mostra-se mais atencioso
do que o sacerdote e o levita (Lc 12,13);
- O leproso samaritano é o único que
volta a agradecer (Lc 17,16);
- A oração do publicano é mais
agradável a Deus, do que a do fariseu (Lc
18, 9-14);
- Os publicanos e as prostitutas entram
primeiro no Reino de Deus (Mt 21, 31);
- Tiro e Sidônia, cidades pagãs,
mostram-se mais disponíveis à conversão,
do
que Cafarnaum e Betsaida (Lc 10,13).
* Também hoje, fora das fronteiras das
Comunidades cristãs,
há
muitas pessoas de bom coração. Qual é a nossa atitude para com elas?
+ A força da Palavra de Jesus:
A salvação é concedida mediante uma palavra,
pronunciada "à distância".
Com a sua palavra, domina as ondas do mar,
faz desaparecer o sofrimento,
a pobreza, a fome, a doença, o medo, o
pecado, restitui a saúde, a alegria, a paz.
A Palavra de Jesus é eficaz hoje como no
passado e transforma radicalmente
a vida dos homens, da sociedade, das
famílias, do mundo inteiro.
É só confiar na sua palavra e o milagre
acontece:
caem todas as barreiras que dividem os
homens,
dissolvem-se os ódios, as invejas, as
opressões, as violências.
Desaparecem a fome, as doenças e
só permanecem o amor, a solidariedade, a
colaboração recíproca.
+ A fé não conhece fronteiras nem raças.
Jesus e o Pai, que ele veio revelar, são sempre
os mesmos.
Pode acontecer que, como aconteceu com
Jesus,
encontremos mais fé fora, que dentro de
ambientes religiosos.
Isso nos deve manter em atitude humilde e
respeitosa.
O respeito é devido também a quem não crê
ou professa fé diferente da nossa.
Temos em comum a mesma fé no Senhor morto e
ressuscitado por nós,
mas cada povo deve poder expressar a
própria fé
a partir de sua cultura e realidade.
Pe. Antônio
Geraldo Dalla Costa - 02.06.1913
Fonte: http://www.buscandonovasaguas.com/
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