As vantagens de se receber o Corpo de Nosso Senhor diretamente na boca
Ensina-nos a nossa Santa Mãe
Igreja que o Santíssimo Sacramento é a Presença Real de Nosso Senhor Jesus
Cristo, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Por isso, falando a respeito do ato
de receber o Corpo de Nosso Senhor diretamente na boca, o Papa Paulo VI, na
instrução Memoriale Domini, de 29 de maio 1969 (posterior ao Concílio Vaticano
II, portanto), recomenda: “Levando em conta a situação atual da Igreja no mundo
inteiro, essa maneira de distribuir a santa comunhão deve ser conservada.”
A prática tradicional que a Santa
Igreja adota há vários séculos é que os fiéis recebam o Corpo de Nosso Senhor
diretamente na boca. Entretanto, existe hoje a concessão para que se receba o
Corpo de Nosso Senhor na mão. Assim, em matéria moral, é lícito tanto receber o
Corpo de Nosso Senhor na boca como na mão. Porém, a recomendação oficial do
Santa Igreja é que se conserve a prática de receber Nosso Senhor na boca. E as
normas litúrgicas são bem claras em afirmar que ?os fiéis jamais serão
obrigados a adotar a prática da comunhão na mão.” (Notificação da Sagrada
Congregação para os Sacramentos e Culto Divino, de Abril de 1985). Não tem,
pois, um sacerdote o direito de se negar a ministrar o Corpo de Nosso Senhor na
boca.
O Papa Paulo VI deixa claro que,
se na antiguidade, em algum local foi comum a prática dos fiéis receberem o
Corpo de Nosso Senhor na mão, houve nas normas litúrgicas um amadurecimento
neste sentido para se passasse a receber o Corpo de Nosso Senhor diretamente na
boca. Assim diz Paulo VI: “Com o passar do tempo, quando a verdade e a eficácia
do mistério eucarístico, assim como a presença de Cristo nele, foram
perscrutadas com mais profundidade, o sentido da reverência devida a este
Santíssimo Sacramento e da humildade com a qual ele deve ser recebido exigiram
que fosse introduzido o costume que seja o ministro mesmo que deponha sobre a
língua do comungante uma parcela do pão consagrado.”
Mas quais são as vantagens que há
em receber o Corpo de Nosso Senhor diretamente na boca? O Papa Paulo VI fala de
duas: a maior reverência à Sua Presença Real e a maior segurança para que não
se percam os fragmentos do Seu Corpo. Assim ele se expressa: “Essa maneira de
distribuir a santa comunhão deve ser conservada, não somente porque ela tem
atrás de si uma tradição multissecular, mas sobretudo porque ela exprime a
reverência dos fiéis para com a Eucaristia. Esse modo de fazê-lo não fere em
nada a dignidade da pessoa daqueles que se aproximam desse sacramento tão
elevado, e é apropriado à preparação requerida para receber o Corpo do Senhor
da maneira mais frutuosa possível. Essa reverência exprime bem a comunhão, não
?de um pão e de uma bebida ordinários? (São Justino), mas do Corpo e do Sangue
do Senhor, em virtude da qual ?o povo de Deus participa dos bens do sacrifício pascal,
reatualiza a nova aliança selada uma vez por todas por Deus com os homens no
Sangue de Cristo, e na fé e na esperança prefigura e antecipa o banquete
escatológico no Reino do Pai? (Sagr. Congr. dos Ritos, Instrução Eucharisticum
Mysterium, n.3) Por fim, assegura-se mais eficazmente que a santa comunhão seja
administrada com a reverência, o decoro e a dignidade que lhe são devidos de
sorte que seja afastado todo o perigo de profanação das espécies eucarísticas,
nas quais, ?de uma maneira única, Cristo total e todo inteiro, Deus e homem, se
encontra presente substancialmente e de um modo permanente? (Sagr. Congr. dos
Ritos, Instrução Eucharisticum Mysterium, n. 9); e para que se conserve com
diligência todo o cuidado constantemente recomendado pela Igreja no que
concerne aos fragmentos do pão consagrado.”
Em relação à esta maior
reverência de que o Papa Paulo VI fala, o senso litúrgico da Santa Igreja tem o
ato de evitar tocar no Sagrado como sinal de reverência. No Antigo Testamento,
Deus proíbe que se toque na Arca da Aliança que Ele manda fabricar (Ex
25,10-22; 2Sm 6,6-7). A este respeito também que Santo Tomás de Aquino, doutor
da Santa Igreja, na Summa Teológica (Summa, III pars, q.82, art. 3), afirma que
?por reverência a este sacramento, nada o toca, a não ser o que é consagrado;
portanto, o corporal e o cálice são consagrados, e da mesma forma as mãos do
sacerdote, para tocarem este sacramento.” Também o saudoso Papa João Paulo II
escreveu: ?Tocar as Sagradas Espécies s e distribui-las com as próprias mãos é
um privilegio dos ordenados.” (Dominicae Cenae, 24 de fevereiro de 1980) Por
isso, o Sagrado Magistério ordinariamente só permite que os sacerdotes e
diáconos toquem no Corpo de Nosso Senhor. Tanto que o Corpo de Nosso Senhor só
pode ser recebido na mão como concessão especial, e “o ministro ordinário da
Sagrada Comunhão é o Bispo, o Presbítero ou o Diácono” (Código de Direito
Canônico, 910); os ministros extroardinários da Sagrada Comunhão só podem atuar
quando houver uma necessidade real e extraordinária – como o próprio nome diz.
Se na Santa Ceia, Nosso Senhor
entregou o Seu Corpo nas mãos dos Santos Apóstolos, não podemos esquecer que
eles eram Bispos, e como Sacerdotes que são, tocam ordinariamente o Corpo de
Nosso Senhor.
Tal ato externo de reverência
exprime e testemunha a fé da Santa Igreja, em reconhecer que a hóstia
consagrada não é um pãozinho, uma rosquinha ou uma bolacha Trakinas, mas é o
Corpo de Nosso Senhor.
Se a intimidade a qual Nosso
Senhor se entrega a nós no Santo Sacrifício da Missa é verdadeira, também é
verdadeira a reverência que devemos à Ele como verdadeiro Deus. A reverência
não se opõe à intimidade, nem a intimidade se opõe a reverência. Neste sentido,
o saudoso Papa João Paulo II escreve em sua última encíclica: ?Se a idéia de
“banquete” inspira familiaridade, a Igreja nunca cedeu à tentação de banalizar
esta “intimidade” com seu Esposo, recordando-se que ele é também seu Senhor e
que, embora “banquete”, permanece sempre um banquete sacrifical, assinalado com
o sangue derramado no Gólgota.” (EE 48)
Se nos cultos protestantes se tem
o costume tradicional de receber o pão na mão, é porque lá não se acredita na
Presença Real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento – e neste caso é pão
mesmo, pois os protestantes romperam com a Sucessão Apostólica, ou seja, lá não
há sacerdotes validamente ordenados, e portanto não poderiam celebrar a Santa
Missa nem se quisessem.
Em ambientes católicos, os
teólogos ditos “progressistas” vão na mesma linha e incentivam a prática de
receber o Corpo de Nosso Senhor na mão; uma conhecida religiosa brasileira (que
aliás, combate explicitamente o ensinamento da Sagrado Magistério ao defender a
utopia do sacerdócio feminino) contraria de forma absurda a argumentação de
Santo Tomás de Aquino e dos Papas, dizendo: “A comunhão deve ser recebida na
mão ou na boca? Na maioria das dioceses, esse problema já foi superado há muito
tempo; entendemos que somente crianças muito pequenas necessitam receber comida
na boca. E o povo de Deus não quer ser infantilizado por mais tempo.” (Ione
Buyst, em “A Missa, memória de Jesus no coração da vida”; p. 139) Que ousadia
terrível uma religiosa comparar o Corpo de Nosso Senhor com uma comida qualquer
e afirmar que o Sagrado Magistério nos infantiliza ao recomendar reverência à
Ele!
Aqui, é preciso deixar claro que
não podemos condenar a atitude de quem recebe, em determinada situação, o Corpo
de Nosso Senhor na mão, por motivos justos. Aqui se enquadra o exemplo de uma
pessoa que em determinada situação opta em receber o Corpo de Nosso Senhor na
mão de um ministro que se sabe que lhe desagrada ministrar o Corpo de Nosso
Senhor diretamente na boca, para evitar conflitos com tal ministro. Porém, tais
razões podem ser muito pessoais e subjetivas, por isso aqui não nos cabe
julgamento do ato.
Além do mais, sempre será mais
santa a atitude daquele que recebe o Corpo de Nosso Senhor na mão estando em
estado de graça, do que aquele que recebe o Corpo de Nosso Senhor na boca
estando em estado de pecado mortal. Porém, não podemos relativizar a questão a
tal ponto de ignorarmos as vantagens que há em receber o Corpo de Nosso Senhor
na boca.
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