domingo, 11 de dezembro de 2011

Roteiro Homilético – III Domingo do Advento- Ano B

Sugestões para a homilia
• A verdadeira alegria
A fonte da verdadeira alegria
Mensageiros da alegria
Para ser alegre, servir
• O caminho da alegria
Humildade
Penitência
Crescer na fé e no amor
1. A verdadeira alegria.
A alegria é para nós indispensável, como a luz do sol para a vida. Talvez por isso, procuramo-la instintivamente sem descanso.
a) A fonte da verdadeira alegria. «O espírito do Senhor está sobre mim.» Acontece, porém, que muitos jovens e adultos procuram hoje a alegria em fontes envenenadas. São elas, entre outras:
A agitação e o ruído (nas discotecas, nas aparelhagens dos carros e de casa, nos grandes aglomerados de pessoas, etc.). Sentimos medo ao silêncio que nos confronta com o vazio da nossa vida e nos pede para renunciar a muitas coisas e ao sacrifício para seguir a voz de Deus.
• A sensualidade e a gula, que nos mergulha na embriagues dos sentidos, mas deixa o espírito cada vez mais faminto, vazio e inquieto. Quando não se acorda a tempo desta ilusão, pode levar ao desespero, fruto da desilusão.
A ostentação orgulhosa. Gasta-se tempo, dinheiro e trabalho a representar no grande palco da vida, ostentando o que não se é. Vivemos na civilização do “faz-de-conta”. Quando deixamos de ter plateia que nos aplaude, a vida aparece despida de qualquer sentido.
A verdadeira fonte da alegria encontra-se em Deus e buscamo-la quando procuramos ser fiéis ao que Ele nos pede.
b) Mensageiros da alegria. «O Senhor me ungiu e me enviou [...]» A verdadeira alegria não se encontra numa exclusiva atitude de receber, mas de dar e dar-se.
Quando Deus envia o Seu Servo para a missão, anunciada por Isaías – modelo de que há-de ser todo o cristão – não o faz para que ele olhe exclusivamente para si. Se assim fosse, não teria sentido o envio.
Cada um de nós está no mundo também para servir. Somos uma comunidade de serviço mútuo, com dependência uns dos outros. Deste modo começamos a vida em comunhão na terra para a continuar eternamente no Céu.
Os que se dobram sobre si próprios, sempre à procura de serem servidos, sem ajudar quem quer que seja, são infelizes e acabam por perturbar a alegria dos outros.
Por isso, alguém dizia que
O primeiro serviço que o Senhor nos pede é tornar o mundo à nossa volta mais alegre, mais humano e mais optimista.
Esta alegria não pode ser fruto de uma vivência néscia, ignorando as dificuldades reais da vida, mas alicerçada na nossa filiação divina.
c) Para ser alegre, servir. «[...] me enviou a anunciar a boa nova aos pobres [...]». Ao mesmo tempo que nos convida a uma alegria perene, o Senhor indica-nos o caminho a percorrer para a possuir.
O Senhor ungiu e enviou o Seu Servo e a cada um de nós, para instaurar uma nova ordem no mundo:
• «a anunciar a boa nova aos pobres». Anunciar aos humildes, aos que não se apoiam nos poderes humanos, mas apenas confiança que depositam no Senhor a sua esperança. São estes que acolhem de braços abertos a boa nova da salvação.
• «a curar os corações atribulados». Muitos corações sangram pelas injustiças, incompreensões, preocupações da vida. Temos de ajudá-los a procurar no Senhor a solução dos seus problemas. O Senhor convida-nos: «Vinde a Mim todos os que andais sobrecarregados, e Eu vos aliviarei».
• «a proclamar a redenção aos cativos». Encontramos muitas pessoas que perderam a liberdade, porque se deixaram apanhar nas malhas do álcool, da droga, da sensualidade, do apoderamento dos bens alheios, e de tantas outras formas de escravidão. Precisam da nossa ajuda.
• «e a liberdade aos prisioneiros». Há pessoas cativas da prepotência e injustiça dos mais fortes, do seu orgulho que não lhes deixa espaço para terem paz e de tantas outras formas de prisão.
• «a promulgar o ano da graça do Senhor.» No Ano Sabático de Israel as dívidas eram perdoadas e os bens imóveis voltavam à posse das pessoas. Propriamente era um ano de misericórdia em que tudo era perdoado.
Deixou-nos o Senhor na Sua Igreja o acesso a esta misericórdia no Sacramento da reconciliação e Penitência. Que belo programa para este Advento, ajudar as pessoas a reencontrar a alegria de viver numa reconciliação sincera com Deus!
2. O caminho da alegria.
Na sua pregação no deserto da Judeia, S. João Baptista – pelas suas palavras e atitudes – ensina-nos como nos havemos de preparar para caminharmos ao encontro de Jesus que nos vem visitar.
a) Humildade. «Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: Eu não sou o Messias». Além desta proclamação de humildade, o Precursor tem outras: não é um profeta, mas apenas «a voz do que clama no deserto». Recusa-se, num primeiro momento, a baptizar Jesus e manifesta-se indigno de lhe desatar as correias das sandálias.
Se tentarmos descobrir as causas da nossa tristeza que, por vezes, nos invade, verificaremos que, a maior parte delas ela brota da ferida do orgulho: porque não nos deram a importância e valor que julgávamos ter; porque tentámos viver como se fôssemos donos incondicionais da nossa vida; porque desejamos brilhar – colocarmo-nos no centro do mundo – e não o conseguimos, e cobrimos a nossa nudez com o que não nos pertence. João Baptista despe-se corajosamente do que não lhe pertence.
Aceitemos que somos pequenos, embora com a grandeza infinita de filhos muito amados do nosso Pai do Céu.
b) Penitência. «Endireitai o caminho do Senhor.» Passamos a vida a fugir do que nos custa e, no final, sentimo-nos amargurados.
Se usássemos este critério em relação à nossa saúde corporal, em breve lhe sentiríamos os efeitos negativos. Aceitamos dietas, abstinências, caminhadas para garantir um mínimo de qualidade de vida.
Podemos, pelo menos, aceitar com alegria e generosidade, as limitações que a nossa pouca saúde, estreiteza económica, enquadramento na vida com as outras pessoas, em vez de embatermos teimosamente contra elas.
Hoje fala-se de crise económica, há restrições impostas pela idade e, possivelmente, crises de saúde. Em vez de cairmos numa lamentação doentia, procuremos ultrapassar estes obstáculos, mas vivamos em paz e alegria. Mais que sejamos voluntários do Amor, do que encarar a vida continuamente contrariados.
c) Crescer na fé e no amor. «É fiel Aquele que vos chama e cumprirá as suas promessas.» A fé e o amor são inseparáveis na vida cristã.
Para conseguirmos este crescimento, temos necessidade de frequentar a escola da verdadeira alegria que é a Missa Dominical. O Senhor prepara para nós em cada Domingo duas mesas: a da Palavra, na qual alimenta a nossa fé, e a da Eucaristia, onde robustece o nosso Amor.
Daqui partimos alegres, enviados por Deus, para viver este mesmo Amor, no trabalho, na família e na convivência com os amigos e proclamar para todos que O Senhor nos ama com loucura e nos ajuda a ser felizes já nesta vida e, principalmente, na que nos aguarda no Céu.
Maria Santíssima é modelo desta alegria que se fundamenta na fé e A leva ao Amor. Quando canta o Magnificat em casa de Isabel, a sua vida não é um mar de rosas. Tem pela frente muitas complicações humanamente difíceis: está grávida, tendo concebido virginalmente. Como vai explicar este mistério a S. José? Além disso, o chamamento à maternidade não estava nos seus planos, como confidencia ao Arcanjo.
E, no entanto, unicamente fundada na confiança no Senhor, canta o hino mais alegre de toda a Sagrada Escritura.
Com Ela aprenderemos a pôr em prática o conselho de S. Paulo: «Irmãos: Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias…»

Fala o Santo Padre
«A liturgia convida-nos a ter uma espera vigilante e alegre, porque o Senhor não tardará: Ele vem libertar o seu povo do pecado.»
Depois de ter celebrado a solenidade da Imaculada Conceição de Maria, nestes dias entramos no clima sugestivo da iminente preparação para o Santo Natal, e aqui já vemos a árvore erigida. Na hodierna sociedade consumista, infelizmente este período sofre uma espécie de «poluição» comercial, que corre o risco de alterar o seu espírito autêntico, caracterizado pelo recolhimento, pela sobriedade e por uma alegria não exterior, mas íntima. Por conseguinte, é providencial que, quase como uma porta de entrada para o Natal, haja a festa daquela que é a Mãe de Jesus, e que melhor do que qualquer outro pode levar-nos a conhecer, amar e adorar o Filho de Deus que se fez homem. Portanto, deixemos que Ela nos acompanhe; que os seus sentimentos nos animem, para que nos predisponhamos com sinceridade de coração e abertura de espírito a reconhecer no Menino de Belém o Filho de Deus que veio à terra para a nossa redenção. Caminhemos juntamente com Ela na oração, e acolhamos o reiterado convite que a liturgia do Advento nos dirige, a permanecer à espera, uma espera vigilante e alegre, porque o Senhor não tardará: Ele vem libertar o seu povo do pecado.
Em muitas famílias, segundo uma bela e consolidada tradição, imediatamente depois da festa da Imaculada, começa-se a preparar o Presépio, como que para reviver juntamente com Maria aqueles dias repletos de trepidação, que precederam o nascimento de Jesus. Preparar um Presépio em casa pode revelar-se um modo simples, mas eficaz, de apresentar a fé para a transmitir aos próprios filhos. O Presépio ajuda-nos a contemplar o mistério do amor de Deus, que se revelou na pobreza e na simplicidade da gruta de Belém. […] Com efeito, o Presépio pode ajudar-nos a compreender o segredo do verdadeiro Natal, porque fala da humildade e da bondade misericordiosa de Cristo que, «embora fosse rico, se tornou pobre» (2 Cor 8, 9) por nós. A sua pobreza enriquece quem a abraça e o Natal traz alegria e paz àqueles que, como os pastores em Belém, acolhem as palavras do Anjo: «Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12).
Este permanece o sinal, também para nós, homens e mulheres do século XXI. Não há outro Natal. […]

Bento XVI, Angelus, 11 de Dezembro de 2005

FONTE: http://www.presbiteros.com.br/

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