Homem que agradou a Deus
Não
é sem razão que a Igreja, no meio da Quaresma, tira o roxo no dia 19 de
março e coloca o branco na liturgia, para celebrar a festa de São José,
esposo da Virgem Maria. Entre todos os homens do seu tempo, Deus
escolheu o glorioso São José para ser pai adotivo de seu Filho divino e
humanado. E Jesus lhe era submisso, como mostra São Lucas.
Santo
Gertrudes (1256-1302), um grande místico da Saxônia, afirmou que “viu
os Anjos inclinarem a cabeça quando no céu pronunciavam o nome de São
José”.
Santa
Teresa de Ávila (1515-1582), a primeira doutora da Igreja, a
reformadora do Carmelo, disse: “Quem não achar mestre que lhe ensine a
orar, tome São José por mestre e não errará o caminho”. E declarava que
em todas as suas festas lhe fazia um pedido e que nunca deixou de ser
atendida. Ensinava ainda que cada santo nos socorre em uma determinada
necessidade, mas que São José nos socorre em todas.
O
Evangelho fala pouco de sua vida, mas o exalta por ter vivido segundo
“a obediência da fé” (cf. Rm 1,5). Deus nos dá a graça para viver pela
fé (cf. Rm, 5,1.2; Hb 10,38) em todas as circunstâncias. São José, um
homem humilde e justo, “viveu pela fé”, sem a qual “é impossível agradar
a Deus” (cf. Hab 2,3; Rm 1,17; Hb 11,6).
O
grande doutor da Igreja Santo Agostinho compara os outros santos às
estrelas, e São José ele o compara ao Sol. A esse grande santo Deus
confiou Suas riquezas: Jesus e a Virgem Maria. Por isso, o Papa Pio IX,
em 1870, declarou São José Padroeiro da Igreja Universal com o decreto
“Quemadmodum Deus”. Leão XIII, na Encíclica “Quanquam Pluries”, propôs
que ele fosse tido como “advogado dos lares cristãos”. Pio XII o
declarou como “exemplo para todos os trabalhadores” e fixou o dia 1º de
maio como festa ao José Trabalhador.
Assista: “A história de São José”, com padre Fernando Santamaria
São
José foi pai verdadeiro de Jesus, não pela carne, mas pelo coração;
protegeu o Menino das mãos assassinas de Herodes o Grande, e ensinou-lhe
o caminho do trabalho. O Senhor não se envergonhou de ser chamado
“filho do carpinteiro”. Naquela rude carpintaria de Nazaré Ele trabalhou
até iniciar Sua vida pública, mostrando-nos que o trabalho é redentor.
Na
história da salvação coube a São José dar a Jesus um nome, fazendo-O
descendente da linhagem de Davi, como era necessário para cumprir as
promessas divinas. A José coube a honra e a glória de dar o nome a Jesus
na Sua circuncisão. O Anjo disse-lhe: “Ela dará à luz um filho e tu o
chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo dos seus
pecados” (Mt 1,21).
A
vida exemplar desse grande santo da Igreja é exemplo para todos nós.
Num tempo de crise de autoridade paterna, na qual os pais já não
conseguem “conquistar seus filhos” e fazerem-se obedecer, o exemplo do
Menino Jesus submisso a seu pai torna-se urgente. Isso mostra-nos a
enorme importância do pai na vida dos filhos. Se o Filho de Deus quis
ter um pai, ao menos adotivo, neste mundo, o que dizer de muitos filhos
que crescem sem o genitor? O que dizer de tantos “filhos órfãos de pais
vivos” que existem no Brasil, como nos disse aqui mesmo em 1997 o Papa
João Paulo II? São José é o modelo de pai presente e atencioso, de
esposo amoroso e fiel.
Celebrar
a festa de São José é lembrar que a família é fundamental para a
sociedade e que não pode ser destruída pelas falsas noções de família,
“caricaturas de família”, que nada têm a ver com o que Deus quer. É
lutar para resgatar a família segundo a vontade e o coração de Deus. Em
todos os tempos difíceis os Papas pediram aos fiéis que recorressem a
São José; hoje, mais do que nunca é preciso clamar: “São José,
valei-nos!” Ao falar desse santo, o Papa João Paulo II, na exortação
apostólica “Redemptoris Custos” (o protetor do Redentor), de 15 de
agosto de 1989, declarou: “Assim como cuidou com amor de Maria e se
dedicou com empenho à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e
protege o seu Corpo Místico, a Igreja” (nº1). “Hoje ainda temos motivos
que perduram, para recomendar todos e cada um dos homens a São José (nº
31).
Celebrar a festa de São José é celebrar a
vitória da fé e da obediência sobre a rebeldia e a descrença que hoje
invadem os lares, a sociedade e até a Igreja. O homem moderno quer
liberdade; “é proibido proibir!”; e, nesta loucura lança a humanidade no
caos.
São
José, tal como a Virgem Maria, com o seu “sim” a Deus, no meio da
noite, preparou a chegada do Salvador. Deus Pai contou com ele e não foi
decepcionado. Que o Altíssimo possa contar também conosco! Cada um de
nós também tem uma missão a cumprir no plano divino. E o mais importante
é dizer “sim” a Deus como São José. “Despertando, José fez como o anjo
do Senhor lhe havia mandado” (Mt 1,24).
Celebrar
a festa de São José é celebrar a santidade, a espiritualidade, o
silêncio profundo e fértil. O pai adotivo de Jesus entrou mudo e saiu
calado, mas nos deixou o Salvador pronto para começar a Sua missão. É
como alguém destacou: “O servo que faz muito sem dizer nada; o especial
agente secreto de Deus”. Ele é o mestre da oração e da contemplação, da
obediência e da fé. Com ele aprendemos a amar a Deus e ao próximo.
São José viveu o que ensinou João Batista: “É preciso que Ele [Jesus] cresça e eu diminua” (Jo 3,30).
Prof. Felipe Aquino
Fonte: http://blog.cancaonova.com
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