Jovem e virgem, conhecido por sua alta posição
social e militar, rapidamente sua vida se tornou exemplo para a crescente
comunidade cristã quetomava conta do Império Romano pagão.
A
imensa quantidade de brasileiros que ostenta o nome Sebastião permite imaginar
o quanto aquele santo militar romano é admirado e venerado em nosso país, o que
também ocorre em numerosas outras nações, especialmente do Ocidente. Crianças
são batizadas com seu nome, paróquias o têm por padroeiro, igrejas o festejam
como titular, bairros e cidades também a ele se vinculam na devoção ao santo
que é tido como padroeiro dos soldados, arqueiros e atletas, sendo muito
invocado no combate às epidemias. A Cidade Maravilhosa, uma das mais conhecidas
em todo o mundo, tem por nome oficial "São Sebastião do Rio de
Janeiro" (assim como a importante arquidiocese ali sediada), uma homenagem
ao santo cujo nome era ostentado pelo então soberano português reinante à época
em que a localidade recebeu a nominação.
Quem
foi, porém, São Sebastião? Os registros oficiais são escassos a seu respeito, o
que não impede que dele possamos ter muitas informações que emanam da feliz e
indissociável combinação entre a história e a piedade popular, e que permite
retratar, ainda que não exatamente a realidade, ao menos (o que é o mais
importante) o espírito da realidade com que um militar cristão, servindo no
exército de um dos mais sanguinários imperadores romanos, ajudou numerosas
almas a não enfraquecerem na fé, consolando-as e permitindo-lhes trilhar de
cabeça erguida o caminho do Paraíso; ademais, ele próprio não deixou, no
momento oportuno, de declarar-se cristão, dando o testemunho e servindo de
exemplo a numerosos outros seguidores de Jesus que enfrentavam as perseguições
da Era dos Mártires, como foi chamado o período de busca e morte aos fiéis
conforme ordenado pelo sanguinário imperador Deocleciano.
Já
antes do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo os romanos chamavam Mare
Nostrum ("nosso mar") ao Mediterrâneo, uma vez que todas as terras
por ele banhadas faziam parte do império. Foi em uma região costeira, na
província da Gália, correspondendo à atual cidade de Narbonne (França), que
Sebastião veio ao mundo. Sua família era de Milão (na atual Itália), e não era
ele inclinado à carreira das armas, tendo-a seguido por causa do desejo de
servir aos irmãos na fé, que sofriam as perseguições.
Sebastião
desempenhou corretamente seus deveres como soldado, mas por baixo das vestes
militares estava um verdadeiro cristão, e dentro de seu corpo pulsava um
coração ardente de desejos de apoiar os perseguidos e ajudá-los a seguir o
Divino Mestre, não só durante esta vida mas também quando se encontravam
prestes a partir para a outra. Mantinha em segredo sua fé, como era comum entre
os cristãos nas épocas de perseguição, pois assim podia ajudar os que dele
precisavam, mas não tinha receio de perder seus bens ou sua própria vida.
Uma
de suas ações apostólicas refere-se aos irmãos gêmeos Marcos e Marceliano, que
haviam sido aprisionados em Roma, os quais eram visitados diariamente por
Sebastião. Submetidos a chicotadas, apesar de serem membros de família de
senadores, foram condenados à decapitação, tendo seus familiares obtidos do
administrador romano, chamado Cromácio, um prazo para que se tentasse mudá-los
quanto à opinião. Mantidos acorrentados na casa do escriba da prefeitura,
Nicóstrato, eram submetidos a tentativas de convencimento por parte de seus
pais, suas esposas e seus filhos ainda pequenos, além de amigos, mas quando
estavam em risco de fraquejar foram as palavras de Sebastião que os reanimaram,
as quais impressionou a todos que as ouviram.
Zoé,
esposa de Nicóstrato, discernindo em Sebastião um homem de Deus, atirou-se aos
seus pés e por gestos indicou-lhe a doença de que padecia: uma doença lhe
fizera perder a capacidade de falar. Sebastião fez o sinal da cruz sobre a boca
de Zoé e pediu em voz alta a Nosso Senhor Jesus Cristo que a curasse, e
imediatamente ela recuperou a dicção e pôs-se a louvar aquele homem,
acrescentando que acreditava em tudo o que ele acabara de dizer. Diante da cura
da esposa, o próprio Nicóstrato lançou-se aos pés de Sebastião e pediu perdão
por ter mantido os dois cristãos aprisionados, libertando-os em seguida e
declarando que se sentiria feliz se viesse a ser aprisionado e morto em lugar deles.
E os dois irmãos, naquele momento libertados, recusaram-se a abandonar a luta
para a ela expor outra pessoa, firmando-se na fé ao ver a ação de Deus, que
anulou todos os esforços feitos para fazê-los abandonar a Igreja, além de nela
ingressarem os donos da casa em que estiveram aprisionados.
Nas
horas que se seguiram, outras pessoas também abraçaram a fé cristã, sendo 68 o
número de pessoas convertidas e batizadas por São Policarpo, ali chamado por
Sebastião: Nicóstrato, sua esposa Zoé, toda a família de Nicóstrato, seu irmão
Castor, o carcereiro Cláudio com dois filhos e sua esposa Sinforosa, o pai dos
gêmeos, chamado Tranquilino, com sua esposa Márcia e seis amigos, as esposas
dos gêmeos, e dezesseis outros encarcerados.
Sem
saber os detalhes - pois houvera sido enganado - o prefeito de Roma, Cromácio,
que havia concedido aos gêmeos o período de espera para que renunciassem à fé,
chamou o pai de ambos, Tranquilino, determinando que eles oferecessem incenso
aos deuses; Tranquilino então afirmou-se
cristão, acrescentando que assim houvera sido curado de uma enfermidade da qual
o prefeito também padecia. Cromácio disponibilizou dinheiro para conseguir a
cura da enfermidade, arrancando de Tranquilino risos, tendo este assegurado que
para ser curado bastaria recorrer a Cristo.
Após
um instrutivo catecumenato, no qual foi explanada a superioridade da fé sobre a
simples cura de sua doença, Cromácio e seu filho se tornaram também cristãos,
permitindo que fossem quebradas mais de duzentas estátuas de ídolos que eram
por eles adorados, bem como que fossem destruídos os instrumentos que eram
utilizados para astrologia e outras práticas divinatórias. Porém não apenas
aquele pai e seu filho se tornaram cristãos em sua casa, mas um total de 1.400
pessoas, incluindo escravos a quem deu a liberdade dizendo que os que passaram
a ter Deus por pai não mais podiam ser escravos de um homem.
Diocleciano,
tendo assumido o império romano, conservou Sebastião no posto, e lhe deu o
cargo de capitão da primeira companhia de guardas pretorianos em Roma,
depositando nele muita confiança.
Chegou,
porém, o momento em que Sebastião afirmou-se cristão, depois de ter cuidado
para que muitos trilhassem o caminho do Paraíso. Inconformado o imperador o
enviou para a morte: foi preso a um tronco, e teve o corpo perfurado por
flechas. Crendo-o morto, foi abandonado pelos que o supliciaram, mas uma
piedosa viúva, que pretendia sepultá-lo com honras cristãs, encontrou-o vivo,
tendo dele cuidado para que se recuperasse. Algum tempo depois, ei-lo
apresentando-se a Diocleciano (que se surpreendeu ao vê-lo vivo), a quem
censurou pela injustiça com que perseguia os cristãos, pois estes rezavam pelo
império e por seus exércitos, mas eram supliciados como se fossem inimigos do
estado.
O
cruel imperador, obstinado em seus erros, mandou que Sebastião fosse
imediatamente levado a um local próximo, onde foi morto a bordoadas. Foi
sepultado na catacumba que atualmente leva seu nome, sobre a qual se ergue uma
das sete principais igrejas de Roma, a Basílica de São Sebastião, na Via Appia.
FONTES:
Vida dos Santos, Padre Rohrbacher / Dix Mille Saints, Beneditinas de Ramsgate /
Catholic of Saints, John Delaney
Fonte: www.arautos.org
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