Especialistas citam os assuntos mais recorrentes nas provas de língua portuguesa. Confira também algumas questões para testar os seus conhecimentos
Investir toda a concentração nas matérias específicas dos concursos públicos e
deixar de lado o estudo de língua portuguesa pode ser uma cilada. É o
que defende Elvio Peralta, diretor superintendente da Fundação Fisk.
Disciplina cobrada em todos os concursos, o português pode acabar sendo o
vilão dos concurseiros, de acordo com ele. “As pessoas acham que
dominam o português, mas é preciso lembrar que há uma grande a
divergência entre a forma coloquial e a norma culta”, explica.
Por isso, ele recomenda aos concurseiros que invistam em estudos de
atualização gramatical. “Ler bons autores também é uma recomendação”,
diz.
“O melhor jeito de estudar a gramática é partir do exercício para a
teoria”, diz o professor Agnaldo Martino, da LFG. De acordo com ele, o
candidato deve começar a resolver exercícios e, à medida que dúvidas
forem surgindo, ele consulta a gramática.
“São muitas regras. Se ele for tentar decorar todas, não vai conseguir.
Por isso a melhor maneira é fazer exercícios e ir pesquisando na
gramática”, explica. Com o tempo, diz ele, não será mais necessário
voltar à teoria com tanta frequência. “Ele vai fixando o conteúdo”, diz
Martino.
Exame.com perguntou aos professores quais são temas que mais merecem
atenção, ou porque são os mais presentes nas provas, de maneira geral,
ou porque são responsáveis por altos índices de erros. Confira os
assuntos mais “cascudos” de língua portuguesa, segundo os especialistas
e, na parte final do texto, teste seus conhecimentos a partir de
questões elaboradas pela equipe da Fundação Fisk:
Colocação Pronominal
A colocação dos pronomes oblíquos átonos - me, te, se, o, a, lhe, nos,
vos, os, as, lhes – é um tema frequente em perguntas de concursos,
segundo Peralta. Requer muita atenção”, diz o professor Agnaldo Martino,
da LFG.
São três as posições que eles podem assumir na frase: próclise (quando o
pronome vem antes do verbo), mesóclise (quando ocorre no meio do verbo)
e ênclise (depois do verbo). “Muita gente erra porque o uso coloquial
tende a aceitar a próclise”, diz.
Concordância verbal
O modo como o verbo se altera para se acomodar ao sujeito também pode
causar muitas dúvidas. “Este é um assunto que causa dificuldade aos
candidatos”, diz Peralta.
Dentro deste tema, podem surgir questões em que candidatos devem
assinalar qual das formas concordância verbal é a adequada em:
“precisam-se de empregados” ou “precisa-se de empregados”, por exemplo
Neste caso, acerta quem escolher a segunda forma (precisa-se de
empregados) já que o pronome “se” atua como índice de indeterminação do
sujeito em construções em que o verbo não pede complemento direto
(precisar é transitivo indireto). Por isso o verbo fica obrigatoriamente
na terceira pessoa do singular.
Dica: Além da teoria
gramatical, a fixação do conteúdo ocorre a partir da prática. Isso
porque, embora a regra geral seja que o verbo bem concordar com o
sujeito em pessoa e número, há incontáveis casos que podem resultar em
dúvidas como, por exemplo, a concordância quando o sujeito é composto ou
coletivo, quando há porcentagem, quando é um pronome tratamento e
outras situações.
Regência verbal
A transitividade dos verbos também é um assunto que tem a atenção das
bancas examinadoras, segundo Peralta e Martino. Isso acontece porque a
regência muda de acordo com a relação do verbo com o complemento.
Para determinar qual a regência adequada, o concurseiro deve examinar o
termo regente, que é o verbo, e o termo regido, que é complemento.
Dica: O professor Diogo Arrais, do Complexo Educacional Damásio de Jesus, costuma discutir o tema na coluna Dicas de Português. Ele já ensinou macetes para os concurseiros nunca mais errarem a regência dos verbos desculpar e preferir, por exemplo.
Regência nominal
A relação entre o substantivo, adjetivo ou advérbio transitivo e seu
complemento nominal, intermediada por uma preposição, também é citada
por Peralta e Martino como frequente nos concursos e fonte de indecisões
e dúvidas. “É um dos temas mais críticos”, diz Peralta.
Dica: “É um erro seguir a
regência do verbo correspondente, esta é a grande pegadinha”, diz
Martino. Ou seja, achar que a regência nominal vai seguir a regência
verbal pode levá-lo a tropeçar.
“Geralmente são opostas, isso acontece em 99% dos casos”, diz
Martino. Ele cita os exemplos “eu compreendo a língua portuguesa” e “ eu
tenho compreensão da língua portuguesa”. “O nome pede a preposição, mas
o verbo não”, explica Martino.
Crase
“Questões de acentuação aparecem muito, sobretudo tratando do uso da
crase”, diz Peralta. Assim, saber quando usar este acento grave pode
fazer com que o concurseiro saia na frente de muitos candidatos.
Dica: Um macete ensinado pelo professor Reinaldo Passadori,
do Instituto Passadori – Educação Corporativa pode ajudar a evitar
erros. Passadori recomenda a substituição da palavra feminina pela
masculina e aparecer “ao” é sinal de que é preciso usar a crase.
No entanto, de acordo com o professor Agnaldo Martino, o concurseiro
deve ficar atento porque nem sempre a regrinha funciona e bancas
examinadoras se aproveitam disso.
“O concurseiro deve entender a crase como a fusão da preposição e artigo
e ficar atento ao uso ou não do artigo”, diz Martino. Exemplo: “combate
a fome” está correto sem crase se o sentido for de generalização. “Mas
pede crase se a fome for específica e determinada”, explica. Confira também os casos em que a crase é proibida.
Questões
Questões
Agora, teste rapidamente seus conhecimentos em relação a estes tópicos
mais frequentes nas provas de português dos concursos públicos
resolvendo as questões propostas pela Fundação Fisk:
Leia cada par de sentenças e assinale a(s) que estiver(em) correta(s):
1 Houveram muitas dificuldades no ano passado.
Houve muitas dificuldades no ano passado.
Houve muitas dificuldades no ano passado.
Resposta: A segunda opção é
a mais adequada de acordo com a norma culta. Quando o verbo haver é
utilizado como sinônimo de existir, ele não apresenta plural.
2 Sua função é assistir os idosos.
Nós assistimos a todos os filmes que passaram na televisão.
Nós assistimos a todos os filmes que passaram na televisão.
Resposta: As duas frases
estão corretas. Alguns verbos assumem significados específicos quando
são combinados com preposições diferentes. Na primeira frase, “assistir”
é sinônimo de “ajudar” e não há combinação com nenhuma preposição. No
segundo caso, o verbo “assistir” combinado com a preposição “a” tem o
significado de “ver”.
3 O morador em São Paulo sofre com o trânsito.
O morador de São Paulo sofre com o trânsito.
O morador de São Paulo sofre com o trânsito.
Resposta: A primeira opção
é a mais adequada conforme a norma culta. Nesse caso, a preposição que
melhor combina com o substantivo “morador” é “em”. Dica: quem mora, mora
em algum lugar, portanto, quem é morador é morador em algum lugar.
4 Todos os funcionários compareceram à reunião.
Ela ficou cara a cara com o presidente.
Ela ficou cara a cara com o presidente.
Resposta: O emprego da
crase está correto na primeira frase, pois ocorre a fusão da preposição
“a” com o artigo “a”. Dica: Substitua a palavra feminina por uma
masculina similar que não altere o sentido da frase original. Caso
ocorra a combinação “ao” diante da palavra masculina, haverá crase
diante da feminina:
Ex.: Todos os funcionários compareceram ao encontro. /Todos os funcionários compareceram à reunião.
Quanto à segunda sentença, não ocorre crase na expressão cara a cara, pois não empregamos a crase diante de expressões formadas por palavras idênticas repetidas.
Quanto à segunda sentença, não ocorre crase na expressão cara a cara, pois não empregamos a crase diante de expressões formadas por palavras idênticas repetidas.
5 Confesso que não lhe entendo muito bem.
Confesso que não o entendo muito bem.
Confesso que não o entendo muito bem.
Resposta: Utilizamos o, a,
os, as como objetos diretos de verbos e lhe e lhes apenas como objetos
indiretos. Nesse caso, o verbo “entender” combina melhor com o objeto
direto, portanto, a segunda opção é a resposta correta.
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