quarta-feira, 17 de abril de 2013

Mel: uma doce alternativa para o tratamento da tosse na criança


As causas da tosse podem ser variadas, desde infeção em qualquer ponto das vias respiratórias, alergias, asma, presença de corpos estranhos, irritação das vias aéreas por substâncias como o fumo do tabaco, entre outras.
A tosse é uma resposta fisiológica à irritação das vias aéreas, que funciona como um importante mecanismo de defesa do sistema respiratório, permitindo a expulsão de secreções e/ou material estranho. É um sintoma muito frequente na idade pediátrica, mas necessário, que incomoda a criança e preocupa os pais, sendo responsável por muitas noites mal dormidas e tendo, consequentemente, implicações na escola e no trabalho, nomeadamente ao nível do absentismo.
Apesar de originar grande preocupação nos pais, a tosse na criança é, na maioria das vezes, condicionada por situações benignas e autolimitadas. As causas da tosse podem ser variadas, desde infeção em qualquer ponto das vias respiratórias, alergias, asma, presença de corpos estranhos, irritação das vias aéreas por substâncias como o fumo do tabaco, entre outras. Na maioria das vezes, a tosse passa em alguns dias ou semanas e o organismo da criança reestabelece-se naturalmente.
A oferta de medicação de venda livre nas farmácias, nomeadamente xaropes para a tosse, é numerosa, dispendiosa e variada, mas poucos são os pais que sabem que a eficácia desses medicamentos não é comprovada e, por vezes, são até mesmo desaconselhados. Daí a importância de orientar os pais, de forma a diminuir significativamente a sua ansiedade e o uso inadequado e/ou desnecessário de terapêutica, à qual podem estar associados efeitos adversos.
Então, os pais só podem esperar que a tosse passe? Não. Se o seu filho tem tosse deve consultar o médico assistente, que em função das queixas, do tipo de tosse e do exame físico indicará a forma mais adequada de avaliar e tratar o seu filho.
Se a tosse não é atribuída a nenhuma doença específica como asma, pneumonia, sinusite, rinite alérgica, entre outras, mas é devida a uma infeção das vias aéreas superiores sem tratamento curativo específico, como por exemplo as constipações, existem algumas medidas que os pais podem adoptar para minimizar o desconforto. Aquela dica antiga de hidratar a criança continua imbatível: incentive o seu filho a beber água. Não se esqueça que o fumo passivo é uma causa comum de tosse, por isso mantenha o seu filhote em locais livres de fumo de tabaco ou outras substâncias que possam irritar as vias aéreas. Além disso, segundo alguns estudos realizados, há outra medida que os pais podem adoptar nestes casos - dar mel aos seus filhos. É uma daquelas coisas que a sua avó já dizia: o mel é bom para a tosse.
Publicado, recentemente, na revista científica Pediatrics, um estudo veio reforçar o efeito positivo do mel na tosse da criança. O estudo analisou 300 crianças, entre 1 e 5 anos, para identificar se o mel aliviava a tosse noturna. A conclusão foi que as crianças que ingeriram mel apresentaram melhoria significativa da tosse noturna e menor dificuldade para dormir comparativamente às que receberam um xarope sem mel.
Assim, este estudo veio enfatizar as recomendações fornecidas pela Organização Mundial de Saúde e pela Academia Americana de Pediatria para o uso de mel, cerca de 2,5 a 5 ml, como potencial tratamento da tosse em crianças com mais de 1 ano. Já outros estudos anteriormente publicados, tinham demonstrado maior eficácia do mel no alívio da tosse, comparativamente aos xaropes antitússicos/expetorantes e anti-histamínicos. Apesar da crescente evidência do uso de mel como suavizador da tosse na criança, esta ainda não é uma recomendação da Sociedade Portuguesa de Pediatria.
O mel deve ser administrado durante um curto período de tempo, e ter em consideração o risco de cáries dentárias e obesidade. Além disso, não se esqueça que a ideia generalizada de o mel ser uma substância natural que não faz mal a ninguém, não é bem assim. Crianças com menos de 1 ano não podem consumir mel porque o seu organismo ainda não tem proteção contra a bactéria Clostridium botulinum, que pode estar presente no mel e é responsável pela transmissão do botulismo.
É importante perceber que o mel vai atuar, essencialmente, como mecanismo de alívio do desconforto, proporcionando menor incómodo e noites mais tranquilas para a criança e para os pais.
Marlene Rodrigues, com a colaboração de Sofia Martins, Pediatra do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga

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