Fonte: http://www.gaudiumpress.org
Por Silvana Gabriela
Chacaliaza Panez
Quantas vezes um perfume,
uma imagem, um som, um sabor, uma música ou até mesmo uma palavra nos recordam
certa época de nossa vida, lembram algum episódio histórico, ou nos fazem
reviver momentos especiais. Assim acontece, já no mês de novembro, quando ruas
e lojas começam a se preparar para uma das festas mais importantes do ano: o
nascimento do Menino Jesus.
São muitos os sinais que
evocam, sob aspectos diferentes, o momento no qual os Céus se abriram para
permitir a descida do Redentor, vindo ao mundo por amor aos homens.
A árvore de Natal, belamente
enfeitada de bolas coloridas e feéricas luzes, lembra-nos, com seus presentes,
o maior dom dado por Deus à humanidade: seu próprio Filho! No presépio
representa-se a adoração que os Reis do Oriente renderam ao Menino Jesus,
levando-Lhe ouro por ser o Rei dos reis, incenso por ser Deus verdadeiro em sua
verdadeira humanidade, e mirra por ser o Redentor, que haveria de comprar com
seu sofrimento a salvação dos homens.
Não podemos nos esquecer do
menu da Ceia, parte importante da celebração natalina. Pensado com
antecedência, ele procura simbolizar os manjares celestiais em torno dos quais
se reúnem os bem-aventurados no Céu empíreo, a fim de propiciar uma conversa
amena e um convívio agradável.
Mas talvez o que mais fale à
alma sejam as músicas natalinas, pervadidas de inocência e transbordantes de
afeto para com o Deus Menino nascido em Belém. E, entre todas, expressando por
excelência o significado do Natal, está o Stille Nacht. Conta a tradição haver
nascido esta famosa canção do coração de dois homens. Um deles foi o padre
Joseph Mohr, a quem podemos imaginar no pequeno povoado austríaco de Obendorf,
no ano de 1818, preparando seu sermão para a Missa do Galo. Eis que, enquanto
ele se encontrava imerso na leitura das Sagradas Escrituras, deitando toda sua
atenção sobre elas, tocou à sua porta uma camponesa pedindo-lhe ir abençoar o
bebê recém-nascido de um lenhador.
O sacerdote agasalhou-se e
acompanhou a boa mulher. Pelo caminho, permanecia absorto, pensando na homilia
que haveria de pregar, mas ao chegar à humilde cabana, o cenário com que se
deparou marcou-o profundamente. Banhado por débil luz e aquecido por fraca
lareira, um leito simples acolhia a jovem mãe com o recém-nascido doce e
serenamente adormecido em seus braços, aguardando ser abençoado.
Quanta paz! Quanta
inocência! Quanta presença do sobrenatural havia naquela singela cena!
No retorno, um poema fluiu
com extrema facilidade de sua pena descrevendo os sentimentos que embalaram sua
alma na pobre choupana. Estava escrito o Stille Nacht!
Na manhã seguinte, o padre
Mohr se dirigiu à casa de seu grande amigo, Franz Gruber, professor de música
do lugar, e mostrou-lhe as linhas que havia escrito. Gruber se encantou com a
poesia e, inspirado por sua natalina beleza, logo compôs uma melodia para ela.
A partir daí, aquela que
marcaria a História como a canção de Natal arquetípica foi sendo difundida aos
poucos pelo mundo. E não foram as belas vozes dos cantores nem o melodioso som
dos instrumentos que a consagraram, mas sua virtude para impregnar de candura
natalina os ambientes onde ela é entoada.
Saibamos aproveitar este
tempo de Natal, pervadido de bênçãos e inocência, para ver, nas fragilidades de
um Deus feito Menino, o Senhor e Criador do Universo. Que nossos sentimentos de
ternura e compaixão ao contemplar sua infantil pequenez estejam cumulados de
reverência e veneração, junto com o ardente desejo de que todos os homens Lhe
entreguem suas vidas, sua vontade e todo o seu ser.
Peçamos também a graça de
ser inocentes, a fim de podermos entender a fundo o verdadeiro significado do
que aconteceu na gruta de Belém. E deixemos que os acordes do Stille Nacht nos
transportem misticamente à noite do nascimento do Divino Rei, para podermos
rejubilar de alegria com toda a natureza, porque o Invisível se tornou visível,
por sua Divina Humanidade, em uma "noite feliz"!
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